Por que você compra o que você compra?
Hábitos de consumo baseados em sentimentos e emoções tem arruinado orçamentos e levado muitos brasileiros à inadimplência
O ato de comprar, que no passado se resumia ao suprimento das necessidades, tornou-se uma válvula de escape para as emoções. Há quem compre por estar triste, deprimido, insatisfeito e há quem o faça exatamente pelos sentimentos contrários: alegria, euforia, entusiasmo.
A questão é que, quando os seres humanos deixam a racionalidade de lado e agem com base no que sentem, raramente colhem bons frutos. “Seguir o coração” pode ser um conselho muito agradável em um primeiro momento, mas quase nunca o é no final.
Coração não pensa, apenas sente. Por isso, em um momento de estresse, as pessoas são capazes de falar e fazer coisas que jamais fariam ou diriam se estivessem tranquilas. Agir no calor da emoção pode trazer muitas dores de cabeça, inimizades, mágoas e rancores. Ainda que haja arrependimento sincero, nem sempre é possível voltar atrás e, nesse caso, a marca de um ato impensado e repentino pode causas grandes transtornos por muito tempo.
Quanto à vida financeira, os resultados estão aí: 72,6 milhões de inadimplentes, ou seja, pessoas com o CPF negativado por terem perdido a capacidade de pagamento de suas dívidas. Muitas delas se veem em uma situação de aperto, sem nem mesmo saber como colocarão comida na mesa e, em muitos casos, simplesmente porque tomaram decisões financeiras baseadas em emoções, sem medir as consequências.
São inúmeras “parcelinhas” de financiamentos para comprar coisas inúteis que só entulham suas casas, enquanto as contas bancárias sofrem com os juros sobre juros gerados pelo saldo negativo que aumenta a cada dia. A bola de neve passa por cima dos momentos de satisfação gerados pelas compras e atrasam a vida de quem tentou adiantar seus sonhos.
Por mais que o mundo esteja corrido e concorrido, não podemos ceder à tentação de viver sem raciocinar, pois aquilo que plantarmos hoje será exatamente o que iremos colher amanhã. Portanto, jogar qualquer semente achando que tudo vai ficar bem, além de irreal, chega a ser ingênuo.
Se nos questionarmos por que compramos o que compramos, veremos que a emoção está muito mais ligada às decisões de compra do que a própria razão. Por isso, é preciso racionalizar nossos hábitos de consumo, repensar nossas escolhas e saber valorizar mais o fruto do nosso trabalho.
Busque transformar sonhos em objetivos e não subestime o poder do planejamento aliado à perseverança, pois esse é o caminho para alcançar um propósito maior de vida, algo que vá muito além do consumo pelo consumo. Não comprar o que se quer por não ter dinheiro é difícil. Ficar inadimplente e perder o bom nome por comprar sem ter dinheiro também é difícil. Racionalize e escolha o seu difícil.
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