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Patricia Lages

Reforma tributária promete menos burocracia, mas impostos mais altos

Por um lado, unificação de vários tributos facilita recolhimento; por outro, Brasil deverá ter o segundo maior IVA do mundo

Patricia Lages|Do R7

Reforma tributária prevê devolução de parte dos impostos Edu Garcia/R7 - 04.09.2023/Edu Garcia/R7

Em dezembro do ano passado, parte da reforma tributária foi aprovada com a unificação de diversos impostos. Os federais serão reunidos na Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS), e os estaduais e municipais no Imposto Sobre Bens e Serviços (IBS). Segundo a estimativa do próprio governo, a soma das alíquotas da CBS (8,8%) e do IBS (17,7%) resultarão em um Imposto sobre Valor e Consumo (IVA) de 26,5%, ficando atrás apenas da Hungria, que possui a maior alíquota do mundo: 27%.

Mas as coisas não param por aí, pois a conquista da casa própria – sonho da maioria dos brasileiros – pode ficar ainda mais distante. De acordo com o SECOVI-SP, atualmente a tributação sobre um imóvel varia entre 6,4% e 8%. Porém, com a reforma tributária, poderá chegar a 22%.

Além disso, a reforma propõe uma mudança no momento do recolhimento do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI), que hoje varia entre 2% e 5%, dependendo do estado. Segundo o relator da proposta, deputado Mauro Benevides (PDT-CE), a medida visa “diminuir a sonegação do tributo”. Hoje, o ITBI é recolhido somente após a escritura, mas a reforma prevê que o pagamento seja feito antes, já na assinatura do contrato de compra e venda.

Vale ressaltar a forma “interessante” como o relator se refere à nova regra: “Eu já vou poder cobrar o ITBI na hora do contrato de compra e venda, porque ninguém mais está indo ao cartório de Registro de Imóveis.” Ou seja, não importa o motivo de “ninguém mais estar indo ao cartório” ou que as custas cartorárias são bastante altas. O que importa é garantir o pagamento da parte que cabe ao governo.


É fato que o Brasil merece o título de país com a tributação mais complexa do planeta e que a facilitação dessa burocracia toda se faz necessária. Porém, mexer com impostos neste país tem sido apenas pretexto para aumentar ainda mais a carga tributária que, por sua vez, pesa no bolso de todos os brasileiros. Afinal, todos os impostos que recaem sobre as empresas são repassados ao consumidor.

É preciso que os brasileiros deixem de lado suas paixões políticas e percebam que novos impostos estão sendo criados a toque de caixa e as alíquotas de tantos outros estão ficando ainda mais altas. Não é razoável que as pessoas continuem crendo que aumento de impostos só atinge os mais ricos e beneficia os mais pobres, pois o efeito real é o exato oposto. Impostos no Brasil podem ser uma pedra no sapato dos mais ricos, mas com certeza, são um tiro de alto calibre na cabeça dos mais pobres.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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