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Patricia Lages

Tiradentes e o significado da expressão “quinto dos infernos”

Joaquim José da Silva Xavier lutou contra os impostos da Coroa Portuguesa, mas hoje pagamos o dobro ao Estado brasileiro

Patricia Lages|Patricia LagesOpens in new window

Estátua de Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes

No Brasil do século 18, a Coroa Portuguesa cobrava 20% de imposto sobre toda a renda dos brasileiros, o que correspondia a um quinto de todo fruto do trabalho feito por aqui. Sem aguentar mais tanta exploração, a população apelidou o tributo de “quinto dos infernos”.

Em 1792, Tiradentes foi enforcado e esquartejado como criminoso por fazer parte da Inconfidência Mineira, movimento a favor da independência do país e contra a cobrança abusiva de impostos.

Como no Brasil – desde aquela época e até hoje – são necessárias décadas até que as pessoas percebam quem são os mocinhos e quem são bandidos, só em 1822 Tiradentes foi considerado um defensor do país e, talvez o primeiro “herói” brasileiro. E, apenas em 1965, ou seja, 173 anos depois de sua morte, ele foi considerado Patrono da Nação Brasileira com a instituição do dia 21 de abril em sua homenagem.

Diferentemente daquela época, hoje não pagamos mais um quinto de toda a nossa renda, mas sim, quase o dobro. Segundo o Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), nossa carga tributária é de 36,9%. Isso quer dizer que são necessários cerca de 153 dias de trabalho por ano apenas para pagar impostos.


Em outras palavras, 42% do tempo de trabalho do brasileiro vai para o Estado e sobre os 58% que restam ainda são pagos mais impostos sobre o consumo, seja de produtos ou de serviços. Um emaranhado de tributos, taxas e “contribuições” que incluem impostos anuais sobre patrimônio, sobre herança e até mesmo sobre doações.

O trabalhador brasileiro precisa cumprir, sob pena de ser considerado criminoso, a imposição de custear o Estado que, por sua vez, não tem a menor obrigação de oferecer em troca serviços públicos de qualidade.


Ao contrário, todos os erros que os governos cometem são pagos com dinheiro tirado dos nossos bolsos, pois além de os políticos não arcarem com suas irresponsabilidades, ainda têm o poder de aumentar os tributos para cobrir os rombos que eles mesmos causam nas contas públicas.

Quem diria que passados mais de 230 anos da morte do inconfidente mineiro estaríamos muito mais felizes se pudéssemos pagar “apenas” 20% de imposto à “Coroa Brasileira”. Quem diria que um dia clamaríamos pela volta do “quinto dos infernos”...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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