O Inquieto Pedro Ribeiro e seus vinhos portugueses multi-regionais
Pedro Ribeiro é um inquieto enólogo e proprietário da Herdade do Rocim no Alentejo, Portugal. Recentemente, em visita ao Brasil, Pedro apresentou alguns de seus vinhos.
Adega do Déco|Do R7 e André Rossi
A criatividade na enologia hoje é algo importantíssimo para se alcançar o sucesso, em um mundo cada vez mais inundado de vinícolas, marcas, estilos e tipos de vinho. Sem dúvida, o novo mundo é um celeiro de inovação e inquietude, com enólogos jovens e arrojados, experimentando uvas não tradicionais em suas regiões, técnicas diferentes de vinificação e até mesmo o retorno a métodos ancestrais na forma de se elaborar vinhos. Por serem países de culturas e processos mais tradicionais, Espanha, Portugal, França, Itália e Alemanha, principais países do Velho Mundo, não batem muito nesta tecla de inovação, mas muita coisa vem sendo feita por lá.
Em Portugal, um dos mais inquietos enólogos é Pedro Ribeiro, um cara que admiro muito. Pedro é um apaixonado pelo Brasil, sempre está por aqui e em contato com seus amigos e parceiros, divulgando seus novos projetos e novos vinhos. Proprietário e responsável pelos vinhos da Herdade do Rocim (Alentejo), principal projeto, Vale da Mata (Lisboa) e Bela Luz (Douro), Pedro não para quieto. Sempre inventando coisas novas e disruptivas, ele é, por exemplo, o idealizador do Amphora Wine Day, projeto que tenho muita curiosidade em conhecer, até para conhecer o Alentejo, região de grandes vinhos que me encantam.
Recentemente, Pedro esteve por aqui para apresentar alguns de seus vinhos, e como sempre, mostrou coisas muito bacanas.
Não escondo de ninguém que ando cada vez mais apaixonado pelos brancos produzidos no mundo todo. E aí vem o Pedro com o Vale da Mata 2020, um vinho feito com Arinto, Vital e Viozinho em Lisboa. Não conhecia a uva Vital, mas segundo Pedro, é uma uva quase extinta, que foi esquecida por não ser muito aromática, mas o seu caráter mineral realmente dá uma bossa legal ao vinho. Sua vinificação em Foudres (grandes tonéis de carvalho) de madeira de 5.000 litros mostra bem o estilo do Pedro em não deixar a madeira marcar o vinho. Preço sugerido dele é de R$ 179,00.
O Rocim Amphora Branco 2019 (R$ 328,00) é um velho conhecido meu, e sempre faço reverências a ele. Feito com Antão Vaz, Rabo de Ovelha, Perrun e Manteúdo (Adoro os nomes das uvas lusitanas!!), é um vinho vinificado em ânforas de barro junto com as cascas e tem o perfil que eu adoro: Muita complexidade, acidez linda, corpo médio e um final longo. Vinho extremamente equilibrado, bom pra beber sozinho ou com alguma comida mais leve.
Os tintos do Pedro foram os primeiros que eu tive acesso, há anos atrás e sempre gostei. O Rocim Indígena (R$ 224,00) é um vinho tinto fácil de beber e com perfil gostoso de fruta fresca. O Herdade do Rocim Reserva (R$ 249,00) é um verdadeiro clássico, feito com Touriga Nacional, Alicante Bouschet e Aragonês e que já apresenta uma complexidade maior, inclusive pela passagem em madeira, mas sem esconder a fruta. E por último, o Olho de Mocho Reserva 2020 (R$ 334,00), um vinhaço que ainda está novo, mas já mostra um potencial enorme. Feito com Alicante Bouschet e Trincadeira, ele é feito pelo processo de pisa a pé em lagares de pedra, como antigamente, com os engaços e passa 16 meses em barricas de carvalho, dando amplitude, complexidade e tornando-o um vinho longevo e maravilhoso.
Foi mais um belo passeio pelos vinhos do Pedro, e um reencontro como sempre, delicioso, regado a boas explicações, bom papo e claro, bons vinhos! E por aqui, sempre de olho para ver o que o Pedro vai inventar de novo nos próximos meses!
Os vinhos da Herdade do Rocim e Vale da Mata são importados pela World Wine
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