Pioneirismo, Tradição e Inovação: Sinônimos de De Martino.
A vinícola chilena De Martino alia perfeitamente a tradição em fazer vinhos orgânicos muito bem feitos, com a inovação de sempre estar pesquisando e fazendo algo diferente no mundo dos vinhos chilenos.
Adega do Déco|Do R7 e André Rossi
Pioneirismo, excelência e respeito ao terroir: Muitas vinícolas usam estas palavras para descrever a filosofia que permeia os seus trabalhos. Nada contra, mas sou da teoria que isto deve ser muito bem fundamentado. E isso a De Martino tem de sobra. Fundada em 1934 pelo italiano Pietro De Martino, a vinícola De Martino nasceu do desejo de produzir um vinho único, que representasse bem o terroir em que suas uvas estavam plantadas, na região da Isla de Maipo. Hoje, depois de mais de 80 anos, a vinícola é comandada pela terceira e quarta geração e continuam inovando levando a vinícola adiante. E com louvores! Umas das pioneiras na produção de vinhos orgânicos no Chile, em 1998, ela também foi a primeira vinícola chilena em exportar Carmenere, em 1996.
Mas não só de Carmenere vive a De Martino. Pelo contrário. Chardonnay, Sauvignon Blanc, Semillon, Muscat, Cabernet Sauvignon, Syrah, Malbec, Cinsault, entre outras, fazem da De Martino uma das referência no mundo chileno dos vinhos.
Num bate papo (com degustação, claro...hehehe) com Marco De Martino, provei alguns de seus melhores vinhos e, entre eles o exclusivíssimo Cuvée 2020.
O primeiro deles, que logo de cara me pegou de jeito, foi o La Blanca 2019, um Semillon 100% um vinho lindão, feito com fermentação tradicional, contato com lias finas na fermentação em barricas e depois 1 ano em foudres de 2.500 litros. Uma complexidade incrível, vinhaço! Preço sugerido ao consumidor: R$ 549,00.
Depois, um dos Carmeneres mais famososo deles, o De Martino Single Vineyard Alto de Piedras Carmenere 2017. Mas não é um 100% Carmenere, pois ele tem 85% desta uva e 15% de Cabernet Franc. A fermentação é em aço inox com tudo junto (sim, Carmenere e Cabernet Franc, pois estas uvas estão misturadas nos vinhedos). Depois, mais 10-12 meses de foudres velhos, comprados em 2011 para arredeondar o vinho e não para marcar a madeira. Um vinho com boa intensidade, sem o verdor, o pimentão exagerado da maioria dos Carmeneres chilenos. Um bom Carmenere para quem quer entender o novo estilo de Carmenere que o Chile anda produzindo. Preço sugerido ao consumidor: R$ 549,00.
Caminhando em direção aos Cabernets, fomos ao Single Vineyard La Cancha Cabernet Sauvignon 2018, esse sim 100% varietal de vinhedos de pouco mais de 20 anos. Vinificado da mesma forma que o Carmenere, ele tem mais intensidade que o Carmenere e pra mim, está um pouco à frente, apesar de serem vinhos do mesmo nível. Mesmo preço dos anteriores: R$ 549,00.
Por último, a estrela do almoço, o De Martino Cuvée 2020, que é o grande vinho deles, e que está sendo pensado e trabalhado há 10 anos. Vinificação tradicional, fermentação em aço e guarda em foudres de 2.500 litros, tal como os anteriores. Mas aqui entram outras 2 uvas, para dar mais complexidade ao vinho: 6% de Malbec e 6% de Petit Verdot. Um vinho que tem uma acidez linda, que faz salivar a boca, encorpado, intenso mas como era de se esperar, ainda novo e com o álcool sobrando um pouco, o que deve assentar com o tempo. Mas um vinho que vai evoluir demais na garrafa! O preço é de vinho ícone: R$ 1.899,00.
Por último, o que deveria ser um final feliz, virou um final mais do que feliz e pra mim, o melhor vinho de todos: De Martino D’Oro Semillon 2008. Um vinho de colheita tardia (Late Harvest), com nada menos que 11 anos em barrica francesa de 225 litros, 100% uvas com Botrytis, influenciada pelo unidade causada pelo Rio Maipo. Foram produzidas apenas 6 barricas. Um vinho com uma acidez maravilhosa, encorpado, untuoso, com muita fruta seca, mel e baunilha. Os 180 g/l de açúcar residual natural estão na medida certa para equilibrar com a acidez. Vinho incrível para ser bebido devagar, com atenção e de preferência, de joelhos. A garrafa de 375ml custa R$ 549,00.
Posso falar que já gostava muito do trabalho deles, mas essa degustação aumentou ainda mais minha boa percepção sobre o que eles vem fazendo. E olha que vem coisa nova por aí... Disse Marco, que eles tem um projeto em Pucón, na ladeira do vulcão Vila Rica, a 700m de altitude. Solos similiares ao Vulcão do Etna, na Sicilia (Italia), com solo de basalto e o lugar tem muita chuva e pouco sol, como champanhe e as uvas que estão sendo plantadas são Chardonnay, Riesling e Pinot Noir. Já quero!
Os vinhos da De Martino são importados pela Wine Brands.
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