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Adega do Déco
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Polêmica: Um vinho bem pontuado é realmente sempre bom?

Pontuações e rankings de vinhos são polêmicos e geram diversas reações. Entenda um pouco como funcionam e como tirar melhor proveito deles

Adega do Déco|André Rossi e André Rossi


Não é garantido que comprar um vinho de 92, 95 ou 99 pontos será sucesso
Não é garantido que comprar um vinho de 92, 95 ou 99 pontos será sucesso

Quem me acompanha nas redes sociais sabe como sou crítico ao endeusamento e à sobrevalorização dos críticos de vinhos e suas pontuações. Robert Parker (Wine Advocate), James Suckling, Jancis Robinson, Tim Atkin, Decanter, Wine Spectator, Descorchados, Revista Adega e principalmente o Vivino, que é um aplicativo que não tem um critério por trás, a não ser o gosto pessoal de quem o usa.

Como funcionam essas pontuações e rankings? Esses críticos e publicações recebem os vinhos dos produtores ou dos importadores e, com suas equipes, avaliam cada um e atribuem notas, que normalmente vão de uma escala de 80 a 100 pontos, mas há casos, como o da inglesa Jancis Robinson, que atribui notas de 10 a 20.

Muita gente diz que a maioria dessas publicações é comercial e acaba dando notas altas a produtores que as patrocinam ou com as quais tem maior proximidade, mas isso é algo que não podemos afirmar com certeza.

Já existiram fortes indícios, por exemplo, em 2011, de que Jay Miller, importante nome da equipe de Roberto Parker à época e responsável por degustar os vinhos espanhóis, teria recebido dinheiro de Pancho Campo, MW, para dar boas notas a vinhos espanhóis. Nada 100% comprovado, mas Jay Miller, na ocasião, se desligou da Wine Advocate, publicação de Parker.

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Acho extremamente importante que existam críticos e publicações que atribuam notas aos vinhos que são degustados, pois a grande maioria dos consumidores não tem conhecimento técnico para ir a fundo numa avaliação de vinho e muitos nem querem isso, querem apenas beber seu vinho sem grandes técnicas nemaprofundamentos.

No fundo, isso é o que importa. Mas essas notas e avaliações são importantes para balizar consumidores que não têm uma grande vivência de vinho e querem ter uma ideia se aquele vinho é confiável, tem boa procedência e não vai ser uma furada.

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Os consumidores agradecem, mas os produtores também agradecem, pois as altas notas a seus produtos acabam criando uma procura maior, e isso comercialmente é bom! Mas que fique claro que o aumento de preço por conta de boas notas não é bacana, e isso atrapalha o mercado e distancia o consumidor de suas marcas.

Mas, se é bom para o cliente e bom para o produtor, por que eu sou tão crítico aos rankings e às pontuações? Minha resposta pode parecer simples e básica, mas é genuína: por que não necessariamente as pessoas que provam esses vinhos têm o mesmo gosto que você, eu ou qualquer pessoa que se interesse por determinado vinho.

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Então, não é garantido que comprar um vinho de 92, 95 ou 99 pontos será sucesso. Pode ser que a pessoa que o provou e o avaliou tenha um gosto por vinhos mais intensos, ou mais alcoólicos, ou mais amadeirados, e quem compre tenha um gosto por vinhos mais leves, frescos e sem madeira. Logo, a chance de essa pessoa gostar deste vinho altamente pontuado é mínima.

Sim, a alta pontuação é um bom indício de que o vinho tem boa qualidade. Mas não necessariamente seja o teu gosto pessoal.

Outra crítica minha vai aos bebedores de pontos. Já cansei de ver gente que só compra vinhos pontuados e arrotam aos quatro cantos do mundo que aquele vinho que estão abrindo é um vinho de 90 e tantos pontos, que foi o melhor vinho do mundo etc. e tal.

Essas pessoas que usam as pontuações para se mostrar, para mim, são pessoas que estão mais preocupadas em aparecer do que beber um bom vinho. Aliás, muitas vezes, essas pessoas nem sabem beber direito, mas têm poder aquisitivo para bancar vinhos caros e bem pontuados.

Outro ponto: não existe o “Melhor Vinho do Mundo”. Aliás, se há algo que me irrita é quando aparecem esses prêmios falando de Melhor do Mundo! Será que todos os espumantes do mundo, os grandes champanhes, se inscreveram no concurso que avalia espumantes do mundo todo, para que o melhor avaliado (que sim, deve colher todos os louros por isso!!) fale que é o melhor espumante do mundo?

Fale que foi o vencedor daquele concurso, mas não fale que é o melhor do mundo, por favor! Isso é um desserviço ao mercado e aos consumidores.

Portanto, meu posicionamento em relação aos rankings e às pontuações é o seguinte: pontuações e guias são importantes? Sim, muito! Devem ser comemorados e divulgados por produtores, importadores e distribuidores? Sim, muito! Eles melhoram a reputação de produtos e produtores? Sim, muito! Mas não devem ser levados a ferro e fogo, pois, não necessariamente, um vinho bem pontuado cairá no seu gosto. E jamais, jamais deve ser fator decisivo numa compra.

Sair procurando vinhos pontuados apenas por serem pontuados é deixar para trás toda uma história e particularidades de um vinho, em detrimento de uma alta pontuação, que nada vai garantir que o consumidor goste do vinho.

Baseie-se no seu gosto, nas suas experiências, em que tipo de comida acompanhará esse vinho, quem beberá esse vinho com você. As pontuações e os rankings são um meio, e não o fim.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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