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Após racismo e gordofobia, Cacau Protásio pede "compaixão"

Atriz foi alvo de áudios agressivos depois de gravar cenas para o filme  "Juntos e Enrolados", no Quartel-Central do Corpo de Bombeiros, no Rio

Blog da DB|Do R7 e Deborah Bresser

No dia da gravação com os bombeiros, Cacau celebrou. Depois, foi alvo do ódio gratuito
No dia da gravação com os bombeiros, Cacau celebrou. Depois, foi alvo do ódio gratuito

Foram quatro vídeos com os olhos marejados, a voz embargada e o inconformismo natural de quem é vítima de agressões gratuitas. A atriz Cacau Protásio usou sua conta no Instagram para rebater os ataques racistas, gordofóbicos e homofóbicos (por causa de seus dançarinos) recebidos de membros do corpo de bombeiros do Rio de Janeiro. 

No domingo, 24, a atriz e humorista gravou as cenas do filme “Juntos e Enrolados” no Quartel-Central do Corpo de Bombeiros, no Rio de Janeiro. Integrantes da corporação se revoltaram com a situação e destilaram ódio em um grupo de WhatsApp. A cena compartilhada representa um "delírio de um personagem do filme", como explicou a atriz. A gravação em que Cacau usa farda e dança com quatro bailarinos foi registrada por um bombeiro e tirada de contexto. 

"Eu faço ficção, eu conto histórias", frisou Cacau em um dos vídeos nos quais rebate os ataques, que foram violentos.

Nos áudios, compartilhados pelo colunista Leo Dias, pelo menos dois homens conversam e não escondem o incômodo com a presença da equipe de filmagem na corporação. “Olha a vergonha no pátio do quartel central. Essa mulher do ‘Vai que Cola’, aquela gorda, colocou a farda e botou os dançarinos viados com roupa de bombeiro. Isso é um esculacho, rapaz. Qual é a desse comandante? Vai deixar uma putaria dessas no pátio do quartel?”


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A resposta manteve o tom de agressividade: “Vergonhoso. Mete aquela gorda, preta, filha da puta numa farda de bombeiro, uma bucha de canhão daquela, com um monte de bailarino viado, quebrando até o chão. Vão achar que é o que? Bombeiro? Aquilo é tudo viado. Lamentável.”


No dia em que esteve produzindo as imagens, Cacau compartilhou um registro da gravação e agradeceu a boa receptividade. Na quarta-feira (27), ao saber do vídeo e do teor de ódio das conversas, a atriz reagiu, visivelmente abalada. 

Como tantos de nós, que ainda fazemos questão de viver seguindo preceitos básicos de respeito, empatia e amor ao próximo, a atriz não se conforma com tanto ódio de raça, de gênero, de peso, de altura, de tudo o que fuja do que é considerado "normal". 


Vivemos tempos obscuros. A sensação é de que abriram a porta do inferno e os soldados do demônio estão à solta, agredindo pessoas por elas serem o que são, uma gente que perdeu a vergonha do próprio veneno. 

Sempre me intrigou o fato de o nazismo, na Alemanha de Hitler, ter cooptado o cidadão comum para suas fileiras. Não conseguia entender como o bombeiro, o padeiro, o maquinista, o jardineiro haviam se tornado soldados do terror. Infelizmente constato que no Brasil de 2019 estou vivendo para ver como isso se estabelece: com a morte da compaixão. Com a ausência de caráter, de brio, de valores básicos. 

O ódio e o desprezo aos seus semelhantes, a coisificação do próximo, tratado como lixo não-humano, resultou em duas grandes guerras. Tudo indica que não aprendemos nada com isso. A terceira guerra mundial já está entre nós.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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