Joana Félix erra ao misturar denúncia de mentira com racismo
Desmascarada por reportagem que descobriu que ela não tinha o título de PhD em Harvard, como dizia ter, professora apelou para questões raciais
Blog da DB|Do R7 e Deborah Bresser

Ao ser pega na mentira, desmascarada por uma reportagem que denunciou não existir o título de PhD em Harvard que ela dizia possuir, a doutora em química Joana D'Arc Félix de Sousa tentou se proteger usando o racismo como escudo.
Professora que vai virar filme tem diploma falso de Harvard
Em sua nota de esclarecimento, publicada nas suas redes sociais (que aparentemente foram deletadas), ela escreveu que "tudo que foi publicado já está sendo apurado por um advogado ligado ao movimento negro brasileiro, porque tenho certeza que ainda estão achando que os negros (as) ainda têm que viver na senzala, ou seja, estão achando que os negros (as) não podem estudar, não podem ser doutores, não podem desenvolver pesquisa de ponta. Tudo isso em pleno século 21", como se a denúncia feita pelo Estadão tivesse por base uma perseguição racial.
Professora acusada de ter diploma falso de Harvard se desculpa
A professora erra ao fazer essa avaliação. A reportagem trouxe à tona uma verdade incômoda, mas isso não tem nada a ver com racismo. Ela mentiu. Admitiu que nunca fez pesquisa em Harvard, uma das mais conceituadas universidades do mundo. Se desculpou e disse que a inclusão da informação em seu currículo Lattes e a divulgação do falso título em diferentes entrevistas e nas suas redes sociais não foi má-fé, mas uma falha.
"A gente se empolga e acaba falando demais. É uma falha, peço desculpas, é uma falha", afirmou na manhã desta quinta-feira (16) ao jornal Folha de S.Paulo.
Não se trata de ser negra ou não. Se trata de ser mentirosa.
É lamentável que Joana tenha inventado essa experiência e se deixado engolir pela própria mentira. Sua trajetória já é louvável, linda e inspiradora, mesmo sem PhD em Harvard. Joana, de fato, fez graduação, mestrado e doutorado na Unicamp entre 1983 e 1994, como consta do seu currículo Lattes.
Professora tira pós-doutorado falso de currículo acadêmico
Joana disse que chegou a receber um convite para ser aluna de pós-doutorado em Harvard em 1994, ao concluir o doutorado na Unicamp, mas não teria ido pois seu pai e sua irmã morreram e a mãe estava doente.
Em entrevista à FSP, ela conta que teria desenvolvido o projeto sob orientação à distância de um professor de Harvard, William Klemperer, já falecido.
"Eu considerei (como pós-doutorado) a orientação que recebi do professor Klemperer". O convite e a orientação, disse ela, foram feitos por telefone e não há nenhum registro.
A verdade é que ela não precisava disso. Não precisava inventar um título que não tem. O episódio da "falha" joga muito contra pesquisadores e cientistas do País inteiro, especialmente em um momento tão delicado para a educação superior. É muito triste que isso tenha sido feito justo por Joana. O mérito de seu esforço acadêmico não pode ser desmerecido, mas fica uma mancha que não deveria existir.
