Emagrecimento rápido: veja riscos das canetas injetáveis para a saúde feminina
Perda de peso acelerada e tendência nas redes esconde riscos que afetam desde o intestino até a ovulação, diz especialista
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Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

As canetas de emagrecimento viraram febre nas redes sociais. Basta abrir o Instagram ou o TikTok para encontrar relatos de emagrecimento rápido, fotos de antes e depois e celebridades mostrando resultados quase instantâneos.
Entre todas elas, o Mounjaro vem ganhando protagonismo. Mas, por trás do entusiasmo online, especialistas reforçam que o medicamento está longe de ser um “milagre” e exige cuidado redobrado, sobretudo entre as mulheres.
Originalmente indicado para tratamento de obesidade ou sobrepeso com doenças associadas, como diabetes tipo 2, pré-diabetes ou hipertensão, o Mounjaro não deve ser encarado como um atalho estético.
A ginecologista, obstetra e mestre em medicina Maria Clara Albejante explica que “a gordura visível é só a ponta do iceberg”, lembrando que a gordura visceral — aquela que inflama o fígado, aumenta a pressão e prejudica vasos sanguíneos — é a que realmente preocupa.
Por isso, o medicamento deve ser usado como parte de um tratamento metabólico, e não como solução rápida para caber em uma roupa ou atingir um número na balança.
Apesar do apelo das “canetas”, a doutora reforça que nenhuma medicação substitui a mudança de hábitos. Segundo ela, muitas pessoas tratam o remédio como muleta, empurrando para depois questões que precisam ser encaradas agora. “Se não mudarmos a cabeça e o estilo de vida, viramos escravos dessas medicações”, afirma.
Ela lembra que já houve modas parecidas — femproporex, sibutramina, Victoza, Ozempic — e que o Mounjaro não será o último. A base de qualquer emagrecimento saudável continua sendo alimentação adequada, movimento diário e construção de massa muscular. “Se quisermos envelhecer com independência, vamos precisar de músculos e nutrientes”, explica.
Como todo medicamento, o Mounjaro tem efeitos colaterais, e alguns aparecem com frequência entre mulheres: enjoo, azia, constipação, diarreia, gases, sensação de estufamento, queda de cabelo e até alterações de humor, especialmente quando a pessoa passa a comer muito pouco.
Embora esses sintomas geralmente melhorem com ajustes de dose, eles reforçam a importância do acompanhamento médico contínuo. Obesidade, lembra a médica, é uma doença crônica — e o tratamento também é.

Entre mulheres em idade fértil, o cuidado precisa ser ainda maior. O Mounjaro pode provocar irregularidades no ciclo menstrual, atrasos, escapes ou até a ausência temporária da menstruação.
Isso acontece porque a perda rápida de peso altera a produção de hormônios ligados à ovulação. “Tanto o excesso quanto a falta de gordura podem desregular o ciclo”, explica a ginecologista Maria Clara.
Além disso, o medicamento não é recomendado para quem está tentando engravidar: a orientação é suspender o uso um ou dois meses antes das tentativas, já que não há estudos suficientes sobre segurança na gestação.
Outro ponto pouco comentado nas redes sociais é que o Mounjaro pode reduzir a eficácia da pílula anticoncepcional, porque interfere na metabolização dos hormônios. Por isso, quem usa o remédio deve recorrer a métodos complementares, como preservativo, ou escolher alternativas não orais, como DIU, implante, anel ou adesivo.
Já para mulheres com SOP (Síndrome dos Ovários Policísticos), o medicamento pode ser um aliado: melhora a resistência à insulina, ajuda na perda de peso e, com isso, pode até regularizar o ciclo menstrual, aumentando as chances de ovulação — o que explica o fenômeno dos chamados “bebês Mounjaro”.
Ainda assim, não se trata de um remédio para engravidar, mas de um regulador metabólico que favorece o processo para quem já tinha dificuldade.
O uso sem acompanhamento, no entanto, pode ser perigoso. O Mounjaro age em vários sistemas ao mesmo tempo, e sintomas aparentemente simples, como vômitos persistentes, tontura, pouca ingestão de água ou perda rápida de massa muscular, podem evoluir para quadros mais graves, como desidratação, hipoglicemia, insuficiência renal e desequilíbrio metabólico. Embora mais raras, essas complicações reforçam que o medicamento deve ser utilizado com orientação e monitoramento.
Por fim, mudanças hormonais no longo prazo podem acontecer — não necessariamente pelo Mounjaro em si, mas pelo emagrecimento acelerado. Por isso, o acompanhamento constante com médico e nutricionista é indispensável, mesmo após atingir o peso desejado.
Em um cenário em que resultados rápidos viralizam e transformam medicamentos em tendências, especialistas insistem na mesma mensagem: o Mounjaro pode ser útil, mas não é milagre. E, para mulheres, especialmente, a informação é tão importante quanto a balança!
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