Obesidade infantil ultrapassa desnutrição: como cuidar da saúde de crianças e adolescentes em um mundo ultraprocessado
Entenda os fatores que levam ao ganho de peso e dicas de especialistas para cuidar do metabolismo e do crescimento dos jovens
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Pela primeira vez, a obesidade superou a desnutrição globalmente entre crianças e adolescentes em idade escolar. Segundo o UNICEF, 1 em cada 10 crianças — cerca de 188 milhões — vive com obesidade, aumentando o risco de doenças graves ao longo da vida. O crescimento da obesidade é impulsionado pelo consumo de alimentos ultraprocessados, muitas vezes baratos, altamente calóricos e amplamente divulgados por marketing digital, enquanto a prevalência de desnutrição caiu de quase 13% em 2000 para 9,2% em 2025.
No Brasil, a obesidade infantil triplicou desde 2000, passando de 5% para 15% em 2022, enquanto o sobrepeso dobrou, atingindo 36% dos jovens de 5 a 19 anos. Esse cenário reforça que, além do excesso de alimentos ultraprocessados, fatores hormonais e metabólicos podem favorecer o ganho de peso, exigindo atenção médica, acompanhamento nutricional e hábitos saudáveis desde cedo.
Por que a obesidade está crescendo entre os jovens?
O doutor Eduardo Grecco, gastrocirurgião, endoscopista e professor de medicina da Faculdade do ABC, detalhe que 4 pilares são fundamentais para explicar o aumento da obesidade entre os jovens: “O primeiro é a alimentação, muito consumo de ultraprocessados. Em seguida, vem o sedentarismo. Atualmente as crianças preferem jogos online do que outras atividades. Também precisamos destacar o bullying sofrido, principalmente, nas escolas, o que acaba afetando o psicológico e desencadeando o consumo exagerado de calorias. E, por fim, a qualidade do sono. As crianças e adolescentes estão dormindo cada vez mais tarde, seja por conta de uma rotina muito exaustiva ou por ficar horas navegando no celular.”
O gastrocirurgião explica que não se trata apenas de excesso de calorias: “Distúrbios hormonais, como hipotireoidismo, hipertireoidismo e síndrome do ovário policístico, podem alterar o metabolismo e favorecer o ganho de peso. Além disso, a rotina sedentária e a exposição precoce a ultraprocessados criam um ambiente perfeito para obesidade.”
A nutricionista do Hospital Moriah, Letícia Manduca, reforça que os desequilíbrios hormonais são comuns nessa fase e podem afetar o crescimento, o desenvolvimento e o bem-estar emocional:
“Meninas com síndrome do ovário policístico podem apresentar menstruação irregular, acne e resistência à insulina. O hipotireoidismo, por exemplo, provoca ganho de peso e atraso no crescimento, enquanto hipertireoidismo leva a emagrecimento e ansiedade.”
Sinais de alerta: quando procurar um médico
Pais e responsáveis devem ficar atentos a mudanças que fogem do padrão de crescimento e comportamento da criança:
- Ganho ou perda de peso rápido sem explicação;
- Desenvolvimento sexual precoce ou tardio;
- Alterações de humor frequentes;
- Fadiga constante ou problemas de crescimento.
“Detectar cedo um distúrbio hormonal ou metabólico faz toda a diferença”, diz o médico. “O acompanhamento multidisciplinar, incluindo pediatra, endocrinologista e nutricionista, ajuda a prevenir complicações futuras.”
Alimentação saudável: pequenas mudanças, grandes resultados
Segundo a nutricionista Letícia Manduca, a base para combater a obesidade infantil é simples: equilíbrio e consistência.“Evitar dietas restritivas é fundamental. O ideal é envolver a família e incentivar uma relação saudável com a comida”, orienta a nutri.
Especialistas lembram que a adolescência é um período crítico para a formação de hábitos de vida. O corpo passa por mudanças hormonais e metabólicas que influenciam peso, humor e crescimento. Uma alimentação equilibrada nessa fase não serve apenas para controlar o ganho de peso, mas também para garantir ossos fortes, bom desenvolvimento cognitivo e prevenção de doenças que podem se manifestar na vida adulta.
Dicas práticas para uma rotina mais saudável
- Ajuste calórico inteligente: priorize proteínas, fibras e carboidratos de baixo índice glicêmico;
- Reduza ultraprocessados: corte açúcar, gorduras saturadas e sódio sempre que possível;
- Atenção às condições hormonais:
- Ovário policístico: aumente o consumo de fibras e mantenha o peso sob controle.
- Hipotireoidismo: evite soja e couve crua.
- Hipertireoidismo: garanta vitamina D e cálcio suficientes.
- Diabetes tipo 1: faça contagem de carboidratos, controle glicemia e fracionamento das refeições.
“Alimentação é um pilar essencial, mas não podemos esquecer da atividade física regular. Nutrição, hormônios e movimento precisam caminhar juntos”, reforça o doutor Grecco. “O cuidado precisa ser multidisciplinar:

Receitas saudáveis que os adolescentes vão adorar
Trocar salgadinhos, biscoitos recheados e fast food por opções caseiras pode ser mais fácil do que parece — e até divertido! A nutricionista Letícia Manduca sugere receitas simples, rápidas e nutritivas que podem ser preparadas com os adolescentes. “Quando eles participam do preparo, a refeição se torna um momento de conexão e aumenta a chance de criarem hábitos saudáveis para a vida toda”, explica.
Confira quatro opções para transformar o lanche da tarde em algo gostoso e nutritivo:
Panqueca de milho
- 2 ovos, 2 colheres de sopa de milho-cozido, 1 fatia de muçarela, 1 tomate picado.
Sorvete de banana com morango
- 2 bananas congeladas, 5 morangos congelados, 200 ml de leite de amêndoas.
Salada colorida com grão-de-bico
- ½ xícara de grão-de-bico, ½ cenoura ralada, ½ pepino em cubos, ½ tomate picado, folhas de alface, azeite, sal e limão a gosto.
Bolinho de batata-doce assado
- 1 batata-doce média cozida e amassada, 1 colher de sopa de farinha de aveia, 1 colher de sopa de queijo ralado. Asse 20 minutos a 200 °C.
“Receitas simples ajudam adolescentes a se relacionarem melhor com a comida e substituem lanches ultraprocessados de forma divertida”, conclui a nutricionista.
O que fica para o futuro
A obesidade infantil é um problema global, mas também uma oportunidade de mudança. Pequenas atitudes em casa, na escola e no acompanhamento médico podem proteger crianças e adolescentes de doenças crônicas e promover um crescimento saudável.
“Buscar novas terapias, investir em hábitos saudáveis desde cedo, incentivar atividade física nas escolas, não é apenas cuidar do peso; é garantir saúde metabólica, emocional e hormonal para toda a vida”, finaliza o doutor Eduardo Grecco.
** Doutor Eduardo Grecco - Gastrocirurgião e Endoscopista e Professor de Medicina da Faculdade do ABC
@eduardo_grecco
** Leticia Manduca- nutricionista do Hospital Moriah
@leticiamanduca
Perguntas e Respostas
Qual é a situação da obesidade infantil globalmente?
Pela primeira vez, a obesidade ultrapassou a desnutrição entre crianças e adolescentes em idade escolar. Segundo o UNICEF, 1 em cada 10 crianças, cerca de 188 milhões, vive com obesidade, o que aumenta o risco de doenças graves ao longo da vida.
Quais são os fatores que contribuem para o aumento da obesidade infantil?
O crescimento da obesidade é impulsionado pelo consumo de alimentos ultraprocessados, que são baratos e altamente calóricos. Além disso, fatores hormonais e metabólicos também podem favorecer o ganho de peso, exigindo atenção médica e acompanhamento nutricional desde cedo.
Como a obesidade infantil evoluiu no Brasil?
No Brasil, a obesidade infantil triplicou desde 2000, passando de 5% para 15% em 2022. O sobrepeso também dobrou, atingindo 36% dos jovens de 5 a 19 anos.
Quais são os quatro pilares que explicam o aumento da obesidade entre jovens, segundo especialistas?
O doutor Eduardo Grecco destaca quatro pilares: 1) Alimentação, com alto consumo de ultraprocessados; 2) Sedentarismo, com crianças preferindo jogos online; 3) Bullying, que afeta o psicológico e pode levar ao consumo excessivo de calorias; 4) Qualidade do sono, com crianças dormindo cada vez mais tarde.
Quais distúrbios hormonais podem afetar o peso das crianças?
Distúrbios hormonais como hipotireoidismo, hipertireoidismo e síndrome do ovário policístico podem alterar o metabolismo e favorecer o ganho de peso. O acompanhamento médico é essencial para detectar e tratar esses distúrbios precocemente.
Qual é a recomendação para os pais em relação à saúde dos filhos?
Os pais devem ficar atentos a mudanças no padrão de crescimento e comportamento das crianças. O acompanhamento multidisciplinar, incluindo pediatra, endocrinologista e nutricionista, é fundamental para prevenir complicações futuras.
Como combater a obesidade infantil de forma eficaz?
A nutricionista Letícia Manduca sugere que a base para combater a obesidade infantil é o equilíbrio e a consistência, evitando dietas restritivas e promovendo uma relação saudável com a comida em família.
Por que a adolescência é um período crítico para a formação de hábitos saudáveis?
A adolescência é um período de mudanças hormonais e metabólicas que influenciam peso, humor e crescimento. Uma alimentação equilibrada é essencial não apenas para controlar o peso, mas também para garantir um bom desenvolvimento cognitivo e prevenir doenças futuras.
Quais são algumas sugestões de lanches saudáveis para adolescentes?
Algumas opções de lanches saudáveis incluem: panqueca de milho, sorvete de banana com morango, salada colorida com grão-de-bico e bolinho de batata-doce assado. Essas receitas simples podem ser preparadas junto com os adolescentes, promovendo uma relação melhor com a comida.
Qual é a mensagem final sobre a obesidade infantil?
A obesidade infantil é um problema global, mas também uma oportunidade de mudança. Pequenas atitudes em casa, na escola e no acompanhamento médico podem proteger crianças e adolescentes de doenças crônicas e promover um crescimento saudável.
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