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Como Ser Saudável

Queda de cabelo por canetas emagrecedoras: entenda causas e como tratar

Uso de medicamentos para emagrecimento rápido é associado à alopecia

Como Ser Saudável|Renata GarofanoOpens in new window

Cresce o número de relatos de alopecia relacionados ao uso de canetas emagrecedoras Reprodução/HairPalace

A popularização dos medicamentos Ozempic (semaglutida) e Mounjaro (tirzepatida) como aliados no emagrecimento rápido reacendeu debates sobre os efeitos colaterais desse tipo de tratamento e um deles chama a atenção dos especialistas: a queda de cabelo.

Segundo o dermatologista doutor Gustavo Novaes, embora a alopecia não esteja descrita como um efeito colateral clássico nas bulas, cresce o número de relatos clínicos relacionados ao uso dessas medicações.

Uma análise publicada no medRxiv, em fevereiro de 2025, avaliou dados do sistema de farmacovigilância da agência reguladora americana FDA (Food and Drug Administration) e encontrou centenas de relatos de queda de cabelo relacionados a esses medicamentos, com destaque para pacientes que perderam mais de 10% do peso corporal nos primeiros meses de uso.

RESUMO DA NOTÍCIA

  • Uso de medicamentos para emagrecimento como Ozempic® e Mounjaro® está associado à queda de cabelo.
  • A alopecia pode ser resultado do eflúvio telógeno agudo, causado por estresse físico e perda rápida de peso.
  • A queda de cabelo é geralmente temporária e reversível com alimentação adequada e suporte profissional.
  • É fundamental manter uma dieta equilibrada e realizar monitoramento nutricional durante o uso desses medicamentos.

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O tipo de queda mais comum nesse contexto é o eflúvio telógeno agudo, um distúrbio que leva os fios a entrarem precocemente na fase de queda. “Nosso cabelo está constantemente se renovando.


A maioria dos fios está na fase de crescimento, mas uma parte está sempre na fase de repouso e queda. Quando o corpo passa por um estresse físico ou metabólico intenso, como uma perda de peso rápida, esse equilíbrio é afetado”, explica o dermato.

Esse estresse faz com que o organismo economize energia para funções mais essenciais, e os folículos capilares acabam sendo ‘desligados’, entrando em repouso. Como resultado, a queda se torna evidente semanas ou meses depois.


“A perda dos fios costuma começar entre dois e três meses após o início do uso do medicamento ou após uma redução significativa de peso corporal”, acrescenta o especialista.

Uma análise publicada no medRxiv, em fevereiro de 2025, avaliou dados do sistema de farmacovigilância da FDA (FAERS) e encontrou centenas de relatos de queda de cabelo relacionados a esses medicamentos, também com destaque para pacientes que perderam mais de 10% do peso corporal nos primeiros meses de uso.


Em outro estudo retrospectivo citado pelo doutor Novaes, a prevalência de eflúvio telógeno entre usuários de Mounjaro® chegou a 6%, especialmente entre aqueles que passaram por perdas de peso acentuadas em pouco tempo.

Além disso, um levantamento feito pela clínica canadense Donovan Medical, especializada em saúde capilar, também reforça a tendência: “A associação ainda carece de ensaios clínicos controlados, mas já há uma base significativa de casos clínicos que justificam atenção médica e acompanhamento”, pontua o blog especializado.

O dermatologista aponta os principais gatilhos para essa queda capilar:

  • Redução drástica de calorias;
  • Deficiências nutricionais: especialmente de ferro, zinco, proteínas e vitaminas do complexo B;
  • Estresse emocional: causado por dietas muito restritivas;
  • Alterações hormonais e metabólicas: ligadas ao emagrecimento rápido;
  • Diminuição do aporte de energia: para tecidos considerados não prioritários, como pele e cabelo.
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Apesar do susto, a boa notícia é que esse tipo de queda costuma ser temporária. “Geralmente, o eflúvio telógeno é reversível. Os fios voltam a crescer à medida que o organismo se reequilibra e os nutrientes são restabelecidos”, afirma o doutor Novaes.

O ciclo de recuperação capilar, no entanto, é lento: primeiro os fios saem da fase de queda, depois entram na fase de crescimento e só então voltam a se tornar visíveis. Nos casos mais leves, a melhora começa a partir do terceiro mês. Em situações mais intensas, ou quando há outros fatores associados, o processo pode levar mais tempo.

A endoscopista e especialista em emagrecimento doutora Yeda Kuboki reforça: “Dietas restritivas, sem o suporte adequado, podem causar carências nutricionais graves. É fundamental garantir o consumo de proteínas, ferro, zinco e vitaminas, mesmo durante a perda de peso. O emagrecimento deve vir com saúde, não à custa de danos colaterais como a queda capilar.”

Durante o uso dessas medicações, manter uma alimentação equilibrada é fundamental para preservar a saúde dos cabelos. O acompanhamento com nutricionista e endocrinologista deve ser contínuo, e a avaliação médica com exames laboratoriais é essencial para monitorar os níveis de nutrientes críticos.

Uma orientação comum é ingerir pelo menos 1g de proteína por quilo de peso corporal por dia, ajudando na manutenção da massa magra e no suporte ao ciclo de crescimento dos fios. A suplementação pode ser indicada em casos de deficiência comprovada, sempre com prescrição adequada.

As canetas afetam a absorção de nutrientes?

Não diretamente. Segundo Yeda, essas medicações não interferem na digestão ou absorção intestinal dos nutrientes, mas reduzem o apetite e retardam o esvaziamento gástrico, o que pode levar à ingestão insuficiente de alimentos. Comendo menos, o paciente corre o risco de não atingir a quantidade mínima necessária de proteínas, vitaminas e minerais — o que pode afetar o cabelo.

Suplementação pode ajudar?

Sim. A suplementação alimentar ou reposição de nutrientes, quando feita com base em exames e orientação profissional, pode prevenir ou até reverter a queda de cabelo associada à perda de peso. “Repor o que está em falta pode restaurar o ciclo normal de crescimento capilar, especialmente nos casos em que a alopecia está ligada à nutrição”, reforça o doutor Novaes.

Como prevenir e tratar a queda de cabelo durante o uso dessas medicações?

Os especialistas recomendam:

  • Acompanhamento com endocrinologista, nutricionista e dermatologista;
  • Correção de deficiências nutricionais, como ferro, zinco, proteínas e vitaminas;
  • Evitar automedicação ou suplementação sem orientação;
  • Conversar com o médico sobre a possibilidade de desacelerar a perda de peso, quando necessário;
  • Observar sinais do corpo, especialmente mudanças estéticas bruscas.

A queda de cabelo associada ao uso de canetas emagrecedoras é, geralmente, reversível e pode ser evitada com planejamento nutricional, exames regulares e orientação profissional. É um sinal de que o corpo está em desequilíbrio e precisa de atenção. Por isso, emagrecer com saúde significa mais do que números na balança — envolve cuidar do corpo todo, inclusive da saúde dos fios.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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