Treinar com febre pode matar?
Entenda os riscos reais e quais os sinais que levam à interrupção imediata da atividade física

Você acorda suando frio, sentindo o corpo pesado, cabeça dolorida, ritmo lento. A rotina inclui treinos diários, de moderado para pesado. Vale insistir?
Para muitos adeptos de uma vida baseada em exercícios diários, faltar um dia de treino é quase um “crime”. Mas quando a febre aparece, talvez o maior sinal de disciplina seja parar.
Febre é um alerta do corpo: algo está errado. Ela surge quando o sistema imunológico entra em ação, combatendo vírus ou bactérias. É a primeira linha de defesa contra infecções e um claro pedido de pausa.
“Quando estamos com febre, nosso organismo já está sob estresse combatendo uma infecção. A temperatura corporal elevada naturalmente acelera o metabolismo, aumenta a frequência cardíaca e pode alterar a pressão arterial. Exercitar-se nessas condições representa uma sobrecarga adicional ao sistema cardiovascular, podendo levar a complicações como arritmias, queda de pressão, desmaios e, em casos mais raros, complicações cardíacas mais sérias”, alerta o cardiologista Rizzieri Gomes. “O corpo precisa de energia para combater a infecção, e o exercício desvia esses recursos, prejudicando a recuperação”, completa o doutor.
Um dos maiores perigos é a miocardite viral (inflamação do músculo cardíaco, causada por infecções aparentemente simples). “O exercício durante uma miocardite, mesmo não diagnosticada, pode agravar a inflamação e aumentar o risco de complicações como arritmias potencialmente graves. Por isso, mesmo infecções aparentemente simples merecem atenção e respeito ao período de recuperação”, explica o doutor Rizzieri.
Não à toa, a miocardite é apontada como uma das causas mais frequentes de colapso cardíaco em pessoas fisicamente ativas. E o gatilho pode ser justamente aquele treino feito “no sacrifício”, com febre e dores no corpo.
Existe uma “regra de ouro”? Segundo o cardiologista, qualquer um dos sinais abaixo deve levar à interrupção imediata da atividade física:
- Febre (acima de 37,8 °C)
- Fadiga excessiva ou fora do habitual
- Dor no peito ou falta de ar
- Palpitações (batimentos irregulares ou acelerados)
- Tontura ou desmaio

Ficar sem treinar pode soar perturbador para quem é disciplinado; mas calma! Você não perde condicionamento em dois ou três dias parado, mas pode ganhar uma complicação séria por insistência. “De forma geral, recomenda-se aguardar pelo menos 48-72 horas após o desaparecimento completo da febre e outros sintomas principais antes de retomar gradualmente as atividades físicas leves. Para exercícios mais intensos, é prudente esperar cerca de 7 dias, iniciando de forma progressiva. Casos de infecções mais severas ou prolongadas podem exigir períodos maiores de recuperação e, idealmente, uma avaliação médica antes do retorno”, pontua o médico.
Fique atento:
- Hidrate-se bem durante quadros febris;
- Priorize o repouso total nos primeiros dias de infecção;
- Procure um médico se a febre durar mais de 72 horas ou vier acompanhada de dor no peito, falta de ar ou palpitações.
E lembre-se: treinar doente é definitivamente pior do que não treinar.
✅Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp