Você sente fome emocional? Estresse pode afetar nossa rotina alimentar
Comer demasiado e fora do horário das refeições pode estar ligado ao nervosismo e afetar o apetite e o comportamento

Você é daquelas pessoas que corre para despensa ou geladeira quando se sente deprimido ou estressado? Não se sinta sozinho nessa. É comum recorrer à comida em busca de conforto.
Quando você come em resposta às emoções, isso é chamado de fome emocional. “Ela surge como uma forma de conforto, recompensa ou distração diante de sentimentos como estresse, ansiedade, tristeza ou até mesmo tédio”, explica a nutricionista pós-graduada em neuronutrição e saúde mental, Victória Munhoz.
Já a fome física ocorre quando o corpo realmente precisa de nutrientes e energia, apresentando sinais fisiológicos, como estômago roncando, tontura ou fraqueza. Além disso, a fome física é gradual e pode ser controlada; bem diferente da emocional, que surge de forma repentina e urgente, com uma vontade imediata de comer algo específico. E, geralmente, após o ato de comer, é comum que a pessoa sinta-se culpada ou insatisfeita, o que reforça ainda mais a relação emocional negativa com a comida.

Segundo a nutricionista Victória, a fome emocional pode ser desencadeada por diversos fatores, mas os principais a serem destacados são:
- Estresse: a produção de cortisol gera um aumento do desejo por alimentos calóricos;
- Privação alimentar: restrições excessivas, como “dietas da moda”, geralmente levam a um descontrole emocional e episódios de compulsão;
- Tristeza: o ato de comer ativa o sistema de recompensa do cérebro, trazendo sensação temporária de conforto e prazer;
- Tédio ou solidão: a comida pode servir como distração ou companhia.
- Fatores culturais e hábitos: crescer em um ambiente onde a comida é usada como recompensa pode reforçar esse comportamento na vida adulta. Por exemplo: na infância, quando se machucava ou fazia birra, a família oferecia sempre um docinho para “acalmar”.
Mas como identificar se é fome emocional?
Reconhecer a fome emocional pode ser desafiador, já que ela muitas vezes se mistura com a fome física. No entanto, algumas perguntas podem ser feitas à si mesmo para ajudar a identificar se a fome é emocional ou não:
- O desejo por comida apareceu de repente?
- Eu estou com fome ou apenas buscando conforto?
- Quero um alimento específico ou qualquer coisa serve?
- Como eu me sinto antes e depois de comer?
- Estou me distraindo de algo ou tentando aliviar emoções
Além disso, a especialista em neuronutrição e saúde mental, Victória Munhoz, aponta algumas estratégias que podemos aplicar para evitar a fome emocional:
1 - Identificar gatilhos emocionais: reconhecer as emoções que levam ao consumo alimentar é o primeiro passo para gerenciar a fome emocional;
2 - Praticar atenção plena (mindful eating): comer devagar, prestando atenção nas cores, cheiros, texturas dos alimentos. Mastigar bem e perceber a saciedade antes de continuar comendo e, principalmente, evitar distrações (como celular ou TV) durante as refeições;
3 - Estabelecer uma rotina alimentar regular: comer em horários fixos auxilia no controle da fome emocional e dos impulsos alimentares;
4 - Praticar exercícios físicos regularmente: a atividade física ajuda a reduzir a ansiedade e o estresse, diminuindo a fome emocional;
5- Evitar dietas restritivas: estas dietas podem aumentar o risco de episódios de fome emocional;
6- Criar novos hábitos para se confortar: substituir o ato de comer como forma de alívio por outras atividades prazerosas como ouvir música, praticar um hobby, sair para caminhar.
A fome emocional é um desafio crescente que afeta muitas pessoas, podendo prejudicar tanto a saúde mental quanto a física, causando distúrbios alimentares e/ou ganho de peso. É muito importante reconhecer os sinais dessa fome e buscar maneiras saudáveis de lidar com as emoções. Buscar ajuda profissional é essencial para quebrar o ciclo do comer emocional.