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É de Comer

Frango de laboratório logo estará em restaurantes dos EUA

A previsão é que, em algumas semanas ou meses, consumidores possam experimentar a carne cultivada a partir de células em grandes tanques inoxidáveis. Autoridades americanas liberaram a venda neste mês.

É de comer|Camé Moraes do @ehdecomer para o R7

Frango cultivado em laboratório, da Upside Foods
Frango cultivado em laboratório, da Upside Foods

Foi dada a largada no mercado de consumo mais importante do mundo (ou do Ocidente, pelo menos). O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) deu luz verde a duas startups californianas para que possam vender carne de frango desenvolvida em laboratório a partir do cultivo de células. As empresas em questão são a Upside Foods e a Good Meat.

É claro que, nesse começo, o consumidor não vai entrar em um mercado e encontrar uma bandeja do franguinho lá esperando por ele. Mas alguns restaurantes já estão de olho no produto e vão oferecer a experiência para paladares curiosos.

Chefe de comunicação da Upside Foods, Brooke Whitney conversou com este blog a respeito da novidade. Ela contou que o lançamento do alimento vai acontecer em um restaurante da cidade de São Francisco: “A gente vai começar com o Creen’s Bar. Ainda não temos uma data exata para o lançamento, mas posso dizer que acontecerá nas próximas semanas ou meses”, conta. 

Prato com frango com células cultivadas em laboratório
Prato com frango com células cultivadas em laboratório

O Creens Bar é conhecido pela cozinha com influência oriental, o que me levou a perguntar que tipo de prato eles estariam pensando em preparar com o tal “frango que nunca foi frango”. Imagino eu que possa ser algo parecido com uma robata (um espetinho asiático que é feito na brasa), para que o cliente possa sentir o gosto do produto sem muitas interferências, como molhos ou outros ingredientes. Mas a Brooke disse que eles ainda não estão prontos para revelar esses detalhes.


Depois desse primeiro passo, a chefe de comunicação da Upside disse que a ideia é ampliar a venda: “Nosso plano é estabelecer parcerias com chefs e restaurantes adicionais nos Estados Unidos e, eventualmente, vender nossos produtos em mercearias e mercados em todo o mundo. Queremos que eles estejam disponíveis em todos os locais onde a carne é vendida, incluindo estabelecimentos varejistas e de serviços alimentares. Desejamos torná-los igualmente adequados para um restaurante com estrela Michelin ou um churrasco no quintal”.

Tanques onde são cultivadas as células de frango de laboratório
Tanques onde são cultivadas as células de frango de laboratório

A empresa pretende ainda produzir outros tipos de carne a partir do cultivo de células em laboratório — como carne boniva e suína.


O valor? Ainda segredo: “Desde a nossa fundação, reduzimos os custos em várias ordens de grandeza e continuamos avançando nesse aspecto.”, afirmou Brooke.

Espetinhos de frango de laboratório, da Good Meat
Espetinhos de frango de laboratório, da Good Meat

Como é feito?


O frango cultivado com células é produzido ao alimentar as células animais com uma mistura de nutrientes — açúcares, aminoácidos, sais e vitaminas e minerais — em grandes tanques de aço inoxidável para transformá-las em gordura e tecido muscular. A imagem que vem à cabeça é um pouco estranha, confesso. Como se fosse uma grande sopa de frango se multiplicando.

Mas, aí, pare e pense: como são criadas as galinhas em granjas que não se preocupam com o bem-estar animal? As aves ficam trancadas em gaiolas, sem poder se mexer, engordando, engordando, numa vida breve e triste até o abate.

Tanques gigantes onde células são alimentadas
Tanques gigantes onde células são alimentadas

Se é para se alimentar assim, eu escolheria a cultura de frango nos tonéis de aço. Por isso, sempre defendi aqui neste blog o consumo (na medida do possível) sustentável de animais criados livres e de preferência sem antibióticos nem aditivos.

Na mesma linha da Upside, a outra startup que recebeu autorização do governo — a Good Meat — para comercializar o produto também vai começar “pequena”. O frango será vendido no restaurante China Chilcano, do chef José Andrés (que é sócio da empresa), em Washington — capital dos EUA.

Segundo a diretora de comunicação da Good Meat, já há um time também desenvolvendo proteína bovina em laboratório. Carrie Kabat contou a este blog que a ideia no momento não é ter lucro com o produto: "Isso deve mudar quando a gente conseguir transformar a produção em larga escala. Por enquanto, estamos concentrados em deixar o processo mais eficiente e barato." A empresa já disponibilizou o frango em menus de restaurantes de Singapura pelo mesmo valor de um prato de frango convencional (eles fazem a mesma versão do prato com frango original e a proteína cultivada em laboratório). "O sanduíche de frango da Good Meat com fritas e salada custa SGD$ 18.50 (o equivalente a R$ 65)", por exemplo.

Muita gente está interessada nesse pontapé inicial. Imagino as filas nos restaurantes para provar a carne... Comensais ansiosos e prontos para analisar a textura e o sabor do “bicho que não é bicho”. Não vai ser barato. Aguardemos a tarifas. Os grandes investidores sabem que o mercado é promissor — primeiro com os clientes de luxo e depois, quem sabe, vem a larga escala.

Entre as pessoas que colocaram dinheiro na Upside, por exemplo, estão alguns milionários, como Bill Gates, e grandes empresas do ramo alimentício, como a Cargill. Tá todo mundo de olho nesse mercado em ascensão. Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.

Me segue lá no meu Insta para mais infos, o @ehdecomer.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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