Sazerac: um clássico quase esquecido de volta aos menus
Drink à base de Rye é um clássico de New Orleans. Nas mãos de bartenders experientes, o complexo coquetel volta a brilhar nos menus de bares paulistas.
É de comer|Do R7
Tempos difíceis exigem drinks fortes e mixologistas experientes. Há alguns anos experimentamos a febre do negroni, com a ascensão do gim, nos balcões brasileiros. Todo mundo queria tomar Agora um clássico volta a dar as caras nos menus dos bares e restaurantes mais bacanas de São Paulo: o Sazerac. Conhece? Já ouviu falar? Eu explico aqui. A primeira vez que eu tomei conhecimento desse drink foi ao assistir um vídeo do Boteco do JB com o Keneddy Nascimento, barman bastante premiado. Ele explicou que era um dos coquetéis mais difíceis de se fazer. Na verdade, para entender o que é o Sazerac, precisamos dar um passo atrás e entender o que é o Rye.
O Rye
Rye significa centeio, em inglês. Como o próprio nome já diz, é um tipo de uísque feito à base desse cereal (normalmente o uísque é feito de milho ou outros grãos). Ele deve ter no mínimo 51% de centeio e precisa envelhecer em barris de carvalho novos. A bebida quase desapareceu do mapa nos anos 90, assim como o Sazerac e é muito, muito difícil encontrar uma garrafa aqui, no Brasil. Mas tem um lugar vendendo Sazerac à base de rye, como se faz em New Orleans e fica aqui, no Brasil. Trata-se de um balcão de bar que foi inaugurado em plena pandemia e já atrai críticas positivas entre os bons bebedores.
Santana Bar
O Gabriel Santana, mixologista premiado e campeão do World Class (campeonato internacional de bartenders) serve duas versões de Sazerac em seu bar, que fica em Pinheiros e tem um delicioso deck ao ar livre. A primeira é com uma mistura de bourbon e conhaque e a segunda é a original, com rye. Estive lá no sábado e os drinks me emocionaram. O Santana oferece uma carta de coquetéis autorais sensacionais como o Limessy, que leva milk punch (uma espécie de leite clarificado), gim, ameixa fresca e limão.
Mas eu não podia deixar de provar o Sazerac. Fui ao balcão e Gabriel, agitado como sempre, bateu um papo comigo. Perguntei se ele fazia Sazerac com rye. Ele me disse: “Deu sorte, essa garrafa aqui acabou de chegar. Eu tive que trazer da Ucrânia”. Tratava-se de um Bulleit com rótulo verde, um dos ryes mais bem cotados no mercado. Ele tem notas de vanilla, mel e especiarias e desce redondinho.“Esse aqui é pros entendidos”, comentou orgulhoso da garrafa conquistada. Pedi que me preparasse o drink como é feito no local de criação. Na composição vai também absinto e Peychaud (bitter). A belezura veio em um copo original de New Orleans (filho único no bar), onde Gabriel já trabalhou e aprendeu a fazer o drink. Mas só ao provar entendi o que ele quis dizer com “entendidos”.
O coquetel é complexo, com diferentes nuances e retrogostos. É bom e é bem forte. Tem um leve adocicado e o absinto acaba ajudando no tempero. Depois de saborear lentamente, pedi que ele fizesse a outra versão mais popular e barata, com bourbon. É bom também, mas nem se compara com o drink de rye. A diferença de preço entre os dois é de dez reais (R$39 e R$49) e digo, vale a pena pagar 10 reais a mais pra experimentar a bebida original. Só não façam como eu. Experimentem o de bourbon antes e o de rye depois - faça a evolução.
Há outros clássicos na carta que podem ser feitos com rye, como o Vieux Carré, também originário de New Orleans. Mas esse vai ficar pra uma segunda ida ao bar do Gabriel. Quer saber mais sobre os drinks do Santana Bar? Vai lá no @ehdecomer
Serviço:
Santana Bar - Rua Joaquim Antunes, 1026, Pinheiros, 99631-1026.
seg, qua, qui, sexta 16:00 as 20:00
sábado e domingo 14:00 as 20:00
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