Logo R7.com
Logo do PlayPlus

Chineses viralizam ao afirmar que marcas de luxo vendem bolsas fabricadas por eles

Em resposta às tarifas impostas por Donald Trump, empresários da indústria têxtil expõem suposta farsa na cadeia de produção e superfaturamento de produtos de grife

Estileira|Danillo CostaOpens in new window

Empresários chineses foram às redes sociais afirmar que as bolsas de grife são feitas em seu país Reprodução/Instagram

Conforme a Casa Branca anunciou na última terça-feira (15), as taxas sobre produtos chineses exportados para os EUA agora podem chegar a 245%. Descontentes com a situação e temorosos em relação ao impacto que a guerra tarifária de Donald Trump pode causar, empresários da indústria têxtil chinesa resolveram expor no TikTok uma suposta farsa na cadeia de produção das grifes de luxo e a diferença de preço entre os produtos com e sem etiqueta.

Alegando que fornecem bolsas para famosas casas de moda, os fabricantes afirmam que os itens que levam etiquetas “Made in Italy” ou “Made in France”, na verdade, são desenvolvidos na China, onde os preços dos acessórios ficam muito mais em conta. Segundo eles, modelos que custam cerca de R$ 8 mil para serem produzidos, chegam a ser vendidos por aproximadamente R$ 200 mil na Terra do Tio Sam.

“Este estoque é o que sobra da produção de bolsas para marcas de luxo europeias, mas, graças às tarifas de Trump, não posso mais exportar para os EUA”, afirma um dos comerciantes enquanto passeia por um armazém cheio de bolsas. “Durante décadas, o Ocidente chamou o ‘Made in China’ de barato, enquanto nós, silenciosamente, criávamos suas bolsas de US$ 20 mil ‘Made in Italy’”, complementa.

@rebecapfau

A China tá EXPONDO o mercado de luxo e ninguém tá preparado pra isso! Hermès, Louis Vuitton, Chanel, Nike e até Adidas… todas estão sendo desmascaradas por fábricas chinesas que mostram a verdadeira origem dos produtos de luxo! Bolsas, sapatos, acessórios e até móveis "italianos" sendo feitos na China e vendidos por uma fração do preço original. Será esse o fim do poder do pequeno luxo? Descubra o que tá rolando e entenda como a guerra tarifária virou uma bomba no mercado de luxo. Quer saber mais? Procura por "chinese manufacturers" aqui no TikTok. #mercadodeluxo #chinaluxury #hermes #chanel #louisvuitton #nike #adidas #luxoexposto #tiktoknews #fabricachinesa #guerrafiscal #dropshipping #luxuryexposed #fornecedoreschina #luxo #tiktokfashion #fashiontiktok

♬ Ballet song like "Waltz of flowers" _ 5 minutes(965273) - yulu-ism project

Os vídeos, é claro, chegaram como uma bomba na plataforma, onde as publicações atingiam milhões de visualizações antes de serem derrubadas. Muitos dos conteúdos eram acompanhados de links, oferecendo aos usuários a oportunidade de comprar as peças “sem etiqueta”. “Mais de 90% do preço de uma bolsa de luxo está no logo. Se você não liga para a marca, pode comprar o mesmo produto conosco por muito menos”, promovia um fornecedor que teve sua conta banida.


Ainda que muitos espectadores não tenham dado credibilidade às “denúncias”, centenas de consumidores começaram a questionar a autenticidade dos produtos e seu verdadeiro valor.

Enquanto isso, grifes centenárias correram para a internet no intuito de desmentir as informações, afirmando repetidamente que não fabricam produtos na China e que protegem rigorosamente suas cadeias de produção.


A Hermès é uma das etiquetas que defende veementemente que suas peças são produzidas 100% na França Divulgação/Hermès

No entanto, a verdade é que a União Europeia autoriza que uma mercadoria seja etiquetada com “Feito na França” ou “Feito na Itália” mesmo que só o acabamento seja realizado nestes países. Não é uma prática ilegal. Ainda que os empresários estejam blefando ou fazendo falsas afirmações, as dúvidas que tais publicações despertam são válidas.

Onde os itens de luxo são realmente feitos? A tão famigerada qualidade dos produtos é real ou não passa de um artifício de marketing? A transparência das grifes em relação ao seu processo de produção é suficiente? Quanto é o custo de produção? Qual a margem de lucro? Em um mundo com recursos cada vez mais escassos, ainda há espaço para esse tipo de exploração?


Enquanto tantas reflexões ganham espaço nas redes sociais, as etiquetas agora se perguntam como vão superar o baque da guerra tarifária e da “Trade War TikTok”, como ficou conhecida a onda de vídeos expondo as grandes marcas. O momento é delicado.

Na segunda-feira (14), o grupo LVMH, dono de marcas como Louis Vuitton, Dior, Fendi, Givenchy e Celine, divulgou que as vendas de roupas e artigos de couro caíram 5% no primeiro trimestre. Agora, com a credibilidade das etiquetas abalada, a recuperação será ainda mais difícil.

“Não subestime o que isso pode significar para o luxo”, escreveu o especialista em marketing Fabio Becheri em uma publicação no LinkedIn. “Esses vídeos podem parecer apenas ruído, mas a narrativa que eles estão promovendo pode, discretamente, remodelar a forma como as pessoas percebem valor, origem e autenticidade”, defende.

O grupo LVMH, de Bernard Arnault, sofreu queda nas vendas no primeiro trimestre deste ano Creative Commons
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

Últimas


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.