Como uma camiseta branca transformou a série ‘The Bear’ em ícone da moda masculina
Peça usada pelo personagem principal da trama virou febre entre os telespectadores e desencadeou um verdadeiro frenesi em cima dos visuais do chef Carmy

A série The Bear, que varreu os prêmios Emmy e Globo de Ouro no início deste ano, mostra os esforços de um renomado chef para salvar o que sobrou do restaurante do irmão. Dentro deste contexto, diversos temas são debatidos: dramas familiares, ambientes tóxicos, a própria gastronomia… mas a moda, definitivamente, não é um alicerce da história. Então, por que a atração se tornou uma referência de estilo masculino, esgotando os estoques das marcas que aparecem no show?
Tudo começa logo no primeiro episódio, quando o chef Carmy, o protagonista, surge com uma camiseta branca na frenética sequência de abertura da série. De cara, a peça não tem nada de mais. Não tem estampa, texturas diferenciadas, detalhes marcantes… é apenas uma camiseta branca, que poderia facilmente passar despercebida, se não fosse seu caimento perfeito.
Com um tecido maleável e visivelmente confortável, a blusa parece abraçar o corpo de Jeremy Allen White enquanto seu personagem corre para garantir as refeições do dia sob um tratamento de luz vintage que o faz parecer uma espécie de James Dean de avental. Essa imagem sexy e viril atingiu em cheio o público masculino das novas gerações, que não teve contato com a febre das t-shirts brancas no pós-guerra.



Conforme The Bear avançava, mais e mais pessoas buscavam a marca da camiseta branca nos fóruns da internet e nas redes sociais, até que os detetives de plantão finalmente rastrearam a peça no “menu” da marca alemã Merz b. Schwanen. A blusa 215 loopwheeled, tricotada em um loop contínuo, custa cerca de 80 euros, algo em torno dos R$ 500 na atual cotação. O preço assustador, no entanto, não impediu o site da empresa de cair por conta da quantidade de pedidos que chegaram após a aparição do item na série.
Daí em diante, tudo o que o chef Carmy vestiu virou roupa-desejo. A jaqueta estilo patchwork usada por ele na primeira temporada, da label dinamarquesa NN07, esgota toda vez que volta ao e-commerce da marca. Não dura 30 minutos, segundo a empresa. A terceira temporada mal começou e a jaqueta verde-oliva que veste o chef em um flashback já está na boca do povo.



Segundo Cristina Spiridakis, figurinista de The Bear, seu intuito nunca foi fazer de Carmy um símbolo da moda. Ela explica que cada escolha reflete o perfeccionismo do personagem. “Fazê-lo estiloso nunca foi a intenção. Carmy é uma pessoa que aprecia qualidade e clássicos, itens que duram, que não são complexos ou modernos”, disse ela em entrevista à GQ Magazine.
No início da atração, esse traço de estilo descrito por Cristina fica claro quando o protagonista abre um forno cheio de calças jeans vintage e sacrifica um de seus exemplares raros, uma Levi’s Type III de 1955, em troca de alguns quilos de carne para o restaurante. Todavia, a figurista deixa claro que não pretende forçar Carmy como um ícone da moda. O que fizer sucesso, fará organicamente.
Carmy do Brás
Convenhamos: pagar R$ 500 em uma camiseta básica soa no mínimo supérfluo, até porque existem outras opções disponíveis no mercado que têm um bom caimento a um preço mais acessível. Basta buscar pelo elastano na composição das peças. Lojas de departamento, como C&A e Zara, e etiquetas como Hering e Reserva oferecem blusas que se ajustam ao corpo, assim como o exemplar da Merz b. Schwanen. Além disso, é possível buscar o espírito The Bear nas estampas, uma vez que as camisetas inspiradas na série estão super em alta no guarda-roupa masculino.

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