Desapego: como organizar a casa e a mente (sem pirar no processo)
Veja os benefícios da organização e dicas de como conseguir deixar tudo arrumadinho
Você já olhou ao redor da sua casa e pensou: “Por que tenho 17 xícaras se só bebo café em uma favorita?” Ou então abriu o armário e foi engolido por uma avalanche de roupas que não usa desde 2010? Bem, se a sua casa está parecendo um episódio de Acumuladores, é hora de desapegar, meu amigo. E não só das coisas físicas, mas também daquela bagunça mental que vai acumulando junto.
Eu sou filha de dois completos opostos: meu pai era uma pessoa extremamente organizada, armário com tudo separado, ternos, camisas, gravatas, sabonetes nas gavetas para deixar as roupas cheirosas. A gaveta de meias era um mundo à parte. Todas dobradas do mesmo tamanho. Coisa linda de se ver!
Já a mamãezinha.... que bagunceirinha! Abrir o armário de roupas dela era uma verdadeira aventura. Abre e corre porque lá vem avalanche de roupas!
Vou confessar que quando criança eu havia puxado minha mãe. Eu era beeeem bagunceira. Quando minha mãe vinha gritando mandando arrumar o quarto, eu jogava tudo debaixo da cama pra parecer tudo arrumado e estar liberada para ir brincar. (crianças, não façam isso em casa)
Mas ainda criança, essa bagunça começou a me atrapalhar, porque cada um dos cinco filhos que tomava conta de seu próprio uniforme e eu comecei a me atrasar muito e ter de acordar mais cedo porque eu nunca sabia onde tinha deixado as minhas coisas.
Minha mãe, mesmo não sendo um exemplo de organização, me orientou a deixar as roupas separadas à noite e essa pequena atitude foi me levando a deixar todas as outras coisas arrumadas. Aliás, sair de casa sem arrumar a cama, nem pensar! Eu arrumo todos os dias até hoje.
E um dos primeiros passos para começar a organização é tirar de cena aquilo que não nos é mais útil.
Desapegar não é só sobre tirar as tranqueiras da casa – é sobre arrumar espaço dentro da mente. Afinal, como dizem, “casa bagunçada, cabeça bagunçada”. Então, vamos dar um jeito nas duas coisas e ainda rir no processo!
A primeira etapa: o drama da decisão
Antes de mais nada, se prepare: o desapego é um verdadeiro drama mexicano. Cada objeto que você segura parece carregar uma trilha sonora emocionante. “Ah, mas essa blusa foi presente da minha tia-avó no meu aniversário de 12 anos...”. Amigo, se você não usou nos últimos cinco aniversários, ela já cumpriu seu papel emocional e está na hora de dizer adeus.
A dica aqui é: seja frio (ou tente ser). Pense em Marie Kondo, só que menos zen. Pegue o item, olhe para ele e se pergunte: “Isso realmente me faz feliz ou só está ocupando espaço?” Spoiler: na maioria das vezes, é só um “peso morto” que já deveria ter ido embora.
A magia de três caixas
O truque do desapego sem pirar é simples: três caixas mágicas. Pegue três caixas e nomeie assim:
- Fica: Para aquilo que você realmente usa (sem se enganar, hein!).
- Vai embora: Doação, venda, reciclagem – tudo o que pode seguir o ciclo da vida e fazer alguém feliz.
- Em dúvida: Essa caixa é perigosa, porque você vai querer colocar tudo nela. Não caia nessa! Defina um prazo para revisitar os itens que ficaram aqui. Se não sentir falta deles, direto para a caixa “Vai embora”.
Agora que as caixas estão prontas, pegue um café (ou vinho, dependendo do nível de desespero) e comece. Lembre-se: você está organizando não só a casa, mas a alma!
O que a bagunça mental tem a ver com isso?
Enquanto você vai limpando a casa, vai notar uma coisa interessante: a cada item que você desapega, parece que uma nuvem de pensamentos confusos também vai embora. Porque a verdade é que a bagunça física está diretamente conectada à nossa bagunça mental. Quando estamos rodeados de tralha, nossa mente tem mais dificuldade de se concentrar e relaxar.
É como se cada coisa acumulada fosse um post-it invisível dizendo “ei, não se esqueça de mim!” E, convenhamos, quem precisa de mais lembretes na vida? A cabeça já está cheia de prazos, listas e conversas mentais intermináveis sobre o que fazer no jantar.
Um dia, uma amiga, minha estava meio deprimida e resolvi ir à casa dela para dar uma animada e falei que ela precisava começar arrumando a casa e a ajudei com os armários. Dá uma olhadinha no antes e depois.
Desapegar é libertador
Depois de um dia ou dois de esforço (e alguns momentos de pânico), você vai notar como tudo flui melhor. Sua casa mais organizada faz a mente respirar mais leve. Você começa a perceber que a bagunça física e mental muitas vezes andam de mãos dadas. O armário está organizado, sua prateleira não parece mais um bazar, e, de repente, você tem espaço para pensar.
O bônus? A sensação de leveza que vem junto com o desapego é quase terapêutica. Você se sente como se tivesse passado a vida inteira carregando uma mala cheia de pedras, e finalmente a largou.
Conclusão: menos é mais!
Então, da próxima vez que abrir uma gaveta e sentir que está sendo sugado para outra dimensão, lembre-se: desapegar é autocuidado. Não só para a sua casa, mas para a sua mente. E se no meio do caminho você encontrar algo que te faz rir (ou chorar de nostalgia), dê a si mesmo um momento para curtir a lembrança – e depois siga em frente. Porque, no fim das contas, menos tralha significa mais espaço para o que realmente importa: sua paz de espírito... e talvez uma nova xícara favorita!
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