Dor no corpo que não vai embora? Pode ser mais sério do que parece
Segundo especialistas, dor que dura mais de três meses não é sinal de rotina — é sinal de alerta
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Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Quando minha mãe tinha uns 60 anos, ela se encontrou com uma amiga e, ao invés de dizer “Olá, como vai? ”, ela disse “Olá, onde dói?“. A amiga, mais ou menos na mesma idade, disse: ”Como você sabe?“. As duas caíram na risada e minha mãe disse que depois dos 50 algum lugar sempre está doendo e baseado nisso que é o nosso tema de hoje, as dores crônicas.
Sabe aquela dor que prometeu ir embora depois de alguns dias… mas resolveu montar acampamento no seu corpo? Pois é, talvez ela tenha se transformado em dor crônica — uma velha conhecida de cerca de 30% da população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, o número é ainda mais alto: o Ministério da Saúde estima que 37% das pessoas acima de 50 anos convivem com ela diariamente.
A dor crônica é aquela que dura mais de três meses, mesmo depois que o corpo já deveria ter se recuperado. Ela pode começar como uma dor simples — nas costas, no joelho, na cabeça — mas, quando o sistema nervoso “aprende” a sentir dor o tempo todo, a coisa muda de figura. É como se o botão de alerta do corpo tivesse travado na posição ligado.
O Dr. Lúcio Gusmão, ortopedista e especialista em dor crônica, explica: “Muita gente demora a procurar ajuda porque acredita que a dor vai passar sozinha. Mas esse atraso pode agravar o quadro e causar uma sensibilização do sistema nervoso. A dor continua mesmo sem uma lesão ativa — e isso impacta diretamente o bem-estar físico e emocional.”
Ou seja: quanto mais você ignora a dor, mais ela se sente à vontade para ficar.
As causas mais comuns
A dor crônica pode nascer de vários lugares — e nem sempre dá as caras no mesmo ponto em que começou. Entre as principais causas estão:
- Lombalgia, artrose, artrite reumatoide e fibromialgia (as famosas dores musculoesqueléticas);
- Lesões nervosas, como hérnia de disco e neuropatia diabética;
- Doenças inflamatórias e autoimunes;
- Enxaqueca e até dores que aparecem depois de cirurgias ou traumas.
Mas o ponto mais importante é entender que a dor crônica não é “frescura” nem “coisa da cabeça”. Ela é real e pode mexer com tudo — desde o sono até o humor, passando pela concentração, a produtividade e até a vida social.
O que ajuda de verdade
Segundo o ortopedista, Dr. Lúcio Gusmão, o tratamento da dor crônica não tem cura definitiva, mas isso não significa viver sofrendo. O segredo está na combinação de abordagens. Medicamentos são apenas uma parte da história — e, felizmente, a medicina moderna tem apostado em soluções mais completas: fisioterapia, acupuntura, laserterapia e terapias cognitivo-comportamentais.
“Cada paciente é único. O diagnóstico precisa considerar o histórico clínico, os exames e também o lado emocional. Tratar dor é cuidar da pessoa, não só do sintoma”, reforça o especialista.
E a acupuntura nisso tudo?
O Dr. André Tsai, ortopedista, acupunturista e vice-presidente do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA), explica que sim — a acupuntura pode ajudar (e muito) a aliviar dores crônicas.
“Em muitos casos, conseguimos reduzir a dor sem recorrer a medicamentos. Há evidências científicas de que a acupuntura melhora lombalgia, dor no pescoço, osteoartrite, enxaqueca e fibromialgia”, afirma.
O tratamento é feito com agulhas finas e descartáveis, aplicadas em pontos específicos do corpo por cerca de 20 a 30 minutos. Algumas pessoas sentem alívio logo nas primeiras sessões; outras precisam de quatro semanas ou mais para notar a diferença.
E o mais interessante: a acupuntura não trata apenas a dor, mas o sistema que a sustenta. Ela ajuda o corpo a regular o sono, a ansiedade e até o humor — o que, convenhamos, é uma bênção para quem convive com dor há muito tempo.
“Hoje não existe mais a ideia de que um tratamento exclui o outro. A acupuntura pode ser combinada com fisioterapia, medicamentos, quimioterapia, radioterapia e outras abordagens. O importante é personalizar o cuidado”, diz Dr. Tsai.
Dor crônica: não precisa ser sentença
A dor crônica não é apenas um sintoma — é uma condição que precisa de atenção, diagnóstico e estratégia. Ela pode até não desaparecer completamente, mas é possível retomar o controle, reduzir o sofrimento e recuperar qualidade de vida.
Em resumo: se a dor não vai embora, é o corpo pedindo para você parar de fingir que está tudo bem. E ele tem razão. Ignorar a dor é como tentar abafar um alarme de incêndio com travesseiro — não resolve e ainda piora.
Então, se ela está aí há mais de três meses, já passou da hora de ouvir o que o seu corpo tem a dizer.
Conhece alguém que está sempre reclamando de dor? Mande esse texto pra ele e ajude o coleguinha.
Beijos e até a próxima.
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