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Entenda como é feita a cava na região da Catalunha

Eu já havia ouvido falar da Cava, mas nada se compara a provar esse espumante no lugar onde nasceu

Mundo pra Viver – Por Gisele Rodrigues|Gisele RodriguesOpens in new window

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Vilarnau é uma das vinícolas mais modernas da Catalunha Gisele Rodrigues/ arquivo pessoal

A poucos quilômetros de Barcelona, no coração do Penedès, a região que em 2025 ostenta o título de Região Mundial da Gastronomia, descobrimos a magia da bebida que é símbolo da Catalunha: a Cava.

Chegar à vinícola Vilarnau, a poucos quilômetros de Barcelona, é como entrar em um universo onde o tempo se mede em meses de guarda e o silêncio das caves é interrompido apenas pelas promessas de milhões de garrafas que um dia se abrirão em celebração.

Eu já havia ouvido falar da Cava, mas nada se compara a provar esse espumante no lugar onde nasceu, a região do Penedès, berço catalão dessa bebida que, em 2025, faz jus ao título de Região Mundial da Gastronomia.

A Cava surgiu na Catalunha no século XIX, quando a viticultura local enfrentava grandes desafios. Inspirado pelo champagne, Josep Raventós produziu em 1872 a primeira garrafa com uvas típicas da região (Macabeo, Xarel·lo e Parellada). O sucesso foi imediato: tornou-se alternativa ao espumante francês e, com o tempo, emblema cultural e econômico da Catalunha, unindo tradição e identidade.


Mais que um vinho espumante, a Cava é um símbolo cultural e econômico da Catalunha. Está presente nas grandes festas, mas também no dia a dia, harmonizando com tapas, paellas ou simplesmente acompanhando uma conversa ao entardecer. Sua relevância vai além do paladar: cada garrafa carrega a história de uma região que soube transformar tradição em identidade.

A experiência na Vilarnau


A cava é a bebida mais típica entre os espanhóis Gisele Rodrigues/ arquivo pessoal

Nossa anfitriã, Núria, recebeu-nos na vinícola Vilarnau, com vistas espetaculares para a montanha de Montserrat, e nos guiou por uma viagem sensorial. Entre toneis e caves, aprendi que elaborar uma Cava exige paciência, precisão e respeito ao tempo. Vi as enormes cubas onde o vinho-base repousa antes de receber levedura e açúcar, etapa que dará início à segunda fermentação dentro da própria garrafa — o segredo das borbulhas.

No escuro da cave, diante de fileiras intermináveis de garrafas, entendi por que a Cava não é apenas uma bebida: ela é o resultado de um pacto silencioso entre o homem e a natureza.


Entender o processo feito antigamente é saber como a qualidade das cavas melhorou Gisele Rodrigues/ arquivo pessoal

A alma da Cava

A Cava é um espumante espanhol elaborado pelo método tradicional, também conhecido como champenoise, o mesmo usado na produção do champanhe francês. O processo começa como qualquer vinho: fermentando o suco da uva. Em seguida, entra a etapa de “cubagem”, a mistura de diferentes variedades. É dentro da própria garrafa que ocorre a segunda fermentação, responsável por criar suas borbulhas características.

O tempo é o grande segredo:

  • 9 meses → um Cava jovem
  • 18 meses → Cava Reserva
  • 30 meses ou mais → Gran Reserva

Durante a visita, provamos uma Cava Reserva elaborada com 85% Garnacha e 15% Pinot Noir. De perfil Brut, traz uma leve doçura equilibrada. No nariz e na boca, destacaram-se notas de frutas vermelhas frescas — cereja e morango — que revelam a elegância da bebida.

Entre toneis e caves

Caminhamos pelas salas de fermentação, onde os grandes tonéis guardam os vinhos-base por ao menos 25 dias. Nas caves, escuras e silenciosas, descansam milhões de garrafas. Ali, a levedura, após transformar o açúcar em álcool e em bolhas, permanece dentro da garrafa, liberando aromas e sabores que enriquecem o Cava conforme os meses passam.

Os toneis guardam os segredos dos vinhos que são transformados em cavas Gisele Rodrigues/ arquivo pessoal

Conhecemos ainda o antigo método artesanal do “pupitre”, em que cada garrafa era girada manualmente, até ser substituído pela tecnologia moderna.

Sustentabilidade: cuidar da terra para brindar ao futuro

Na Vilarnau, percebi que a tradição não caminha sozinha: ela anda de mãos dadas com a inovação. A vinícola é pioneira no cálculo da pegada de carbono, tanto na organização quanto no produto final. O objetivo é reduzir emissões de CO₂ e minimizar o impacto ambiental.

“Vivemos da terra, e por isso devemos mimá-la”, explicaram. Essa filosofia se traduz em ações concretas, como manejo sustentável das vinhas e processos de produção que respeitam os ciclos naturais. Afinal, quanto melhor se cuida do solo e do entorno, melhores frutos nascem — e melhor é a Cava que chega à taça.

Todo o processo é pensado na sustentabilidade, desde a fabricação do vinho até o envasamento Gisele Rodrigues/ arquivo pessoal

Brinde à espanhola

Combinação de cava e tapas é o que fez a Catalunha ser a região mundial da gastronomia em 2025

O passeio terminou à mesa, com tapas harmonizadas com Cava Reserva e Brut. Uma prova de que, na Catalunha, o espumante não é apenas para celebrações: é uma bebida cotidiana, que acompanha do aperitivo ao jantar.

Finalizamos a visita com uma harmonização de tapas e diferentes estilos de Cava. Foi então que compreendi a verdadeira essência dessa bebida: não está reservada apenas para momentos especiais, mas para celebrar o cotidiano, tornando-o mais leve, festivo e saboroso.

Saí da Vilarnau com a sensação de que, mais do que conhecer uma vinícola, havia participado de uma conversa íntima com a Catalunha — e suas borbulhas continuam comigo, como um convite permanente a brindar a vida.

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