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Pontuações de vinho: julgamento sério ou marketing bem servido?

Entenda por que os números no rótulo nem sempre contam toda a verdade sobre o que há na taça

Na Minha Taça |Cynthia MalacarneOpens in new window

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A nota do vinho move importadores, muda preços e cria desejo Freepik/@pressfoto

No mundo do vinho, onde uma taça pode valer uma história, um terroir ou apenas uma boa foto, as pontuações e medalhas tornaram-se o oráculo moderno. Um número, um selo dourado, uma menção num guia, e o destino de um rótulo pode mudar.

Mas até que ponto essas notas refletem mérito real, e não relações cuidadosamente cultivadas?

O poder dos pontos

Desde os tempos de Robert Parker, um “95” virou sinônimo de prestígio. A nota move importadores, muda preços e cria desejo. Mas vale lembrar: degustar é um ato subjetivo.

Humor, contexto, ordem de prova, preferências pessoais, tudo influencia. E mesmo críticos experientes podem divergir completamente diante da mesma garrafa.


Além disso, muitas vinícolas investem pesado para “receber bem” esses avaliadores: passagens, hotéis e jantares memoráveis. É hospitalidade ou marketing disfarçado? Talvez as duas coisas.

Entre taças e gentilezas

Mesmo sem má-fé, é impossível ignorar que relações humanas moldam percepções. A simpatia do produtor, o cenário encantador da vinícola, o jantar impecável, tudo isso pesa. O risco é que, sob tanto charme, o julgamento técnico se torne emocional.


Os concursos, claro, tentam reduzir esse viés com degustações às cegas e mesas independentes. Mas a proximidade entre críticos e produtores é um terreno delicado, e nem sempre transparente.

Quando a credibilidade importa: o caso Decanter e o DWWA

Entre os concursos internacionais, o Decanter World Wine Awards (DWWA) é reconhecido como um dos mais respeitados, pela escala, transparência e tradição. Criado pela revista Decanter, o DWWA reúne anualmente uma verdadeira elite do setor: Masters of Wine, Master Sommeliers, enólogos e jornalistas especializados de todo o mundo.


Em 2025, foram avaliados vinhos de 57 países por 248 jurados, entre eles 22 Master Sommeliers e 72 Masters of Wine. As degustações foram realizadas, em múltiplas rodadas de avaliação, com mesas regionais e co-presidências responsáveis por revisar e validar os resultados.

A hierarquia das medalhas é clara:

  • Gold para vinhos entre 95 e 96 pontos,
  • Platinum para os que alcançam 97 pontos,
  • e os cobiçados “Best in Show”, que representam apenas 0,3% das amostras, uma seleção quase cirúrgica.

Os resultados de 2025 trouxeram surpresas vindas de regiões menos tradicionais, mostrando que nem sempre os grandes nomes dominam o pódio. Vinhos da Eslovênia, Grécia e até do Brasil chamaram a atenção do júri, reforçando a força dos territórios emergentes.

Para muitos, o concurso britânico representa o último reduto de credibilidade num universo cada vez mais permeado por marketing e relações públicas. Ainda assim, ele não escapa de críticas, afinal, o ser humano continua no centro de toda avaliação.

Reflexão necessária

Mesmo os concursos mais sérios não estão imunes a distorções. Nem todos os produtores têm recursos para participar, e a fadiga sensorial em provas com milhares de vinhos é inevitável. Um “96 pontos” pode dizer muito, ou apenas que aquele vinho brilhou no contexto certo, diante do júri certo.

No fim das contas...

As pontuações ajudam, orientam e vendem, mas não substituem a experiência e o paladar único de cada consumidor. Cada vinho é mais do que um número: é uma história, feita de pessoas, tempo e lugar.

A pergunta que fica é simples, mas incômoda:
você escolhe o que bebe por prazer ou por pontuação?

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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