Por que o Taurasi é um dos grandes vinhos tintos da Itália
Vinho nasce de um território com identidade muito marcada e de uma uva que não aceita atalhos
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Quando se fala em Campania, na Itália, a imagem que costuma vir à cabeça é a da baía de Nápoles, da Costa Amalfitana, da pizza e do limoncello. Mas, ao se afastar do mar e subir em direção ao interior, o cenário muda completamente: ali está Irpinia, uma Campania mais discreta, fresca, rural e profundamente ligada ao vinho.
É dessa paisagem de colinas altas, vinhedos antigos e vilas muito vivas que nasce um dos grandes tintos da Itália: o Taurasi, elaborado a partir da uva Aglianico.
Irpinia é também a terra de brancos importantes, como Fiano di Avellino e Greco di Tufo, mas é o Aglianico que dita o ritmo quando o assunto é tinto estruturado e de longa guarda. Os vinhedos ficam frequentemente entre 400 e mais de 500 metros de altitude, em solos de origem vulcânica e argilosa.

No mapa, a denominação Taurasi DOCG reúne uma série de pequenos municípios em torno da vila de Taurasi. A própria Taurasi é um ótimo ponto de partida: ruas estreitas, pedra por toda parte, o castelo dominando a paisagem e, ao redor, encostas plantadas de Aglianico.
Poucos quilômetros adiante, Castelfranci se destaca por vinhedos em encostas íngremes e por vinhos de grande concentração. Castelvetere sul Calore oferece vistas amplas sobre os vales e é daquelas localidades onde o tempo parece correr mais devagar.
Montemarano, por sua vez, é conhecida não só pelos vinhos, mas também por uma tradição musical fortíssima: durante o carnaval, o vilarejo se transforma em palco da célebre tarantella montemaranese, dançada em cortejos que atravessam as ruas, guiados pelo “caporaballo”, ao som de sanfonas, percussão e com muito vinho acompanhando a celebração.
Esse tecido cultural — vinho, comida, música, festas populares — ajuda a entender por que Taurasi é mais do que um “grande tinto”: é um vinho que nasce de um território com identidade muito marcada e de uma uva que não aceita atalhos.
Aglianico: uva exigente, recompensa enorme

A Aglianico é, provavelmente, uma das uvas tintas mais exigentes da Itália. Tem casca grossa, taninos intensos, acidez alta e ciclo de maturação muito longo.
Enquanto muitas regiões italianas já encerraram a vindima em setembro ou início de outubro, em Irpinia a colheita do Aglianico para Taurasi costuma começar no fim de outubro e pode se estender por boa parte de novembro, fazendo dessa uma das vindimas mais tardias do país.
Durante minha jornada na região de Irpinia, na zona da denominação de Taurasi, provei vinhos com mais de 20 anos de idade que ainda exibiam energia impressionante: fruta presente, acidez viva, taninos firmes, mas polidos.
O que a lei pede – e o que os produtores aprenderam

A denominação Taurasi DOCG exige que os vinhos sejam elaborados majoritariamente com Aglianico e passem por um longo período de envelhecimento: no mínimo três anos antes de serem lançados, dos quais pelo menos um em madeira. Para o Taurasi Riserva, o tempo sobe para quatro anos de envelhecimento total, incluindo ao menos dezoito meses em madeira.
Mais do que cumprir a legislação, porém, os melhores produtores desenvolveram práticas específicas para domar a intensidade da Aglianico: a separação cuidadosa das partes verdes do cacho, a maceração controlada, remontagens breves e uso preferencial de botti grandes, evitando que a madeira tome o protagonismo.
O perfil do Taurasi à taça

O Taurasi é um tinto de corpo cheio, que no geral mostra, na juventude, frutas escuras e vermelhas — cereja, ameixa, amarena — acompanhadas de notas balsâmicas, alcaçuz e especiarias. Com o tempo em garrafa, surgem nuances de couro, tabaco, cacau e, eventualmente, ervas mediterrâneas como alecrim e orégano fresco.
Do ponto de vista gastronômico, o Taurasi conversa muito bem com a cozinha brasileira: carnes assadas lentamente, cordeiro, pratos com cogumelos, polentas ricas, rabada, costela no bafo e queijos curados.
Taurasi no Brasil – e um convite à viagem
No Brasil já é possível encontrar bons rótulos de Taurasi em importadoras especializadas. Para quem vier à Itália, incluir Irpinia no roteiro é essencial: visitar Taurasi, Castelfranci, Castelvetere sul Calore e Montemarano, provar os vinhos nas vinícolas e presenciar a tarantella do carnaval é entender o elo íntimo entre vinho, cultura e identidade local.

Entre os rótulos que provei recentemente na região e que merecem a atenção do consumidor brasileiro, destaco: Donna Chiara Montefalcione Taurasi 2021; Quintodecimo Mirabella Eclano Taurasi 2020; Tenuta Cavalier Pepe Luogosano Taurasi 2018; Vigna Cinque Querce Salvatore Molettieri Taurasi 2018; Michele Perillo Castelfranci Taurasi 2013; Russo Marcella Spalatrone Taurasi 2011; Marchesi di Scuderi Mirabella Eclano Taurasi 2009; I Capitani Torre le Nocelle Taurasi 2011; e Michele Perillo Castelfranci Taurasi Riserva 2004.
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