Marajó é a mais brasileira das terras, e pode até virar sobrenome
Lar de 600 mil búfalos e de uma gente orgulhosa do chão onde nasceram, que enche o peito para falar de carimbó e tudo o que permeia a cultura marajoara

Marajó. Palavra simples. Três sílabas. Consoantes casando certinho com as vogais. Um lugar brasileiro, chão dos povos originários, terra ancestral. Mas que pode se transformar também em sobrenome. Novidade pra você? Até outro dia, pra mim também.
Conheçam Thiaguinho Marajó. Um paraense, melhor, marajoara, melhor sourense... E da melhor espécie. Adotou o nome da terra dele. Tem tatuado no braço direito os desenhos marajoaras.
Conheci Thiaguinho na cidade de Soure, no Marajó. Aliás, antes de seguir, melhor esclarecer: Marajó não é uma ilha, e sim várias! Daí o nome completo: Arquipélago do Marajó, no noroeste do Pará. E sim, terra dos búfalos. Mas falaremos disso já, já. Dito isso, seguimos.
Thiaguinho é uma personalidade de Soure, a pérola do Marajó. Ele anda pelas ruas chamando todo mundo pelo nome. Saudando homens, mulheres, senhores, senhoras, feito um político, mas daqueles gente boa, que de fato ama o povo.
Para ir de Belém para Soure é preciso pegar um barco que sai do Terminal Hidroviário, no bairro do Reduto.
Depois de navegar pela Baía do Guajará, que banha a capital, o barco chega em Soure cerca de 2h30 depois, parando nas águas da Baía do Marajó.
Cheguei e estava sol, como de praxe na Amazônia nessa época do ano.
Cerca de 25 mil pessoas moram em Soure. Um deles, Thiago. Quê? Não! Thiaguinho... Marajó! Com ele, conheci os encantos da cidade.

Vi a festa do carimbó numa noite repleta de encantos e mosquitos. Vi o artesanato marajoara. Percebam: não é apenas artesanato, como há em qualquer parte do mundo. É artesanato marajoara, essa especificação é primordial.

É que tudo no Marajó é diferente. Até o queijo. O queijo do Marajó vem do leite de búfala. Mas vai dizer para Thiaguinho que o queijo da terra dele, ou que a manteiga do Marajó, é como qualquer produto feito por aí com leite de búfala! Melhor não...
Além de Soure, conheci Salvaterra. Basta pegar uma balsa que, em 10 minutos, você vai de uma cidade a outra. Sim, as estradas no Marajó são as águas dos rios.
Foi em Salvaterra que conheci os búfalos. Mas não só. Vi cavalos (aprendi que existe a raça dos cavalos marajoaras), pássaros belíssimos, mangues...

Entre olhos arregalados e a boca aberta de espanto, eu repetia em voz alta: Ê, Marajó! Thiaguinho, infalível, repetia: Ê, Marajó. Não há como não ficar com essas três sílabas na cabeça, na ponta da língua e, ouso dizer, no coração.
Marajó é a mais brasileira das terras. Ok, pode haver alguma outra tão brasileira quanto? Pode. Nesse nosso continente brasileiro, há de ter. Mas um chão mais brasileiro como Marajó... Negativo! Não há!
Tudo em Soure e Salvaterra respira diferente de mim, ser alheio a esse ambiente. Entre si, entre as coisas do Marajó, o compasso reina. Tudo ali parece estar de dedos entrelaçados, de mãos dadas: como se fossem astros, encantos, seres diversos e iguais ao mesmo tempo. Um ritmo marajoara de existir.

Foi um espetáculo presenciar a vida acontecendo em Soure e Salvaterra. As pessoas andando nas ruas. Os pássaros, donos da própria liberdade, ganhando o ar e o céu. As plantas que tocam tudo, que esverdeiam o chão de barro, que dão os tons na floresta ao redor dos rios.
Palmas para Soure. Palmas para Salvaterra. Chão onde a vida caminha como deve ser: devagar. São lugares onde o tempo desfila de braços dados com a harmonia da vida.
Ê, Marajó!
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