Tilápia ao molho de moqueca baiana; aprenda a receita para uma visita muito especial
Entre idas e vindas de pessoas em nossas vindas, que tal fazer uma releitura de um prato baiano e cheio de sabores?
Por muito tempo me peguei sozinho. Separado do mundo em meus pensamentos mais delicados. É como se eu estivesse sentado em simples cadeira de madeira, na esquina de um café paulistano. No menu? Um café médio, em uma xícara branca, e no pires um biscoito que vamos deixar por ali, enfeitando o valor de um produto em uma cafeteria comum. E esse café veio do jeito que gosto, bem quente, saindo fumaça.
De repente, o clima muda, e já é hora de ir pra casa. Pelo afago das ruas, reparo em todos que passam. Na feiura e na beleza, encontro respostas para o mais variado tipo de gente, e tendo a certeza que não conhecerei a história de cada uma delas. Será que essa é uma certeza da vida? De que nunca poderemos ter tudo? Creio que sim.
Chego em casa pouco tempo depois. Depois de arrumar alguns itens que estão fora do lugar, coloco uma bossa nova no rádio. A música calma entra em contraste com a agitada metrópole paulista. Com um vinho na mão esquerda, pego com a outra mão o celular, que acabara de vibrar. Era a mensagem de uma prima, capixaba, mas que mora atualmente no Rio de Janeiro.
Hoje, com 27 anos, a moça franzina e espoleta com quem cresci, já é uma mulher. Formada em nutrição e bem diferente do que eu estava acostumado. No texto enviado por ela dizia: “olá, primo. Vou para um congresso na sua cidade, seria uma ótima oportunidade para viver nossas histórias”. Uma mensagem que fiquei surpreso. É claro, não estou acostumado com parentes me visitando.
Ainda sobre o gancho das vivências, notei rapidamente que até mesmo com a família mais próxima perdemos conexões. Com o passar dos minutos, vamos mudando. Pra melhor, ou pra pior. Você decide lentamente qual caminho seguir. No meu caso, não me arrependo das opções que segui. Sabia que pra alcançar um cargo importante numa rede de televisão precisaria abrir mão do convívio com primos, tios, avós, e até mesmo da comida de minha mãe.
Seria triste? Acredito que em partes. Por outro lado, o esforço para estar perto de quem acreditamos ser necessário é feito. Entre ligações e visitas, me desdobro para fazer questão de quem eu amo. Já o contrário, não me sinto arrependido em nem esquentar. Mas, a prima com idade praticamente semelhante era especial.
Dias depois, o interfone toca, era momento de receber, tantos anos depois, uma pessoa especial pra quem eu nunca havia cozinhado. Mas aí entram várias questões. Se vocês não convivem mais juntos, o que cozinhar para não frustrar anos de separação? Momentos antes já tinha raciocinado. Lembrei que ela morava em uma área de praia, de mangue, com muitos frutos-do-mar.
Só que poderia parecer algo comum para o paladar da visita. Foi aí que resolvi experimentar. No final, amei! A junção de pratos e explosão de sabores flutuaram sobre a língua. Nessa receita, espero que você tenha a mesma sensação. De uma experiência única, de uma releitura de um prato baiano que vale a pena. Nota: 10/10
Ingredientes:
4 filés de tilápia
Farinha de trigo
Azeite de dendê
Óleo de coco
4 tomates
Cheiro verde
1 pimentão verde
1 pimentão amarelo
Brócolis
Coloral
Modo de preparo do brócolis:
Corte o brócolis. Num refratário coloque azeite, temperos a gosto. Leve para assar.
Modo de preparo do peixe:
Descongelado, tempere com sal. Depois, passe na farinha de trigo, frite levemente na frigideira com pouco óleo. Só para selar.
Modo de preparo do molho:
Coloque o azeite de dendê. Depois, o tomate cortado em cubos. Acrescente o coloral, os pimentões, e deixe cozinhar até o tomate desmanchar. Por fim, acrescente o óleo de coco, o cheiro verde e prove para ver se tá bom de sal. Deixe cozinhar até o caldo engrossar.
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