Tendências de beleza no TikTok colocam a pele de adolescentes em risco, aponta estudo
Especialistas destacam que o uso de produtos dermatológicos deve ser orientado por profissionais
Viva a Vida|Do R7

O crescimento de conteúdos sobre cuidados com a pele no TikTok tem despertado preocupação entre especialistas. Um estudo da Northwestern University, nos Estados Unidos, publicado nesta segunda-feira (9) pela revista Pediatrics, alerta que meninas entre 7 e 18 anos estão sendo expostas a ingredientes potencialmente prejudiciais à saúde dermatológica por meio de rotinas de beleza promovidas na plataforma.
A pesquisa partiu da criação de uma conta no TikTok simulando o perfil de uma adolescente de 13 anos. Os cientistas analisaram cem vídeos populares voltados ao público jovem e coletaram informações sobre os influenciadores, os tipos de produtos utilizados e seus respectivos ingredientes ativos e inativos. Em média, os vídeos apresentavam o uso de seis produtos diferentes, mas em alguns casos o número ultrapassava uma dúzia.
Entre os componentes identificados estavam hidroxiácidos e outros agentes químicos que, em excesso ou combinados, podem causar irritação, sensibilidade à luz solar e dermatite alérgica de contato. Os pesquisadores explicam que o uso repetido de substâncias similares em diferentes produtos agrava o risco, mesmo quando os usuários não têm consciência disso.
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“Encontramos o mesmo ingrediente em três, quatro ou até cinco cosméticos diferentes aplicados numa única rotina. O excesso e a repetição sem orientação médica são fatores de preocupação”, afirma Molly Hales, dermatologista e uma das autoras do estudo.
Em um dos vídeos analisados, uma jovem aplicou dez produtos no rosto em apenas seis minutos. Ao longo da gravação, demonstrou incômodo e terminou a sequência com sinais visíveis de irritação na pele. Apesar disso, apenas 26% dos conteúdos avaliados incluíam o uso de protetor solar, um dos poucos itens dermatologicamente recomendados para todas as idades.
Além dos efeitos físicos, os pesquisadores apontam impactos simbólicos e sociais associados a essas tendências. Os vídeos analisados apresentavam linguagem que favorecia padrões de beleza baseados em pele clara e aparência luminosa, além de reforçarem comportamentos consumistas. “Há uma associação entre esses regimes de cuidado e a busca por um ideal estético ligado à branquitude e magreza, disfarçado sob o discurso de saúde”, afirma Hales.
Segundo Tara Lagu, médica responsável por supervisionar a pesquisa, o conteúdo consumido por jovens é difícil de ser monitorado por responsáveis ou profissionais da saúde. Isso amplia o risco de exposição contínua a práticas nocivas. “Os vídeos não oferecem benefícios reais à saúde, mas influenciam diretamente o comportamento de meninas que estão em fase de desenvolvimento físico e emocional”, alerta.
Os especialistas destacam que o uso de produtos dermatológicos deve ser orientado por profissionais. Sem esse cuidado, a exposição a ingredientes inadequados pode resultar em danos permanentes à pele e limitar, no futuro, o uso seguro de cosméticos e medicamentos tópicos.
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