Intercâmbio no cinema: o ator argentino Juan Manuel Tellategui (de verde) contracena com os atores brasileiros Rafael Infante (à esq., de pé), Eline Porto, Gil Hernandez e Davi de Oliveira, em cena da comédia romântica Divã a 2
DivulgaçãoEm tempos nos quais o cinema argentino ganha cada vez mais fãs no Brasil, a comédia romântica Divã a 2, que chega aos cinemas em 14 de maio, tem atores vindos do nosso país vizinho em seu elenco.
O ator argentino Juan Manuel Tellategui, em cena de Divã a 2: intercâmbio no fazer
Divulgação
O longa tem participações especiais de dois atores argentinos: Juan Manuel Tellategui, como Hector, amigo do personagem de Rafael Infante, e Mario José Paz, que interpreta o chefe da clínica onde trabalha a personagem de Vanessa Giácomo.
Vanessa e Rafael vivem no filme um casal em crise. A comédia romântica é uma co-produção entre a Total Filmes, do Brasil, e a Aleph Cine Producciones, de Buenos Aires.
O diretor Paulo Fontenelle conta que "a comunicação foi ótima no set" com os dois atores estrangeiros. Para o diretor, à medida que cresce a participação de novos imigrantes na sociedade brasileira, "é natural que as histórias dessas pessoas comecem a aparecer também no cinema". Ele acredita que roteiros que abarquem os estrangeiros que vivem no País começarão a tornar-se cada vez mais frequentes.
Juan Manuel Tellategui, mudou-se de Buenos Aires, onde já trabalhava com cinema, para São Paulo em 2011. Conta que ficou contente ao receber o convite para fazer Divã a 2.
O ator afirma ao R7 que, desde que passou a morar no Brasil, percebeu que “os brasileiros gostam muito do cinema argentino”. Em sua visão, as parcerias internacionais no cinema “possibilitam o intercâmbio, que se dá no próprio fazer”, além de “abrir alternativa de trabalho para muitos técnicos e artistas do cinema que escolheram viver num país estrangeiro como o Brasil”. Tellategui ainda afirma que as coproduções enriquecem o mercado cinematográfico:
— Coproduções aproximam culturas e dão visibilidade a esses estrangeiros que também são uma parcela significativa da sociedade brasileira. Esse tipo de parcerias só contribui ao crescimento, fortalecendo as produções locais cada vez mais competitivas em relação às grandes produções blockbuster estrangeiras que estamos acostumados. É uma maneira de levar ao cinema histórias mais próximas da nossa realidade, de nos olharmos mais e de valorizar o talento e o trabalho que vêm se desenvolvendo em relação ao cinema latino americano.
Mario José Paz, radicado em Búzios, participou de três coproduções no último ano: governo precisa diminuir burocracia
Divulgação
O ator Mario José Paz, natural de Rosário e morador de Búzios, no Rio, há mais de 30 anos, onde comanda o Festival de Cinema de Búzios, lembra ao R7 que coproduções dão trabalho a atores estrangeiros que vivem no Brasil.
— Além de Divã a 2, também fiz os filmes argentinos Coração de Leão e O Mistério da Felicidade, que tiveram coprodução com o Brasil. Era para isso acontecer mais, mas, infelizmente, a burocracia legal desestimula a coprodução. É preciso que o governo se empenhe em fazê-la funcionar melhor.
Além dos atores, a produção de Divã a 2 contou com argentinos também em sua equipe técnica, como conta a produtora Walkiria Barbosa ao R7.
— Tivemos na maquiagem e cabelo profissionais que trabalharam no filme argentino vencedor do Oscar O Segredo dos Seus Olhos. O responsável pela trilha sonora também é argentino, o Nico Cota, que finalizou todo o som do filme em Buenos Aires.
Foco na diversidade
Walkiria, que também dirige o Festival de Cinema do Rio, conta que tem relação antiga com o cinema de nosso vizinho. Para ela, a co-produção é uma forma “de expandir fronteiras” e “alcançar mercados internacionais”, além de possibilidade “intercâmbio entre profissionais de excelência no cinema latino-americano”.
Ainda em maio, estreia no Brasil o filme argentino O Mistério da Felicidade, de Daniel Burman, da Aleph Cine e que também contou com coprodução da Total Filmes no Brasil.
A produtora conta que a Total Filmes pretende expandir seu intercâmbio com outros países, incluindo aí o México, por meio da Itaca Films. Walkiria Barbosa afirma que, no que depender de suas produções, o público brasileiro se acostumará a ouvir sotaques distintos e outros idiomas nas telonas.
— Eu acho que essa diversidade deve existir no cinema, porque ela já existe na vida real. A gente está acostumado a interagir o tempo todo com gente do mundo inteiro que vem para o Brasil.
Rafael Infante está mais sério no filme Divã a 2