Quem diria que o rei do 'Namoro na TV' quase atrapalhou uma das histórias de amor mais duradouras da telinha?
Se dependesse de Silvio Santos, Wagner Montes e Sônia Lima não teriam se casado.
Sônia Lima tinha só 19 anos quando foi eleita 'Miss Osasco', em 1978. Era uma verdadeira beldade. Dois anos depois, a modelo descolou uma vaguinha na TV, como assistente de palco de Silvio Santos, uma 'telemoça', como chamavam essas meninas na época.
Em 1982, teve a 'sua chance de ouro'. A primeira aparição da morena de olhos azuis no 'Show de Calouros' de Silvio só aconteceu por culpa de Sérgio Mallandro. Isso mesmo. Serginho se atrasou para a gravação e o patrão irritado escalou a miss de plantão para substituir o jurado amalucado. Sônia foi tão bem que Silvio Santos a manteve no júri fixo da atração por quase 17 anos.
Ali, naquele júri, entre os arroubos de Pedro de Lara e o mau humor e Aracy de Almeida, Sônia Lima conheceu o então galã do momento, Wagner Montes.
O repórter policial bonitão foi contratado em 1980 por Silvio Santos para trabalhar na TVS, emissora que estava inaugurando (mais tarde mudaria o nome para SBT), onde permaneceu por dezessete anos.
No SBT participou de programas como "O Povo na TV", "Clube dos Artistas", mas ganhou fama mesmo foi no júri de Silvio.
Sônia e Wagner se aproximaram nos bastidores do programa. Viraram amigos, confidentes. Ele, o maior 'mulherengo' do pedaço, segundo ela, xavecava todas as mulheres que passavam pelo caminho. Incluindo Sônia, que sabia da fama de 'pegador' do colega de júri. Na época, ela era noiva e não queria saber do jurado com pinta de galã.
Acidente
Em 5 de novembro de 1981, Wagner sofreu um grave acidente de triciclo na zona sul do Rio e precisou amputar a perna direita.
Sônia conta que, na ocasião, teve de segurar uma fila de amigas que queriam visitá-lo no hospital, pois todas acreditavam estarem namorando ele. "Ele namorava todo mundo, pegava várias ao mesmo. Era a maior confusão!", revelou ela em entrevistas.
A então jurada do 'Show de Calouros' recebeu no início de 1987 uma irrecusável proposta para ser capa da 'Playboy'. Vendo o pai com problemas financeiros, Sônia topou posar nua. Antes teve de pedir permissão para o patrão, Silvio Santos.
Wagner contou que ficou enlouquecido ao ver a amiga sem roupa na revista.
"Quando saiu a revista, eu olhei e disse: 'Meeeeeu Deeeeeus!'. E eu trabalhava com a Sônia!! Aliás, eu já tinha tentado namorar a Sônia, ninguém sabe disso. Antes de casar, ela era noiva e eu dava em cima dela direto. E ela, nada. Era séria, não tinha papo. Era só minha amiga mesmo!", revelou ele em entrevista para um jornal carioca anos atrás.
Casamento relâmpago
Wagner seguiu sendo só amigo de Sônia, mas sempre por perto. O noivado dela acabou e veio o casamento da irmã. Sônia então convidou o 'melhor amigo' para ser padrinho ao lado dela.
Wagner não só aceitou como viu no convite a oportunidade de 'fisgar' a amada.
Na semana após o casamento da irmã de Sônia, eles começaram a sair, em agosto de 1987. Se casaram dois meses depois, em outubro de 1987. Tudo muito rápido. Foi paixão mesmo, eles garantem.
Ela já contou que Silvio Santos, o patrão em comum, foi contra o romance inicialmente. Dizia para Sônia que Wagner era mulherengo demais, que não seria um bom marido, que eles não combinavam, não dariam certo... Deu vários conselhos, mas não teve jeito. Os 'jurados' queriam ficar juntos.
SS acabou depois ficando feliz com o sucesso da união e fazia piada com o fato de ter 'desencalhado' Sônia em seu programa.
A ex-jurada conta que, como ela e Wagner eram confidentes, sabiam tudo um do outro. "Eu conhecia todas as histórias e truques do Wagner. Não havia segredos. Mas sempre confiei. O dia que desconfiasse de algo estaria tudo acabado", revelou ela ao 'Superpop' (RedeTV!), em 2017.
Wagner já tinha um filho fora do casamento, Wagner Montes Júnior, fruto de seu relacionamento com a Miss Brasil de 1983, Cátia Pedrosa.
Sônia e Wagner tiveram Diego em 1991. Chamaram Silvio Santos para ser padrinho do garoto, que hoje é ator.
E lá se foram mais de 30 anos juntos, até a manhã deste sábado (26), quando o deputado e apresentador morreu, aos 64 anos.
Nessas três décadas, Wagner, que era advogado e jornalista, seguiu na carreira artística. Virou apresentador na Record TV, entrou na política. Elegeu-se deputado no Rio. Sônia tornou-se atriz.
Intensos, debochados, engraçados, Wagner e Sônia sempre tiveram gostos bem diferentes. Nisso Silvio Santos estava certo. Eles não combinavam.
Ele amava barcos, ela odiava. Não conseguiam se entender na hora de escolher um filme ou uma peça de teatro para assistirem juntos.
Na TV, eram hilárias as cenas de ciúme que Montes provocava em sua mulher, a também jurada Sônia Lima, quando flertava com convidadas e moças da plateia.
Na vida real o ciumento da relação era Wagner, que não queria que Sônia trabalhasse.
O deputado gostava de dizer que só tinha tomado jeito na vida ao encontrar a mulher certa.
"Se eu fosse a Sônia já tinha dado um bico em mim há muito tempo!", brincava ele. "Tenho certeza que se não tivesse casado com ela eu estaria morto há anos ou em algum lugar largado por aí", garantia Wagner.
Quando perguntados qual era a fórmula para um casamento durar, Wagner e Sônia tinham a mesma resposta: "Continuamos rindo juntos, um do outro, das coisas boas e das ruins. A gente ainda se diverte como no tempo da musiquinha : E a Sônia Lima lá-lálálálálálá...".