Stalinismo durou de 1927 a 1953 na União Soviética
Sergei Chirikov/Reuters - 21.12.2006Reza a lenda que Iosif Vissarionovich Dzhugashvili, mais conhecido pelo pseudônimo Joseph Stalin, usou uma galinha para explicar a seus aprendizes o que é o socialismo, como implementá-lo e como fazer as pessoas amarem incondicionalmente o sistema.
A escolha do singelo pseudônimo mostra toda humildade do camarada de nome complicado, que se baseou na palavra russa “stal”, aço em português, para ser visto como “homem de aço”.
Segundo a parábola, Stalin mandou que seus aprendizes lhe trouxessem uma galinha saudável, vistosa e de bela plumagem. Eles saíram para encontrar a melhor galinha e a puseram diante de seu mestre.
No início, a galinha estava arisca, mas o camarada ganhou sua confiança ao se dirigir a ela com voz mansa, conseguindo pegá-la no colo. Ele começou a acariciar suas penas e ela finalmente baixou a guarda. De repente, a mão de aço começou a depená-la sem dó nem piedade. Ela cacarejava e tentava se livrar, mas era impossível fugir. Completamente depenada, a galinha foi jogada ao chão e, sofrendo horrivelmente, ficou amuada, sangrando em um canto da sala.
Então, Stalin lhe deu um punhado de milho em sua mão. Faminta e cheia de dores, a galinha comeu tudo rapidamente. O camarada fez um caminho de milho pelo chão e a galinha, mesmo sentindo muita dor, começou a comer o milho, seguindo Stalin por onde quer que ele fosse.
Virando-se para seus aprendizes, Stalin disse: “É assim que se governa. Vejam como a galinha me segue apesar de toda dor que lhe causei. Tirei dela o que tinha de melhor e, mesmo assim, ela vem atrás dos farelos que lhe dou”.
Os aprendizes responderam: “Sim, estamos vendo o quanto ela é fiel, mas não como ela consegue ignorar o próprio sofrimento?” O mestre respondeu: “Sofrer vicia, queridos aprendizes. O sofrimento muda a perspectiva e causa dependência. Agora, sou eu quem lhe dou os farelos de esperança que se tornaram tudo para ela. Portanto, essa galinha me seguirá fielmente pelo resto de sua vida”.
A parábola – que alguns afirmam ser mais do que isso – cumpre sua função com maestria, pois, de acordo com a psicanalista Simone Demolinari, uma pessoa submetida a maus-tratos por um longo período perde sua autonomia e entra num estado de repulsa e desejo. Racionalmente, repudia a situação, mas emocionalmente não consegue se livrar porque deseja as migalhas que recebe. Vai um farelo aí?
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.