Spotify cria masterclass no combate ao streaming artificial
Plataforma digital quer orientar criadores sobre serviços que prometem “alcance garantido”
Um dos assuntos que está cada vez mais em voga em noticiários especializados em tecnologia é o streaming artificial.
Esta prática ilegal que preocupa a indústria musical nos dias atuais desenvolve bots, fazendas de cliques ou serviços que prometem “alcance garantido”.
Como foco nesse desafio, a plataforma de streaming Spotify, atualmente a mais popular do mundo, anunciou a criação de um masterclass, disponível em vídeo, que explica como funcionam as práticas de streaming artificiais e como eles impactam negativamente na carreira dos artistas.
Os efeitos colaterais da utilização desse serviço são muitos: números inflados, fãs enganados, royalties perdidos e penalizações na plataforma.
Além de mostrar como esses mecanismos funcionam, o material traz depoimentos de especialistas da indústria e discute as consequências reais para artistas de todos os portes.
Muitas vezes, o streaming artificial acontece sem intenção maliciosa, por meio de estratégias mal orientadas ou serviços de marketing pouco transparentes.
De acordo com um comunicado do Spotify, a empresa “adota adota diversas medidas para combater essa prática: uso de tecnologia avançada, revisão manual e colaborações com iniciativas como a Music Fights Fraud Alliance. Transparência, educação e ação conjunta com a indústria são parte essencial desse trabalho”.
Esta iniciativa do Spotify já conta com o apoio de nomes chave da indústria digital como Andreea Gleeson (TuneCore), David Martin (Featured Artists Coalition) e Bryan Johnson (Spotify), com o intuito de fomentar uma discussão construtiva sobre como proteger a integridade da música digital.
“É muito, muito importante que a gente proteja o ecossistema, porque queremos que a maior parte possível do bolo de royalties vá para artistas com ouvintes legítimos, garantindo que sejam eles os beneficiados por todo o seu esforço”, explica Andreea Gleeson, CEO da Tunecore.
“O que vimos há alguns anos foi que, mesmo após identificarmos alguém envolvido com fraude, essa pessoa voltava à plataforma por meio de outro distribuidor. Por isso, vários de nós que estávamos enfrentando esse problema nos unimos e criamos uma aliança chamada Music Fights Fraud Alliance. É uma coalizão de empresas — plataformas de streaming, distribuidoras, gravadoras — que se uniram para reunir esforços e inteligência na luta contra a fraude. Desde a detecção, mitigação e aplicação de medidas, nosso objetivo é erradicar o streaming artificial. Levamos isso muito a sério, em todos os níveis e em todo o mundo. E os resultados já estão aparecendo", complementa.
Para Bryan Johnson, Head of Artist & Industry Partnerships, International do Spotify, os criadores de conteúdo e os artistas devem entender algo de imediato: não é possível pagar para entrar em uma playlist da plataforma.
“Sabemos o quanto pode ser frustrante ser envolvido em algo assim. É por isso que estamos investindo fortemente em tecnologia e recursos para detectar streams artificiais e aplicando políticas de forma rápida, para impedir essas práticas desde o início. Levamos isso a sério em todos os níveis, no mundo todo. E nossos esforços estão dando resultado”, explica o executivo.
E continua: “Para deixar absolutamente claro: não é possível pagar para entrar em uma playlist do Spotify. Qualquer serviço que cobre para isso — incluindo playlists não editoriais — está aplicando um golpe. Alguns alegam que vão anunciar sua música no Spotify, mas na prática, pegam seu dinheiro e usam bots para inflar seus números. Muitas vezes, também colocam sua música em playlists automatizadas falsas.”
Sobre a distribuição de royalties, Johnson esclarece um ponto crucial: “Nossa política é clara: streams artificiais não geram royalties. Eles são totalmente excluídos dos cálculos de pagamento, não impactam o pool de royalties e não contam em stream público, ouvintes mensais ou charts. Gravadoras e distribuidoras são cobradas por faixa quando detectamos streaming artificial significativo. E, em alguns casos, esse custo pode ser repassado ao artista”, concluiu.
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