Como foram os sete dias em que Gene Hackman ficou sozinho, sem a ajuda da esposa
Ator morreu de complicações relacionadas à doença cardíaca crônica, agravada pela falta de cuidados
Cinema|Do R7

Gene Hackman, um dos maiores atores de sua geração, passou seus últimos dias da maneira mais inesperada e trágica possível: sozinho, desorientado e sem qualquer ajuda, na casa isolada onde morava com sua esposa, Betsy Arakawa, em Santa Fé, Novo México.
Durante mais de três décadas, Betsy cuidou dele, organizou sua vida e garantiu seu bem-estar, especialmente nos últimos anos, quando o Alzheimer avançado limitava a independência de Hackman. No entanto, quando a morte súbita dela o deixou sem assistência, o ator de 95 anos ficou à mercê do tempo e da doença.
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A morte da esposa
Em 11 de fevereiro, Betsy Arakawa saiu de casa para realizar suas tarefas habituais. Ela foi ao supermercado, passou na farmácia e fez uma rápida visita a uma loja de alimentos para animais de estimação.
Câmeras de segurança registraram seus últimos momentos em público. Como de costume, ela usava uma máscara, uma precaução que adotara para proteger o marido de qualquer contaminação. Às 17h15, ela retornou para casa.
Horas depois, tudo mudou. Arakawa, que tinha 65 anos, foi vítima de uma infecção rara, causada pelo hantavírus, doença transmitida por excrementos de roedores.
Os investigadores acreditam que ela faleceu naquela noite ou no início do dia seguinte. Seu corpo foi encontrado dias depois no banheiro, próximo a um frasco de remédios e comprimidos derramados no chão.
O isolamento de Hackman
Sem Betsy, Hackman ficou completamente sozinho. Vizinhos e amigos relataram que, nos últimos anos, o casal havia reduzido ao máximo o contato com o mundo exterior, principalmente após a pandemia de Covid-19.
Eles não tinham funcionários fixos nem cuidadores diários. Hackman, que já estava debilitado, sem acesso a um telefone celular e dependente da esposa para tarefas básicas, não conseguiu pedir ajuda.
A linha do tempo montada pelas autoridades sugere que ele sobreviveu por cerca de sete dias após a morte de Betsy. Durante esse período, é provável que tenha passado boa parte do tempo desorientado, sem compreender completamente o que acontecia ao seu redor. O Alzheimer avançado pode tê-lo impedido de processar a ausência da esposa ou de entender a gravidade da situação.
Os cães do casal, seus fiéis companheiros, também foram afetados. Um deles, Zinna, foi encontrado morto dentro de um armário, possivelmente sem comida ou água suficiente.
O fim solitário
Hackman morreu em 18 de fevereiro, de complicações relacionadas a sua doença cardíaca crônica, agravada pela falta de cuidados e pela desidratação.
Seu corpo foi encontrado no saguão da casa, com chinelos nos pés e uma bengala ao lado. Os dois só foram descobertos oito dias depois, quando um funcionário da manutenção acionou um segurança ao notar a ausência prolongada do casal.