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Como o olhar sedutor de Cillian Murphy fez o ator conquistar o papel principal em 'Oppenheimer'

Longa dirigido por Christopher Nolan conta a história do 'pai da bomba atômica' e tem estreia prevista para julho

Cinema|Roslyn Sulcas, do The New York Times

Cillian Murphy
Cillian Murphy

Os olhos sedutores observam atentamente a capa de American Prometheus, biografia de J. Robert Oppenheimer, o cientista que liderou o desenvolvimento da bomba atômica. O livro, de Kai Bird e Martin Sherwin, foi a inspiração para o aguardado Oppenheimer, de Christopher Nolan, que estreia em 21 de julho. E, enquanto Nolan trabalhava no roteiro, apenas um ator lhe veio à mente: Cillian Murphy.

"Tento não pensar em atores enquanto escrevo, mas, para mim, os olhos de Cillian são os únicos que conseguem projetar essa intensidade", afirmou Nolan em entrevista por telefone. E havia outra coisa: "Eu sabia que ele é um dos grandes atores de sua geração."

Em Oppenheimer, como na maioria dos filmes de Nolan (a trilogia de Batman, Dunkirk, A Origem, Interestelar), a escala é substancial. O diretor, que conseguiu combinar ideias conceituais ambiciosas com apelo popular e receitas bilionárias, é uma das figuras criativas mais admiradas e analisadas de Hollywood. E, embora Murphy (cuja pronúncia do primeiro nome é "Quílian") tenha trabalhado regularmente com Nolan durante mais de 20 anos, até agora só desempenhara papéis coadjuvantes em seus filmes.

Será que sentiu a pressão de atuar em um filme que chega com expectativas dignas de Nolan? "Sim", respondeu Murphy seriamente durante uma conversa em um estúdio fotográfico no norte de Londres, no qual tinha acabado de concluir uma filmagem.

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O ator irlandês, que recentemente completou 47 anos, disse que, embora fosse um sonho interpretar um protagonista em um filme de Nolan, aproveitou o tempo para se preparar, "sabendo que você está trabalhando com um dos maiores diretores vivos" – e fez uma pausa. "Faço isso há 27 anos", observou, acrescentando um palavrão para dar ênfase. "Por isso simplesmente me joguei. Eu estava extremamente animado."

Na última década, o olhar e a intensidade de Murphy se tornaram familiares para milhões de telespectadores que o viram interpretar Tommy Shelby, o personagem hipnotizante da série de televisão britânica Peaky Blinders, ao mesmo tempo que mantinha uma carreira próspera nos palcos e no cinema.

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Murphy, que é casado com Yvonne McGuinness, artista visual irlandesa, e tem dois filhos adolescentes, fala com um sotaque irlandês suave e é extremamente bonito. "Ele tem a abençoada maldição da beleza. A câmera adora ver a luz incidindo em seu rosto. Mas ele não dá a menor bola para isso", disse Sally Potter, que o dirigiu em A Festa.

Ele também é inteligente, ponderado e claramente sincero em relação às motivações artísticas por trás de suas escolhas. "Para mim, é sempre o roteiro em primeiro lugar e o meio em segundo. Sempre acreditei que um bom trabalho gera bom trabalho. Se você estiver fazendo uma peça no andar de cima de um pub, alguém pode vê-la; não se trata da escala, e sim da qualidade."

"Ele sempre teve uma quantidade imensa de energia e foco", afirmou o dramaturgo Enda Walsh, que o conheceu aos 18 anos em Cork, na Irlanda, onde Murphy cresceu, o mais velho de quatro irmãos.

Os pais de Murphy eram professores, e ele adorava ler e ouvir música, tendo até chegado a montar uma banda com seu irmão na adolescência. Descobriu o teatro aos 16 anos, em um curso na escola. ("Eu nunca tinha ido ao teatro. Aquilo me surpreendeu.")

Depois de começar o curso de direito ("um desastre"), procurou o professor Pat Kiernan, que dirigia a Companhia de Teatro Corcadorca, em Cork. "Eu o importunava muito para fazer um teste, e ele finalmente cedeu", contou Murphy.

Foi escalado para Disco Pigs, peça de Walsh de 1996 sobre um casal de adolescentes descontrolados que fala em linguagem codificada. "Ele tinha uma compreensão inata do personagem e da peça, daquele mundo", escreveu Walsh em um e-mail, acrescentando que Murphy também era "um colaborador natural nos ensaios – uma força criativa".

Disco Pigs fez um sucesso surpreendente, tendo excursionado pelo mundo e feito uma breve temporada no West End. Depois de um período de desemprego ("eu estava feliz, só lendo peças", comentou serenamente), começaram a aparecer pequenos papéis no teatro e no cinema.

Depois que Danny Boyle viu uma versão cinematográfica de Disco Pigs, na qual Murphy também era o protagonista, pediu ao ator que fizesse um teste para o papel principal em Extermínio, filme de terror modesto que se tornou um grande sucesso em 2003.

Foi então que Nolan viu uma foto do ator em uma matéria de jornal sobre Extermínio. Impressionado com sua presença, pediu a Murphy que fizesse um teste para o papel principal de Batman Begins.

"Quando chegou, acho que nós dois sabíamos que ele não interpretaria o Batman. Mas, quando começou a atuar, toda a equipe, todos na sala, prestaram atenção. O vilão dos filmes do Batman sempre foi interpretado por grandes astros do cinema, mas o estúdio concordou que seria ele imediatamente após ver os testes", disse Nolan.

Murphy interpretou o vilão, Espantalho, em todos os três filmes do Batman de Nolan, e assumiu papéis coadjuvantes em A Origem (2010) e Dunkirk (2017). "Conhecer Chris e trabalhar com ele foi extremamente importante para mim. O rigor e a excelência que ele exige do elenco e da equipe, seu domínio da linguagem cinematográfica, como ele fala com os atores, como suas indicações são concisas – é tudo fenomenal e tem sido muito importante para mim no âmbito profissional."

Cillian Murphy em cena de 'Oppenheimer'
Cillian Murphy em cena de 'Oppenheimer'

E depois veio Peaky Blinders, drama sobre uma família criminosa de Birmingham, ambientado nos anos entre guerras. A série, que começou modestamente em 2013, acabou se transformando em um sucesso cult que durou seis temporadas e que inspirou casamentos temáticos, um livro de receitas, um jogo de realidade virtual e um balé.

"Eu o tinha visto em algumas coisas, e, quando soubemos que estava interessado, decidi: 'Sim. Quando ele está na tela, todo mundo olha para ele.' Murphy é brilhante em controlar o que passa pela mente do público", afirmou Steven Knight, que criou e escreveu a série, acrescentando: "Os melhores atores são os editores de si mesmos, prevendo como se encaixam no mosaico da obra, o que é muito difícil, e ele consegue fazer isso."

Murphy não acredita que sua fama em Peaky Blinders tenha mudado as coisas para ele: "Existe sempre um número finito de roteiros excelentes. Você está constantemente em uma batalha por um papel que o desafie, por um roteiro instigante que o estimule a pesquisar."

Com Oppenheimer, esse processo começou quando ele recebeu o roteiro, em setembro de 2021. Percebeu de imediato que a história era inteiramente focada no personagem-título e contada por ele: "Foi escrito na primeira pessoa, o único roteiro assim que já li. Eu sabia o que isso exigiria de mim."

A primeira pessoa, segundo Nolan, foi uma forma de "tornar claras as exigências do papel: vamos entrar na cabeça desse cara, e você tem de estar imerso na essência dele de tal maneira que acaba trazendo o público com você".

Murphy observou que, em qualquer filme de Nolan, há "uma preparação enorme e muitas perguntas", e que ele gosta muito disso. Teve cinco meses antes das filmagens para se preparar. Quando lhe perguntaram se tinha certeza de que Murphy poderia conduzir o filme, Nolan respondeu: "Eu confiava emocionalmente, ou talvez intelectualmente, em Cillian. Mas ainda há a realidade de trabalhar com certo nível de medo."

"Esse trabalho foi uma maratona para Cillian. Quando você está no centro de um filme dessa escala, gravando sete cenas em um dia, é preciso foco, dedicação e compromisso. É lindo ver alguém se doar totalmente", afirmou Matt Damon, que interpreta Leslie Groves, tenente-general do Exército dos EUA que trabalhou ao lado de Oppenheimer no laboratório de Los Alamos, no Novo México, onde a bomba foi desenvolvida.

Emily Blunt, que interpreta a esposa do cientista, Kitty Oppenheimer, disse: "Ele lidera com muita verdade. Não há muitas pessoas que são magnéticas sem aparentemente se esforçar como ele. E não são só aqueles olhos! Ele pensa em cada detalhe."

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c. 2023 The New York Times Company

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