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Daniel Rezende, de Bingo, participa de série sobre a Lava Jato 

Cineasta com indicação ao Oscar por Cidade de Deus e Bafta no currículo é um dos diretores de O Mecanismo, que estreia em março  

Cinema|Marília Aguena, do R7

Selton Mello é o protagonista de O Mecanismo
Selton Mello é o protagonista de O Mecanismo

Daniel Rezende é um dos diretores escolhidos para comandar O Mecanismo, série brasileira inspirada na Lava-Jatoe criada por José Padilha e Elena Soarez. Com indicações ao Oscar por Cidade de Deus e um Bafta, ele se prepara agora para a estreia da produção, marcada para 23 de março, na Netflix. 

A plataforma de streaming divulgou nesta quarta-feira (28) o segundo trailer da primeira temporada, que tem oito episódios e Selton Mello como protagonista. 

Na direção, além de Padilha e Rezende, nomes de peso como Felipe Prado (produtor de Tropa de Elite) e Marcos Prado (dos documentários Estamira e Curumim).

Os detalhes da produção ainda são mantidos em sigilo, mas o diretor adianta parte da trama, que é baseada em fatos reais. 


— A série é sobre a investigação da Lava-Jato, mas tem seu próprio cerne. Chama O Mecanismo porque é uma tentativa de entender esse sistema que engloba não só os empresários e os políticos corruptos, mas toda a nação brasileira que nem entende porque pensa do jeito que pensa, mas que acaba cometendo também suas corrupções no dia a dia.

Segundo Rezende, a série não tem nada a ver com Polícia Federal, a lei é para todos, filme lançado em setembro do ano passado, que também tem a Lava-Jato como pano de fundo.


— Para ser sincero, não assisti ao filme para não me influenciar e atrapalhar o processo. O Mecanismo é totalmente independente, temos nossa própria história.

Daniel Rezende, de 'Bingo - O rei das manhãs', é um dos diretores da nova série da Netflix
Daniel Rezende, de 'Bingo - O rei das manhãs', é um dos diretores da nova série da Netflix

Esta é a quarta série dirigida por Daniel Rezende, que estreou na direção de longas no ano passado com Bingo – O rei das manhãs. A produção foi escolhida para representar o Brasil no Oscar. Rezende tem ainda um currículo com grandes sucessos do cinema nacional (Cidade de Deus, Diários de Motocicleta, Tropa de Elite, Cidade dos Homens, entre outros) e mestres de peso como Fernando Meirelles, Walter Salles e o próprio José Padilha.


Ele nasceu em Guarulhos, na Grande São Paulo, e hoje, aos 42 anos, se define como um “louco por tv desde criança”. Queria estudar cinema, mas na época nem existia o curso. Escolheu a faculdade de Marketing, na ESPM, onde mergulhou nos estúdios de edição. De lá, foi com a cara e a coragem pedir um estágio para o diretor Fernando Meirelles.

Sua estreia no cinema foi como montador de Cidade de Deus, que já rendeu um Bafta (Oscar britânico) por melhor edição, quando tinha apenas 25 anos. Na ocasião, ele desbancou Senhor dos Aneis, de Peter Jackson, e Gangues de Nova York, de Martin Scorsese.

— Lembro que o Fernando Meirelles me escreveu e falou que eu estava indicado ao prêmio. Não sabia exatamente o que era, mas quando vi que era o Oscar inglês, comecei a ficar preocupado. Não tinha nem discurso preparado, falava um inglês bem macarrônico. Tive de subir ao palco e improvisar, foi bem assustador.

“Zerei a vida”

Rezende não era nem a primeira opção para ser montador de Cidade de Deus. Meirelles tinha convidado outro profissional, que não pôde participar. Mas graças a afinidade com o diretor que deu seu primeiro estágio e depois o efetivou como editor de comerciais, Rezende foi o escolhido. Até então, ele tinha feito algumas publicidades e videoclipes de artistas como Cidade Negra e Lenine.

— Foi uma grande aposta dele em mim, porque eu nunca tinha montado nem curta-metragem, só comerciais e vídeoclipes. Era um projeto muito grande.

E a aposta deu certo. Além do Bafta, o longa ganhou prêmios no mundo todo. Daí em diante vieram mais 15 trabalhos como montador de filmes, até a estreia como diretor em 2017, com Bingo. Daniel diz que “zerou a vida” quando leu uma crítica inglesa que o comparava ao seu ídolo, o diretor Martin Scorsese.

— Uma das frases era “se Martin Scorsese tivesse dirigido a biografia de um palhaço, pareceria muito com Bingo”. Falei: “pronto! Zerei a vida!” [risos].

O papel do montador

Daniel Rezende: "Nunca tinha montado nem curta-metragem antes de Cidade de Deus"
Daniel Rezende: "Nunca tinha montado nem curta-metragem antes de Cidade de Deus"

Montador é o profissional que junta todas as cenas feitas pelo diretor e as une de uma forma que faça sentido. É uma função bem importante no audiovisual, já que durante a montagem do filme tudo pode mudar, inclusive o roteiro.

— O caso mais clássico é do Tropa de Elite. O Capitão Nascimento não era o personagem principal. O filme era sobre o André Matias e o comandante do Bope seria um personagem coadjuvante. A gente mudou na ilha de montagem por causa de um monte de fatores. Primeiro por causa da interpretação do Wagner Moura, mas também porque o personagem do André Matias não sabia muito o que queria. O drama do personagem do Capitão Nascimento é muito mais interessante. Por isso a gente inverteu.

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Para Daniel, um filme fazer sucesso no Brasil é algo quase acidental. O cineasta explica que, por aqui, ainda não foi encontrada uma fórmula para lançar filmes, porque o mercado cinematográfico nacional ficou um tempo parado.

Central do Brasil, de Walter Salles, é o grande marco. Carlota Joaquina, dirigido por Carla Camurati, em 1995, é considerado a retomada do cinema brasileiro. É um mercado que voltou depois de muito tempo. Estamos meio que aprendendo ainda.

Antenado com a nova forma de consumir informação, Daniel criou uns vídeos divertidos com o palhaço Bingo que viralizaram na internet e ajudaram na divulgação do longa. O palhaço aparece até mesmo conversando com personagens de outros filmes que o diretor trabalhou, como Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, e Zé Pequeno, de Cidade de Deus.

Rezende faz parte da nova safra de cineastas que são os responsáveis por terem mudado a cara do cinema nacional. Sua grande preocupação é fazer um trabalho que combine com o brasileiro, porém com densidade. A empreitada da vez é um tanto ambiciosa: vai fazer o primeiro filme sobre a Turma da Mônica em live action, ou seja, com atores reais, que deve ser lançado ainda em 2018.

— Fiquei um ano tentando entrar em contato com o Maurício de Sousa porque eu queria fazer esse projeto. Descobri que ele já tinha vontade de fazer uma adaptação, então acabei batendo na porta da produtora e perguntei “vocês têm um diretor?”, “não? então agora têm!”.

Daniel já projeta seus próximos trabalhos e tem um grande desafio: transformar em uma linguagem pop temas densos sobre valores da sociedade.

— Acho que poucos filmes no Brasil olham para a nossa cultura pop. O audiovisual por aqui sempre foi a televisão. Então nosso cinema olhou mais para comédia ou temas sociopolíticos econômicos. Os filmes que fizeram muita bilheteria são os que olham para nossa realidade.

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