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Entrevista do Arcanjo : “Quem matou não funciona mais”, diz novelista Silvio de Abreu

Novelista abre o jogo em conversa exclusiva com o R7 sobre seus sucessos na TV

Entretenimento|Por Miguel Arcanjo Prado, do R7

O novelista Silvio de Abreu tem sua obra revista no livro Crimes no Horário Nobre, de Raphael Scire, lançado este mês
O novelista Silvio de Abreu tem sua obra revista no livro Crimes no Horário Nobre, de Raphael Scire, lançado este mês

Silvio de Abreu já entrou para a história da televisão como criador de vilões lendários da nossa teledramaturgia. Além disso, suas tramas, sempre dinâmicas e modernas, costumam ter o pulso da metrópole paulistana de pano de fundo.

Seus personagens lendários são agora tema de um livro, Crimes no Horário Nobre – Um Passeio pela Obra de Silvio de Abreu, escrito pelo jornalista Raphael Scire e lançado neste mês. A obra aborda as criações do roteirista paulistano de 70 anos.

Autor de 14 novelas, cinco das quais no horário mais nobre da TV, o das 21h na Globo, Silvio conversou com exclusividade com o R7 nesta Entrevista do Arcanjo. O autor de folhetins como A Próxima Vítima, Rainha da Sucata e Belíssima falou sobre carreira, personagens, projetos e ainda decretou que o famoso “quem matou?” sozinho não serve mais para alavancar a audiência. E explicou o porquê.

Leia com toda a calma do mundo.


Miguel Arcanjo Prado - Silvio, eu jamais vou me esquecer da morte da Laurinha Figueroa, se jogando do alto do edifício em Rainha da Sucata. Lembro-me que era criança e fiquei impressionado. Você gosta de escrever cenas de morte dos vilões ou fica triste?

Silvio de Abreu – Gosto de escrever cenas de impacto, sejam com vilões ou mocinhos. Não acredito que a vida de um vilão na ficção acabe com a morte, muito pelo contrário, a sua lembrança é a prova disso. Aproveite agora para rever a cena no Viva, tenho certeza que vai se emocionar novamente!


Pode deixar, que vou ver, sim. Se você tivesse que escolher um de seus vilões para ser seu amigo, qual seria?

Para ser meu amigo, não escolheria nenhum deles, são todos péssimos caráter.


E se você tivesse que escolher um vilão de novela sua para ser seu pior inimigo, qual escolheria?

Acho que a mais perigosa de todas era a Bia Falcão, Fernanda Montenegro, em Belíssima. Era rica, prepotente, fria, calculista, esperta e muito inteligente. Seria uma honra ter uma inimiga com todas essas qualidades.

Qual o vilão mais maldito que você já criou?

A Angela Vidal, Claudia Raia, em Torre de Babel era uma peste, muito perigosa, sutil e completamente amoral. Mas o Renato Maia, Daniel Filho, de Rainha da Sucata, também não fica atrás. Acho que formariam um péssimo casal. 

Por que o brasileiro gosta de ver crimes em novelas?

Porque é excitante. Não mexe só com a emoção, mexe também com o raciocínio.

Qual a novela que você mais gostou de fazer?

Não sei responder essa pergunta, cada novela é uma nova experiência e cada uma teve o seu encantamento.

Leia o blog de Miguel Arcanjo Prado!

Quais são seus projetos futuros?

Vou supervisionar Buuuu, uma sinopse de Andreia Malarolli que será escrita por Daniel Ortiz para o horário das sete. 

Você acha que para escrever bem uma novela o autor precisa ter sido antes um leitor inveterado?

Uma coisa não tem nada a ver com a outra. A novela não é para ser lida, é para ser assistida. Ninguém compra os capítulos de novela em livros, assiste pela televisão. A novela está muito mais perto das artes visuais, como cinema ou teatro, do que da literatura.

Quem são os mestres que lhe inspiraram e lhe inspiram?

Em novelas, Ivani Ribeiro, Geraldo Vietri e Janete Clair; em teatro, Arthur Miller, Eugene O’neill, Tennesse Williams, Nelson Rodrigues e Abilio Pereira de Almeida, e em cinema, Alfred Hitchcock, Billy Wilder, Woody Allen e Pedro Almodóvar.

Qual atriz ou ator fez um personagem seu melhor do que você havia pensado?

Costumo trabalhar com um elenco de primeira, com grandes talentos e eles sempre me surpreendem.

Novela acaba sendo uma coisa efêmera, que dura o presente, diferentemente do cinema que fica mais eternizado. Você concorda com isso? Você tem vontade de voltar a fazer um filme?

Não acredito que a relação do público com a novela seja efêmera como se julgava antes. Escrevo novelas há 36 anos e encontro pessoas que se lembram de cenas e personagens das primeiras novelas que escrevi, dos meus grandes sucessos e até dos fracassos. Antes de escrever novelas, escrevi e dirigi cinco filmes que foram sucessos de bilheteria e não são tão lembrados.

Você é um autor que sempre coloca São Paulo em primeiro plano. Qual é a cara da São Paulo de suas novelas?

É a cara de uma metrópole pulsante, variada, acolhedora, cheia de entretenimento, excelentes restaurantes, cinemas e teatros, uma vida cultural de excelente qualidade, onde as pessoas levam uma existência sacrificada, difícil, sem segurança nenhuma, dirigem por ruas esburacadas. Pagam caro pelos serviços que não são de boa qualidade, não recebem nenhum benefício pelos altos impostos que pagam, mas, mesmo assim, gostam de morar aqui na esperança de que algum dia todas as reivindicações que são feitas, serem ouvidas.

Qual o peso do “Quem matou?” para deslanchar o interesse do público por uma trama?

O “Quem matou?” como um artifício de audiência não funciona mais. Para que essa pergunta seja pertinente e aguce a curiosidade do público tem que estar dentro do contexto geral da trama, caso contrário será apenas um artifício inútil.

Leia o blog de Miguel Arcanjo Prado!

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