Chegar aos 25 anos de casamento é algo a ser celebrado. A atriz Iris Nascimento levou isso a sério e aproveitou bastante este momento importante da vida pessoal em Londres e Estocolmo, ao lado do esposo Marcelo.
Foi aqui em Estocolmo que Iris falou ao R7 sobre a sua carreira, preferências e os seus planos. Mãe de dois filhos já adultos, para Iris é tempo de pensar um pouco mais nela mesma.
- Chegou a hora de voltar a fazer o que gosto.
Com um currículo de dá inveja a muitos artistas e ainda reconhecida nas ruas do Rio de Janeiro, onde mora, Iris Nascimento tem alguma dificuldade de listar os seus trabalhos.
- Comecei minha carreira profissional em 1979 na novela Cabocla. Depois disso e até 88 fiz sete novelas (todas na Rede Globo): Marina, Paraíso, Voltei pra você, Brilhante, Vida nova e Renascer. Fiz também alguns seriados, entre os mais importantes O Tempo e o Vento, As mães de Acari, e Você decide. Na extinta Rede Manchete fiz uma novela e a mini série Escrava Anastácia. No teatro, O analista de Bagé, Assim caminha uma unidade, Ambrósio o boneco e Tamba o rei leão (infantil).
Iris respira sorrindo, mas emenda como se tivesse acabado de lembrar:
- Meus últimos trabalhos foram a novela Sete Pecados em 2007 (personagem Tonia) e o curta-metragem O Palhaço feito na escola de cinema Darci Ribeiro em 2012. Em 1998 resolvi estudar, cursei a faculdade de moda, Instituto Zuzú Angel, concluí o curso e fiz alguns trabalhos de figurino e produção de moda.
Com tantos trabalhos realizados, poderia ser difícil dizer qual o que mais marcou a sua carreira, mas Iris não pensou muito para revelar:
- Acho que o primeiro (Cabocla) pela entrega total e o elenco extremamente harmonioso (Fábio Jr., Glória Pires, etc.). Foi um personagem marcante, até hoje as pessoas falam comigo sobre ele. Mas o filme Pedro Mico, me amadureceu como atriz, tive cenas fortes e ganhei o prêmio de melhor atriz coadjuvante no Festival de Brasilia no ano de 1985.
Ter começado a carreira numa época em que o negro era quase sempre o coadjuvante não coloca Iris no papel de vítima, mas isso a inquietava por limitar o seu potencial.
- Não me sinto vítima (de preconceito). Mas foi um período que não tínhamos como fazer personagens diversos, eram sempre os mesmos temas. Dava uma insatisfação. Ator quer fazer vários personagens. Não ficar só na escrava ou empregada doméstica. Eu até tive sorte, meu segundo trabalho na tv, foi a Lelena uma estudante que namorava um branco e a família não aceitava. Foi muito legal (novela Marina), pois introduzimos o debate em torno dos preconceitos racial e social.
Iris confessa sentir saudades de atuar, mas enquanto responde é “atropelada” pelo bom humor do esposo Marcelo.
- Ela interrompeu a carreira porque sou ciumento. Fala sorrindo o esposo Marcelo.
A atriz responde:
- Sinto falta principalmente das locações. É muito legal sair da sua rotina e entrar na atmosfera do personagem, o elenco se integrando e juntos contarmos a história.
Voltar às novelas está nos planos de Iris Nascimento. Ela também confessa o desejo de atuar em alguma novela da Record.
- Penso (em voltar a atuar). Tenho vontade de resgatar minha carreira, mas gostaria de fazer algo que fala-se às mulheres e divertisse as pessoas. Seria um prazer trabalhar na Record.
Com tantos anos de carreira, nada melhor que comparar as novelas feitas nas últimas quatro décadas.
- As novelas atuais discutem temas mais reais e a concorrência é enorme. As novelas da minha época eram mais lúdicas e não precisavam de tantos apelos para chamar a atenção do público.
Atenta às novas tendências, Iris Nascimento enaltece o uso da internet como um bom caminho para revelar novos talentos e diferentes trabalhos.
- A internet é uma excelente ferramenta para quem sabe usufruir das suas possibilidades. Hoje vários artistas, dançarinos, etc. estão mostrando sua arte pelas imagens no youtube, sites, etc. Eu tenho que melhorar isso. “Navegar é preciso", já cantava Chico Buarque.
A lista de atores “preferidos” é longa, mas Iris parece fazer questão de citar todos.
- Brasileiros: Patricia Pilar, Glória Pires, Lima Duarte, Fernanda Montenegro, Fernanda Torres, Lázaro Ramos, Camila Pitanga, Taís Araújo, Wagner Moura João Miguel, Leandra Leal. Internacionais: Cate Blanchett, Cameron Diaz, Meryl Streep, Robert de Niro, Eddie Murphy, Sharon Stone. Respira Iris, antes de citar Marlon Brando como “the best” (o melhor).
A lista de autores também é vasta e Iris destaca Benedito Ruy Barbosa, “foi o que mais trabalhei. Adoro!”. Walcir Carrasco, Gilberto Braga, Rogerio Gomes e Boury. No teatro, Lázaro Ramos.
Enquanto era entrevistada, Iris sempre pedia para tirar fotos nos pontos turísticos do centro de Estocolmo. “
— Aqui tudo é lindo! Cada ângulo que a gente olha merece uma foto nova.