Adeus a Lô Borges: relembre os sucessos de um dos criadores do Clube da Esquina
Canções do compositor morto neste domingo (2) moldaram gerações e uniram poesia, rock e Minas Gerais
Música|Do R7
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O Brasil se despede de Lô Borges, cantor e compositor mineiro que marcou a música brasileira com uma obra de intensa sensibilidade e experimentação. O cantor e compositor morreu na noite deste domingo (2) aos 73 anos. O músico estava internado em um Hospital na região Leste de Belo Horizonte, desde o dia 18 de outubro, com um quadro de intoxicação por remédios.
Lô Borges foi um dos fundadores do movimento Clube da Esquina, ao lado de Milton Nascimento, Beto Guedes, Fernando Brant e outros músicos que transformaram a sonoridade nacional nos anos 1970. A mistura de rock, bossa nova, jazz e regionalismos mineiros criou uma estética inovadora que influenciou gerações posteriores.
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O álbum “Clube da Esquina”, de 1972, é o marco mais reconhecido dessa revolução musical. Gravado em parceria com Milton Nascimento, o disco trouxe clássicos como “O Trem Azul”, “Paisagem da Janela” e “Um Girassol da Cor de Seu Cabelo”. As composições, marcadas por lirismo e melodias elaboradas, tornaram-se símbolos de liberdade criativa e afetiva.
Deste álbum, “O Trem Azul”, parceria com Ronaldo Bastos, é talvez a mais icônica de suas criações. Sua melodia melancólica e a imagem simbólica do trem evocam o interior de Minas e a nostalgia. A faixa também consolidou Lô como cronista de emoções profundas.
Outra composição inesquecível é “Tudo Que Você Podia Ser”, escrita com Márcio Borges. O tema da esperança e da descoberta de si mesmo ganhou interpretações consagradas de artistas como Simone e Milton Nascimento, tornando-se uma espécie de hino existencial da MPB.
“Um Girassol da Cor de Seu Cabelo”, também com Márcio, é uma canção que sintetiza o espírito do Clube da Esquina: a fusão entre poesia e introspecção, entre o urbano e o natural. Sua delicadeza inspirou novas gerações, de Nando Reis a Mallu Magalhães, que citou a canção como uma de suas primeiras referências musicais.
Outros marcos de sua trajetória incluem “Para Lennon e McCartney”, homenagem à banda que tanto influenciou o grupo mineiro, e “Nuvem Cigana”, fruto de sua parceria com Ronaldo Bastos. Ambas expressam a ousadia criativa e a harmonia entre palavra e som que definiram sua obra.
Nos anos 2000, Lô voltou a emocionar o público com “Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor”, outra parceria com o irmão Márcio Borges. Lançada por Milton Nascimento no disco *Pietá* (2003), a música reafirmou o poder do lirismo e a longevidade da amizade artística entre os dois mineiros.
Lô também foi autor do chamado “Disco do Tênis”, seu primeiro álbum solo, lançado em 1972. O trabalho, de capa icônica, é hoje considerado uma das joias cult do rock brasileiro, misturando psicodelia, melodias melancólicas e letras enigmáticas.
Ao longo da vida, Lô Borges foi gravado por nomes como Elis Regina, Flávio Venturini, Skank e Nando Reis, mantendo viva a ponte entre o passado e o presente da música nacional. Entre as faixas recentes, “Dois Rios”, feita com Samuel Rosa, simboliza a continuidade estética do Clube da Esquina nas novas gerações.
