Andreas Kisser estreia em nova banda e ataca: "O heavy metal é totalmente ignorado no Brasil"

Quatro amigos se uniram com a vontade de fazer música boa. Assim mesmo, como jovens garotos. O guitarrista Andreas Kisser, do Sepultura, Andrés Gimenez, do A.N.I.M.A.L, Sr.Flavio, do Los Fabulosos Cadillacs e Alex González, do Maná, decidiram formar a banda De La Tierra.

O grupo traz um heavy metal "inusitado", com vocal em espanhol. Vai ter um pouco da cara do Sepultura e um pouco da argentina A.N.I.M.A.L , como afirma Andreas Kisser.

— É um pouco da raiz do Sepultura, mas não tínhamos uma base formada. Queríamos fazer alguma coisa livre, um som que a gente curtia. Ainda não sabemos muito bem o que é [risos]. É algo totalmente novo. O De La Tierra mistura estilos e histórias diferentes de grandes músicos.

O vocalista da De La Tierra, Andrés Giménez, também falou um pouco sobre o estilo variado da banda.

— É um metal com muitas influências latinas, com claves. Tem influências do México, Chile, de várias partes da América Latina.

A ideia de montar o grupo partiu de Andrés Gimenez e Alex González. Os dois se reuniram em Buenos Aires e depois chamaram mais dois amigos: o baixista Sr. Flavio e o guitarrista Andreas Kisser.

— A ideia da banda começou no ano passado. O Andrés e o Alex começaram. Depois veio o Sr. Flávio, que não era do metal e trouxe um toque diferente para a banda, usando slap (técnica diferente de tocar baixo com os dedos). Eu (Andreas Kisser) fui o último a ser chamado.

O primeiro disco já tem data para ser lançado: 14 de janeiro de 2014. O primeiro single, Maldita Historia, já foi divulgado. Perguntado sobre a motivação de montar uma banda com a carreira já consolidada, Andreas Kisser mostrou toda a disposição que o De La Tierra está no momento.

— Motiva trabalhar com caras bons como estes. É um novo desafio. Estou me sentindo como um moleque de 15 anos que forma a primeira banda. Estamos muito motivados e com um espírito jovem. Não é grupo criado por empresários, é uma coisa nossa mesmo. Nos mesmos financiamos tudo. Só de lançar o disco já é um grande vitória.

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Andreas Kisser também opinou sobre a atual situação do rock no Brasil. O membro do Sepultura vê um momento não muito favorável.

— O rock está em uma fase difícil. A mídia está muito presa a alguns artistas. Depois de Michel Teló, agora tem Naldo, Anitta.. Nada contra eles, mas no Brasil tem muito mais coisa boa acontecendo na música. E a galera só fica em cima dessas mesmas coisas. O rock está sem espaço.

O argentino Andrés Giménez completou o raciocínio afirmando sobre o apego que o fãs de rock tem pelo gênero.

— Geralmente o fã de metal tem um sentimento muito grande pelo gênero. Ele não se importa se o que está sendo lançado ele não gosta, ele só quer ouvir o seu rock.

Um dos estilos mais populares do Brasil no momento, o funk e o sertanejo, foram apontados como o centro da mídia por Kisser.

— São músicas que o brasileiro gosta tradicionalmente. Elas aparecem em todo lugar. O público fica sufocado por eles. O heavy metal é totalmente ignorado, é como se não existisse. Mas ao mesmo tempo vemos o sucesso de shows de rock e heavy metal que tivemos aqui agora no final do ano. O Black Sabbath levou 70 mil pessoas. O brasileiro também gosta muito de rock. Quando tocamos com o Zé Ramalho no Rock in Rio, o povo do metal cantou Zé Ramalho. Antes de tudo, somos brasileiros, nós respeitamos nossas origens, mas aqui não respeitam o metal.

O guitarrista afirmou ainda que o metal sofre preconceito no Brasil, e o gênero não é visto como qualquer outro. 

— O heavy metal é visto no Brasil como um estilo de música agressivo e violento. Isso nada mais é do que uma falácia. Essa é uma imagem totalmente deturpada. O metal precisa de muito estudo, muita dedicação ao instrumento, muito ensaio. É um estilo musical como qualquer outro. O Heavy Metal precisa ser mais respeitado.

*Colaborou Victor Rocha, estagiário do R7