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Black Pantera é rock de combate: "Lutamos contra a discriminação"

Banda tem inspiração nos Black Panthers e Zumbi dos Palmares

Música|Daniel Vaughan, do R7

Black Pantera: rock pesado e letras de protesto
Black Pantera: rock pesado e letras de protesto

O Black Pantera está fazendo barulho por onde passa. Apesar de sobreviver de forma independente, o trio de Uberaba (MG) já se apresentou fora do Brasil e está sendo celebrado como um dos destaques do rock nacional. Este mês, o grupo vai lançar o segundo e esperado disco, Agressão

Para dar uma amostra do que vem por aí, a banda liberou o clipe Prefácio, fazendo críticas ferozes a atual crise política mundial (assista abaixo).

Os Black Panthers, organização revolucionária norte-americana, é uma das inspirações dos mineiros, diz o baterista Rodrigo Pancho.

— Nosso nome é uma homenagem ao partido que lutava por direitos iguais para pobres e negros nos EUA. Isso tem tudo a ver com a banda que, além de ter integrantes negros, faz músicas de protesto e preza pela atitude.


"Mas que abolição%3F De norte ao sul ainda há escravidão"

(Trecho da música Escravos)

Mas não é só a referência americana que faz parte do grupo. A faixa Escravos, do primeiro álbum, denunciava: "Salve quilombo, salve Zumbi/A sua luta ainda perdura aqui/Abolição? Mas que abolição?/De norte ao sul ainda há escravidão..."

O baixista e vocalista Chaene da Gama filosofa sobre o célebre líder dos Palmares.


— Zumbi lutou arduamente contra a escravidão. E, apesar de sermos "livres", o preconceito ainda existe e o Black Pantera vai contra toda a forma de discriminação. Nossas músicas são truculentas, mas se você prestar atenção na mensagem, estamos em busca de respeito e amor.

O Black Pantera conquistou os franceses no Download
O Black Pantera conquistou os franceses no Download

Trazendo energia de sobra no palco, Rodrigo e os irmãos Chaene e Charles Gama vêm conquistando o cenário internacional. Na França, o grupo tocou nos importantes festivais Afropunk e Download, ao lado de ídolos como System of a Down e Slayer.


— Nossas letras são em português, mas isso não foi obstáculo para o público amar a vibe da banda. E durante um dos shows teve um brasileiro no meio da galera que gritou: “Cadê o pão de queijo?” (risos)

Para saber mais sobre a trajetória do Black Pantera, o R7 conversou com Rodrigo e Chaene.

R7 — O Black Pantera traz muitas referências musicais. Como vocês definem o som?

Rodrigo Pancho (bateria) — Nós temos muitas influências, mas não curtimos rótulos. Quando nos pedem uma definição, falamos que é crossover, uma mistura de vários estilos como o punk e thrash metal. No momento que estamos compondo, temos muita liberdade, então talvez seja isso que proporcione essa riqueza musical. E, no final, tudo é rock!

"O som do Black Pantera vai contra toda a forma de discriminação"

(Chaene da Gama )

R7 — É difícil fazer rock pesado em Uberaba?

Rodrigo — Pois é, não é fácil. Porém, quando escolhemos esse caminho já sabíamos que seria difícil em qualquer lugar do Brasil. A nossa cidade é pequena, mas tem uma cena autoral bonita, com lugares que abrem espaço para bandas autorais e uns malucos que ainda fazem festivais de rock. O público é fiel e sempre dá força. Todos aqui adoram a banda e estão sempre abrindo espaço em jornais, rádio e TV. Acho que somos um tipo de "aberração" que as pessoas gostam. (risos)

R7 — Mesmo vivendo na independência, vocês se apresentaram fora do País. Como conseguiram isso?

Chaene da Gama (baixo e vocal) — O Charles enviou algumas músicas para o site americano Afropunk (com assuntos que envolvem a cultura negra), daí eles não só nos ouviram como fizeram uma resenha muito positiva. A matéria fez com que a pequena página da banda recebesse curtidas de todo o planeta. Então, o convite para o Black Pantera tocar na versão francesa do festival foi inevitável. A ainda esticamos a viagem para Bordeaux e Antibes.

Capa do novo CD do grupo: Agressão
Capa do novo CD do grupo: Agressão

R7 — E o que os gringos acharam de vocês?

Rodrigo — Fomos muito bem recebidos em todas as cidades que passamos. As letras em português não foram obstáculo, porque eles amaram a vibe da banda ao vivo.

R7 — Teve algum fato que marcou a passagem internacional?

Rodrigo — Durante o show no Download, em Paris, rolou uma coisa engraçada: teve um brasileiro no meio da galera que gritou: “Cadê o pão de queijo?” (risos)

"O underground resiste pela coragem%2C pois viver de música no Brasil é quase impossível"

(Rodrigo Pancho)

R7 — E vocês têm seguidores gringos? 

Rodrigo — Sim. Através das redes sociais, alguém sempre acaba gostando do trabalho... seja em Uberaba, São Paulo ou na Europa. Por exemplo, hoje em dia, temos fãs até no Sri Lanka (Ásia) e no Canadá.

R7 — Quais são as principais dificuldades que o Black Pantera enfrenta no Brasil?

Rodrigo — Realmente, o underground resiste pela coragem, porque viver de música no País é praticamente impossível. A vontade de tocar é maior e a resposta do público é o que nos anima.

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R7 — O que falta para a banda ser mais reconhecida?

Rodrigo — Nosso sonho é assinar com uma grande gravadora para termos suporte. A banda ainda não "se banca", então não dá para viver só de música autoral... infelizmente, a realidade não é tão glamorosa quando a gente volta da França. (risos) Mas acreditamos que se continuarmos assim, produzindo e correndo atrás, uma hora vai melhorar. E, por enquanto, continuamos dando nosso melhor, sem ficar reclamando. Nosso lema é: “Eu não espero nada de ninguém".

R7 — O nome da banda é inspirado nos revolucionários Black Panthers?

Chaene — Sim. Quando o Charles criou a banda, em 2014, ele buscava um nome que fosse impactante. Essa é uma homenagem ao partido que lutava por direitos iguais para pobres e negros nos EUA. Isso tem tudo a ver com nossa banda que, além de ter integrantes negros, faz músicas de protesto e preza pela atitude.

"Nossas músicas são truculentas%2C mas a mensagem é sobre respeito e amor"

(Chaene da Gama)

R7 — E, além dos americanos, vocês também reverenciam Zumbi.

Chaene — Com certeza! Zumbi lutou arduamente contra a escravidão. E, apesar de sermos "livres", o preconceito ainda existe e o Black Pantera vai contra toda a forma de discriminação. Nossas músicas são truculentas, mas se você prestar atenção na mensagem, estamos em busca de respeito e amor.

R7 — E como é ser um roqueiro negro no Brasil? Existe discriminação?

Chaene — Temos black no nome mas nosso som não tem cor! E combatemos tudo aquilo que um dia sofremos ou ainda vai nos atormentar. Uma vez, em um show, um senhor chegou pedindo desculpas, porque havia feito piadas sobre nós, dizendo que iriamos tocar pagode. Mas ele disse que quando nos viu no palco, ficou emocionado, pois não conseguia acreditar no som. Hoje em dia, ele é um dos maiores fãs do Black Pantera. Mas, no geral, somos bem recebidos.

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