Ex-Restart, Pe Lu vira revelação da música eletrônica com duo Selva
Ao lado de Brian Cohen, ex-cantor da banda emo se reinventou com projeto que tem se destacado também no exterior
Música|Helder Maldonado, do R7
Quando o Restart acabou, em 2015, Pe Lu enxergou no fim da banda que o revelou como músico uma alternativa de reinvenção. Ao lado do amigo Brian Cohen, para quem já havia produzido músicas, criou o duo Selva e mudou completamente de ares: deixou pra trás o pop rock da banda teen e mergulhou no cenário da música eletrônica.
Em três anos de atividade, a banda tem sido considerada uma das revelações do gênero na década de 2010. Segundo Pe Lu, uma das explicações para que o Selva desse certo foi exatamente o fato dele e Brian terem vindo de outros segmentos musicais e com influências que iam além da música eletrônica. "Entramos sem seguir conceitos que eram comuns ao gênero, porque nossa escola foi outra. Viemos de do pop rock, cantando em português, tocando isntrumentos. Então, fomos fazendo o que achávamos certo, sem medo e sem pretensão também. Isso fez e ainda faz uma certa diferença", aposta.
Brian ressalta que a dupla ainda teve sorte de estar no lugar e no momento certo ao apostar nesse perfil. "Vivemos um momento de mudança do estilo aqui no Brasil. O fenômeno Alok tirou o eletrônico do underground e do nicho e transformou em som de massa. Assim, várias coisas foram sendo permitidas também, como cantar em português, o que antes era visto como brega por DJs e produtores", analisa.
Outra coisa impensável há poucos anos era ter a música eletrônica mesclada a outros estilos, principalmente os mais populares. No exterior, isso já era comum, mas no Brasil demorou até se transformar em uma realidade que gerasse hits. "Hoje, o pop mesmo é completamente eletrônico e os DJs, estrelas que tocam com todo mundo. Só agora temos isso no nosso País. É um momento bastante interessante", complementa Brian, que ressalta que os dois têm se apresentado também fora do Brasil, em lugares como Indonésia e Estados Unidos.
Até por conta disso, o Selva não se limita a tocar só com os artistas do meio deles. Além do funk e do pop rock, agora Brian e Pe Lu gravaram também com o sertanejo. A música Tic Tac, em parceria com Matheus e Kauan e que será lançada na sexta (5), é uma forma de mostrar que a geração atual é mais aberta às misturas e pouco apegada a escutar um só tipo de música. "Essa é uma geração menos fanática mesmo. A maioria dos ouvintes atuais têm acesso a muita coisa e não tem mais aquela obrigação de ser fiel a uma banda ou estilo. Eu sei porque era assim na minha adolescência. Então, esse é um fenômeno que me agrada como artista e ouvinte", avalia Pe Lu.
O músico, que foi alvo de fãs ortodoxos do rock quanto esteve à frente do Restart sabe do que fala por experiência pessoal. No período de sete anos que a banda se manteve em atividade, ele passou por diversas provações e provocações sobre o estilo de música que fazia e até a forma que se vestia.
Hoje, ele diz que esse tipo de perseguição é bem menor, talvez inexistente. E até mesmo Pe Lu já foi elogiado no Selva por antigos haters. "Ninguém mais se importa com isso. Eu tive que aprender a ser resiliente no Restart, porque a provocação era intensa. E a gente ficava meio privado de tocar outras coisas que gostávamos, pois podíamos incomodar tanto os fãs quanto os detratores. Era uma loucura. Hoje não. Hoje todo mundo toca o que quer. Inclusive muita gente vem dizer que não gostava do Restart, mas gosta de mim no Selva. Não deixa de ser uma forma de recohecimento, mesmo que tardio", brinca Pe Lu.