Fãs de k-pop no Brasil investem até R$ 6.000 para curtir festival no Chile
Evento acontece em Santiago nos dias 18 e 19 de janeiro e vai reunir artistas como Super Junior, EXO, Red Velvet, NCT e membros do SHINee
Música|Giovanna Orlando, do R7
Dispostos a realizar um sonho, diversos fãs brasileiros vão viajar ao Chile para assistir o SMTown, evento que reúne alguns dos maiores nomes do k-pop, na sexta-feira (18) e no sábado (19), no Estadio Nacional, em Santiago.
O evento vai trazer para a América Latina algumas das mais importantes bandas do segmento, como BoA, Super Junior, EXO, as integrantes Hyoyeon e Yuri do Girls Generation, Red Velvet, NCT 127 e DREAM (sem a presença de Haechan e Winwin), Key e Taemin do SHINee e Amber, do f(x).
Apesar do sucesso estrondoso na Ásia, a maior parte destes artistas nunca chegou perto da América do Sul. Dentre todos os confirmados, apenas o Super Junior fez turnê no Brasil, em 2013, e o SHINee participou do Music Bank, em 2014. BoA, que está em atividade desde os anos 2000, e EXO, um dos grupos mais esperados pelos fãs desde 2011, vão estrear em território latino.
Leia também
Para a viagem, os fãs tiveram que pedir dispensa do trabalho ou ter que convencer os pais a liberaram a aventura. No caso de Bianca Correia, de 23 anos, ela aproveitou a folga para conhecer o país vizinho e vai ficar lá por seis dias. Já Heloise Dias, de 16 anos, pediu a viagem e o show como presente de aniversário. “Eu falei para a minha mãe que era um dos meus sonhos, e ela sempre me apoia nesse tipo de coisa, então deixou”, conta.
Viajar para o exterior para assistir ao show de um ídolo pode parecer loucura, mas Camila Amorim, de 22 anos, está acostumada com isso. A jovem já viajou para a Coreia do Sul e assistiu aos shows do Super Junior, EXO e SHINee e, em setembro de 2018, foi para Nova York para a KCon, convenção que reúne desde 2015 os principais nomes do k-pop para apresentações e realiza painéis dedicados ao assunto. No evento, ela curtiu NCT 127 e Red Velvet.
Apesar de já ter visto quase todos os artistas que vão se apresentar no SMTown, ela entrega o que mais quer assistir no festival. “Os collab stages [em que artistas de diferentes grupos se juntam para uma apresentação], que sempre são incríveis”.
Rafaella Bueno, de 27 anos, também é experiente no quesito viajar para assistir shows de k-pop. Pela segunda vez no Chile, a carioca esteve no País durante a turnê mundial do grupo INFINITE, em 2016, e voltou em 2018 para prestigiar o Super Junior. “Eu sempre fico de olho nos rumores de show, o que os artistas falam ou nos próprios comebacks [quando um artista volta para apresentar um novo projeto], que muitas vezes antecedem essas turnês. Gosto muito de música. Planejo uma viagem para coincidir com algum show.”
Gênero em ascensão
Ter um festival de k-pop dessas proporções pela primeira vez na América do Sul não chega a ser uma surpresa. O gênero está encontrando aceitação pelo mundo agora, quase 30 anos depois da sua fundação, quando o grupo Seo Taiji and Boys se apresentou na televisão sul-coreana, em 1992.
O primeiro boom que o estilo musical viveu foi com Gangnam Style, em 2012. E o que antes era um gênero restrito ao território asiático, se viu atraindo a curiosidade do resto do mundo. “Quando eu conheci o k-pop, em 2013, o gênero dava sinais de começar a se expandir aqui no ocidente. Aquele foi o ano em que o Girls Generation ganhou o prêmio de vídeo do ano do Youtube com o clipe de I Got a Boy”, conta o mineiro Pablo Santos, de 19 anos.
Estrelas do k-pop Jennie e Kai, do EXO, estão namorando
Agora, os artistas conseguem colaborar com músicos em alta do pop tradicional, como o grupo feminino BLACKPINK participando do álbum de Dua Lipa, e são convidados para eventos pelos Estados Unidos, como o BTS no tapete vermelho do Billboard Music Awards, em 2017, o Monsta X se apresentando no iHeartRadio Jingle Ball, no final de 2018, e o NCT 127 ser o primeiro grupo de k-pop a entrar na lista da Apple Music em 2018 como artistas promissores.
Fã do estilo desde 2010, Daniella Aragão conta que viu o gênero se popularizando, saindo da internet e invadindo as ruas. “Antes, eu dificilmente encontrava pessoas que gostavam de k-pop e usavam algo como bottom, camiseta ou chaveiro [dos grupos que gostam], e hoje o que mais vejo são essas coisas. Mas acho que o que popularizou não foi tanto o gênero em si, mas alguns grupos”, explica.
Os investimentos
O investimento para a viagem varia de preço. Os fãs vão desembolsar de R$ 1.700 a R$ 6.000 em entradas, passagem de avião e hospedagem. Os ingressos custam entre R$ 325, no setor mais barato, a R$ 810, na área VIP, sem as taxas, que podem fazer o valor chegar a R$ 1.200. Diferentemente dos shows no Brasil, no Chile todos os lugares são numerados. Alguns fãs decidiram encarar os dois dias de show, como no caso de Monnyke Coradini, de 24 anos, que vai um dia na pista VIP e no outro, na arquibancada.
A falta de investimentos em k-pop é o principal problema que Mariana Remígio, de 19 anos, acredita que o Brasil tenha na hora de atrair shows grandes. “São caríssimos e o País não investe tanto assim. Também não acredito que tenha público para fechar estádio e tudo mais, uma vez que os ingressos não costumam ser acessíveis. Com esse evento do Chile, eles estão englobando vários países vizinhos. Então acho que só teria algo parecido no Brasil daqui um tempo, se houver”, argumenta.