Como o BTS conquistou um exército de fãs e criou legado no k-pop
Com letras que abordam problemas reais e jeito espontâneo, sete meninos cativaram jovens e se apresentam em estádio esgotado em São Paulo
K Pop|Giovanna Orlando, do R7
Cinco anos depois de se apresentarem em uma casa de shows pequena na Barra Funda, zona oeste de São Paulo, os sete meninos do BTS voltam à cidade, mas dessa vez para se apresentar no estádio Allianz Parque. No sábado (25) e domingo (26), o grupo traz a quarta turnê mundial ao Brasil, Speak Yourself, para uma plateia de mais de 40 mil fãs por noite e que esgotaram os ingressos em horas.
Na primeira vindo ao País, em 2014 e um ano depois de lançarem o primeiro álbum, os meninos se apresentaram no fanmeeting RWeL8? para cerca de 1.800 pessoas. O formato é muito usado por grupos que acabaram de começar a carreira e permite a interação entre os artistas e os fãs.
Vindos de uma empresa em crise financeira, o BTS superou as expectativas das fãs e da Coreia do Sul. Formado por RM, Jin, Suga, J-Hope, Jimin, V e Jungkook, ao grupo apostou no hip-hop e em álbuns completos ao invés de EPs, produziu e escreveu as próprias músicas e criaram programas que mostravam os bastidores. Assim, os Bangtan Boys conquistaram um exército de fãs, literalmente.
Letras e problemas reais
A popularidade dos meninos cresceu durante a trilogia The Most Beautiful Moments in Life, lançada entre 2015 e 2016. Com clipes mais elaborados e o começo do universo e teorias em torno dos clipes, as fãs usaram as redes sociais para discutir ideias que tinham para explicar os vídeos. “Começou com I Need U, em 2015. Aquele foi o início das teorias, dos clipes contando uma história e mostrando mais do que a letra contava”, explica a fã Patrícia Corsi, que descobriu os meninos logo no começo da carreira, em 2014.
Com a barreira linguística, os fãs precisam procurar traduções das músicas na internet, e logo percebem que o grupo trata de problemas reais nas letras. Falando sobre depressão, ansiedade, solidão, a necessidade de se aceitar e se amar e a pressão imposta nos jovens, os meninos criticam a sociedade coreana ao mesmo tempo em que ajudam fãs a entender as próprias angústias.
“Eu tenho a mesma faixa de idade deles e eu vejo que tudo o que eles viveram e falam nos álbuns são coisas que eu estava vivendo e achei que não conseguiria superar. Isso é o meu escape, a minha forma de entender que era isso que estava acontecendo comigo”, conta Alexa Aira, de 22 anos, dona da BTS News Brasil, uma das maiores contas no Twitter dedicada ao grupo, e fã desde antes da estreia do grupo.
“Por mais que exista essa barreira de língua, as pessoas conseguem entender o sentimento que está sendo transmitido através da música. Isso que é a música, é você unir as pessoas, que podem não falar a mesma língua, mas se unem no mesmo sentimento”, conclui Alexa.
Foram com as mensagens sinceras e positivas que os cantores se tornaram embaixadores da UNICEF com a campanha Love Myself, que luta contra a violência, e foram o primeiro grupo de k-pop a ser chamado para discursar na ONU.
A sinceridade e liberdade de criação já os diferencia de outros artistas de k-pop. Dentro da BigHit, os meninos não assinaram contratos restritivos, como em outras empresas, e têm liberdade para fazer falar abertamente sobre problemas que a Coreia do Sul considera tabu, como saúde mental. O país é o segundo membro da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com a maior taxa de suicídios e chegou a ocupar o primeiro lugar em 2010 e 2011.
A personalidade e espontaneidade dos meninos também atraiu fãs, que se identificam com o jeito deles e a forma com a qual eles lidam com algumas situações. “Muitos diziam que eles eram idols [nome dado aos artistas sul-coreanos] que não pareciam idols, justamente por terem um jeito mais descontraído e nunca perderem a essência”, analisa Patricia Corsi.
O crescimento dos ARMY
Seis anos depois da estreia, os meninos conquistaram uma legião de quase 20 milhões de fãs no Twitter, incluindo celebridades como Ryan Reynolds. A lista de amigos famosos só cresce, e já conta com Ariana Grande, que conheceu o vocalista Jungkook em um show em Los Angeles, na última terça-feira (7). Eles tiveram ainda a visita dos Jonas Brothers e Khalid nos shows na turnê que passa pelos EUA, além de já terem produzido música com Steve Aoki, The Chainsmokers e Halsey.
Leia também
O grupo se tornou o mais popular no k-pop e o responsável por tornar o gênero conhecido nos Estados Unidos e pelo mundo, apesar de não ter sido o primeiro a chamar atenção. Antes deles, o Girls Generation e o BIGBANG já haviam aberto algumas portas no país para a popularização do gênero e PSY lançou o viral Gangnam Style.
Desde o começo, os meninos tentam manter uma relação próxima com os fãs, chamados de ARMY (exército, em tradução para o português). Por meio de lives, vídeos e reality show postados no Youtube, eles contam como estão as coisas e respondem perguntas.
“A empresa sabe que a alma do grupo somos nós e desenvolveu todos os meios de comunicação possíveis para que os ARMY se sintam parte do projeto”, analisa a fã Coral Flores Calisaia. “Pra mim, ver este crescimento é algo grandioso para cada ARMY, porque nós fizemos parte de todo esse processo”, completa Poliana Aparecida Alves, fã do grupo há quase 5 anos.
Com turnês cada vez maiores e cada vez mais fãs, os meninos abriram as portas para que outros grupos de k-pop se tornem mais conhecidos pelo mundo, além de ajudar a quebrar os estereótipos e preconceitos com a língua e a indústria musical sul-coreana.
.find_in_page{background-color:#ffff00 !important;padding:0px;margin:0px;overflow:visible !important;}.findysel{background-color:#ff9632 !important;padding:0px;margin:0px;overflow:visible !important;}