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30 anos axe

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Carla Visi troca o axé pela MPB e diz que Cheiro de Amor foi marcante: "É algo que até hoje me sustenta"

Cantora vê a crise do axé com otimismo e reforça poder cultural do movimento

Pop|Do R7

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"Vai sacudir/ Vai abalar/ Quando o meu amor passar/ Explode coração/ É muita emoção no ar...". Os versos da banda Cheiro de Amor embalaram muitos Carnavais nos anos de 1990, numa das músicas que entraram para a história do movimento que nasceu nas ruas da Bahia e ganhou o Brasil. A voz que difundiu essa história de amor pelo País é de Carla Visi, a cantora que puxou o trio do Cheiro na fase áurea do grupo. Hoje, 15 anos depois de abandonar o posto de vocalista, ela seguiu um caminho distante do axé, mas carrega o ritmo no DNA e não vê a crise atual como a morte do gênero musical. — O axé sempre vai existir, faz parte da cultura baiana, vive nas ruas de Salvador, é um movimento consolidado. É eterno, é o jeito gostoso que faz parte do baiano. Isso é nosso. Hoje em dia, longe dos trios badalados dos circuitos Barra-Ondida e Campo Grande, Carla Visi se dedica à MPB, à cultura musical e demonstra uma inquietação em redescobrir ícones brasileiros como Clara Nunes e Gonzaguinha em novos projetos. Confira a entrevista completa nas próximas fotos! Texto e entrevista: Ana Paula de Freitas, do R7
R7: O que representou para você a passagem pela banda Cheiro de Amor? Carla Visi: Foi muito importante para mim, uma época em que todo mundo me abraçou e é algo que me sustenta até hoje. As pessoas sentem falta dessa fase e me cobram nas ruas por isso. Por outro lado, houve sempre muito trabalho. A gente fazia uma produção belíssima nos shows do Cheiro, no trio. Quinze anos se passaram, eu guardo lembranças muito boas 
R7: Você sente falta dessa fase? Carla Visi: Acho que só tenho a agradecer. Mas eu não sinto falta dessa época, não, só de fazer show no Brasil inteiro. Recentemente, eu lancei um álbum com músicas da Clara Nunes e fiquei muito feliz com esse projeto. Mas é mais difícil sair pelo Brasil. Quando você escolhe a cultura, tem que seguir por outros caminhos que são muito mais tortuosos [risos] 
Desde que deixou a banda Cheiro de Amor, em 2000, Carla Visi se embrenhou por outros caminhos, encontrando no samba e na MPB uma nova zona de conforto. Hoje, aos 44 anos, a cantora se dedica a projetos como o Pura Claridade, álbum no qual canta Clara Nunes
R7: É muito difícil seguir pela MPB? Carla Visi: É um esforço que vale a pena porque pude homenagear duas divas para mim: Clara Nunes e minha mãe, que já faleceu e era apaixonada por ela. O álbum se chama Pura Claridade, um tributo que não foi muito distribuído pelo País. Exige um aporte financeiro grande que não é fácil de bancar, mas a gente vai correndo atrás
R7: O seu coração é da MPB agora? Carla Visi: Quero fazer um disco em homenagem a Gonzaguinha ainda neste ano, estou em fase de pesquisa e tudo mais. Queria montar não só um show, mas uma aula-show para mostrar o significado da poesia de Gonzaguinha, valorizar tudo isso. Ele canta e pede mais para o mais cidadão, a música dele é carregada de uma ironia gostosa. Temos gente muito boa na nossa música e quero trazê-las para o campo de discussão novamente
R7: Nesses 30 anos de história, o que você acha que o axé trouxe de mais importante para a cultura brasileira? Carla Visi: O mais importante é a atmosfera de alegria que o axé transborda. Todas as pessoas e ritmos, a atmosfera de Salvador, sempre trocando experiências com outras culturas. Essa é a parte boa, a interação e troca de cultura entre diferentes pessoas. Surgiram muitos termos pejorativos na época para falar da música, que na verdade é uma música simples que traz alegria, vinda dos blocos afros, com a criatividade e os arranjos marcantes da música afro. Essa é a verdade do axé 
R7: Por que você acha que o axé não está mais no topo como antes? Carla Visi: A questão de estar no topo ou não envolve oscilações de mercado, é outra coisa. Os que gostam sempre vão ouvir. Às vezes, as empresas querem mudar o movimento, a população também tem um acesso maior a outros ritmos e isso modifica o mercado. Hoje tem músicas de oportunidade. Aí você adota e depois joga fora. Isso pode ser modismo. Essas músicas somem, mas outras são eternas, como sucessos da BamdaMel. Tem letras lindas no axé. Falta espaço na mídia. A mídia é assim, vive de modismos. Mas a cultura permanece, é dinâmica, é eterna, é forte
O conhecimento de Carla Visi da mídia é íntimo, afinal, a cantora se formou jornalista depois que deixou a banda Cheiro de Amor. — Fui muito cobrada a cantar porque venho de quatro gerações de cantoras na família. Mas eu sempre resisti, porque via na música um meio muito instável. Mas aí comecei a cantar e consegui me sustentar. Entrei na UFBA para fazer jornalismo em 92, mas me mudei para o Rio e acabei sendo jubilada da faculdade. Acabei voltando depois que saí do Cheiro de Amor
Antes de ficar famosa no Cheiro de Amor, Carla Visi trabalhou como backing vocal no Carnaval de 1988 e ganhou notoriedade em 1990, ao substituir Daniela Mercury na Companhia Clic. A banda com pegada rock e guitarra baiana fez sucesso em Salvador, ajudando a expandir o samba-reggae
R7: Para você, o que a crise da meia-idade representa para o axé? Carla Visi: Não sou pessimista, toda crise é favorável. É bom para a gente buscar novos caminhos, revisitar os antigos, valorizar essas riquezas que são tão baianas
Na foto, Carla Visi, no auge dos 20 anos, aparece ao lado de Dirceu Factum, produtor de um programa local de Salvador
Outra paixão de Carla Visi é o meio-ambiente. Nos anos 80, ela se engajou em projetos e ONGs que visam à preservação do meio ambiente, como a implantação do Parque Canabrava em Salvador 
Cobrada pelos fãs da Cheiro para voltar ao mundo do axé, Carla Visi mata as saudades da percussão no Carnaval e irá se apresentar em Salvador e em Minas Gerais, cantando os sucessos clássicos do movimento. Mesmo imersa na MPB, os afoxés e batuques tipicamente "axezeiros" estão enraizados nela. — Eu levo comigo essa riqueza que a Bahia tem, essa base cultural forte do axé. Está no DNA do baiano

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"Vai sacudir/ Vai abalar/ Quando o meu amor passar/ Explode coração/ É muita emoção no ar...". Os versos da banda Cheiro de Amor embalaram muitos Carnavais nos anos de 1990, numa das músicas que entraram para a história do movimento que nasceu nas ruas da Bahia e ganhou o Brasil. A voz que difundiu essa história de amor pelo País é de Carla Visi, a cantora que puxou o trio do Cheiro na fase áurea do grupo. Hoje, 15 anos depois de abandonar o posto de vocalista, ela seguiu um caminho distante do axé, mas carrega o ritmo no DNA e não vê a crise atual como a morte do gênero musical. — O axé sempre vai existir, faz parte da cultura baiana, vive nas ruas de Salvador, é um movimento consolidado. É eterno, é o jeito gostoso que faz parte do baiano. Isso é nosso. Hoje em dia, longe dos trios badalados dos circuitos Barra-Ondida e Campo Grande, Carla Visi se dedica à MPB, à cultura musical e demonstra uma inquietação em redescobrir ícones brasileiros como Clara Nunes e Gonzaguinha em novos projetos. Confira a entrevista completa nas próximas fotos! Texto e entrevista: Ana Paula de Freitas, do R7
R7: O que representou para você a passagem pela banda Cheiro de Amor? Carla Visi: Foi muito importante para mim, uma época em que todo mundo me abraçou e é algo que me sustenta até hoje. As pessoas sentem falta dessa fase e me cobram nas ruas por isso. Por outro lado, houve sempre muito trabalho. A gente fazia uma produção belíssima nos shows do Cheiro, no trio. Quinze anos se passaram, eu guardo lembranças muito boas 
R7: Você sente falta dessa fase? Carla Visi: Acho que só tenho a agradecer. Mas eu não sinto falta dessa época, não, só de fazer show no Brasil inteiro. Recentemente, eu lancei um álbum com músicas da Clara Nunes e fiquei muito feliz com esse projeto. Mas é mais difícil sair pelo Brasil. Quando você escolhe a cultura, tem que seguir por outros caminhos que são muito mais tortuosos [risos] 
Desde que deixou a banda Cheiro de Amor, em 2000, Carla Visi se embrenhou por outros caminhos, encontrando no samba e na MPB uma nova zona de conforto. Hoje, aos 44 anos, a cantora se dedica a projetos como o Pura Claridade, álbum no qual canta Clara Nunes
R7: É muito difícil seguir pela MPB? Carla Visi: É um esforço que vale a pena porque pude homenagear duas divas para mim: Clara Nunes e minha mãe, que já faleceu e era apaixonada por ela. O álbum se chama Pura Claridade, um tributo que não foi muito distribuído pelo País. Exige um aporte financeiro grande que não é fácil de bancar, mas a gente vai correndo atrás
R7: O seu coração é da MPB agora? Carla Visi: Quero fazer um disco em homenagem a Gonzaguinha ainda neste ano, estou em fase de pesquisa e tudo mais. Queria montar não só um show, mas uma aula-show para mostrar o significado da poesia de Gonzaguinha, valorizar tudo isso. Ele canta e pede mais para o mais cidadão, a música dele é carregada de uma ironia gostosa. Temos gente muito boa na nossa música e quero trazê-las para o campo de discussão novamente
R7: Nesses 30 anos de história, o que você acha que o axé trouxe de mais importante para a cultura brasileira? Carla Visi: O mais importante é a atmosfera de alegria que o axé transborda. Todas as pessoas e ritmos, a atmosfera de Salvador, sempre trocando experiências com outras culturas. Essa é a parte boa, a interação e troca de cultura entre diferentes pessoas. Surgiram muitos termos pejorativos na época para falar da música, que na verdade é uma música simples que traz alegria, vinda dos blocos afros, com a criatividade e os arranjos marcantes da música afro. Essa é a verdade do axé 
R7: Por que você acha que o axé não está mais no topo como antes? Carla Visi: A questão de estar no topo ou não envolve oscilações de mercado, é outra coisa. Os que gostam sempre vão ouvir. Às vezes, as empresas querem mudar o movimento, a população também tem um acesso maior a outros ritmos e isso modifica o mercado. Hoje tem músicas de oportunidade. Aí você adota e depois joga fora. Isso pode ser modismo. Essas músicas somem, mas outras são eternas, como sucessos da BamdaMel. Tem letras lindas no axé. Falta espaço na mídia. A mídia é assim, vive de modismos. Mas a cultura permanece, é dinâmica, é eterna, é forte
O conhecimento de Carla Visi da mídia é íntimo, afinal, a cantora se formou jornalista depois que deixou a banda Cheiro de Amor. — Fui muito cobrada a cantar porque venho de quatro gerações de cantoras na família. Mas eu sempre resisti, porque via na música um meio muito instável. Mas aí comecei a cantar e consegui me sustentar. Entrei na UFBA para fazer jornalismo em 92, mas me mudei para o Rio e acabei sendo jubilada da faculdade. Acabei voltando depois que saí do Cheiro de Amor
Antes de ficar famosa no Cheiro de Amor, Carla Visi trabalhou como backing vocal no Carnaval de 1988 e ganhou notoriedade em 1990, ao substituir Daniela Mercury na Companhia Clic. A banda com pegada rock e guitarra baiana fez sucesso em Salvador, ajudando a expandir o samba-reggae
R7: Para você, o que a crise da meia-idade representa para o axé? Carla Visi: Não sou pessimista, toda crise é favorável. É bom para a gente buscar novos caminhos, revisitar os antigos, valorizar essas riquezas que são tão baianas
Na foto, Carla Visi, no auge dos 20 anos, aparece ao lado de Dirceu Factum, produtor de um programa local de Salvador
Outra paixão de Carla Visi é o meio-ambiente. Nos anos 80, ela se engajou em projetos e ONGs que visam à preservação do meio ambiente, como a implantação do Parque Canabrava em Salvador 
Cobrada pelos fãs da Cheiro para voltar ao mundo do axé, Carla Visi mata as saudades da percussão no Carnaval e irá se apresentar em Salvador e em Minas Gerais, cantando os sucessos clássicos do movimento. Mesmo imersa na MPB, os afoxés e batuques tipicamente "axezeiros" estão enraizados nela. — Eu levo comigo essa riqueza que a Bahia tem, essa base cultural forte do axé. Está no DNA do baiano

"Vai sacudir/ Vai abalar/ Quando o meu amor passar/ Explode coração/ É muita emoção no ar...". Os versos da banda Cheiro de Amor embalaram muitos Carnavais nos anos de 1990, numa das músicas que entraram para a história do movimento que nasceu nas ruas...

"Vai sacudir/ Vai abalar/ Quando o meu amor passar/ Explode coração/ É muita emoção no ar...". Os versos da banda Cheiro de Amor embalaram muitos Carnavais nos anos de 1990, numa das músicas que entraram para a história do movimento que nasceu nas ruas da Bahia e ganhou o Brasil. A voz que difundiu essa história de amor pelo País é de Carla Visi, a cantora que puxou o trio do Cheiro na fase áurea do grupo. Hoje, 15 anos depois de abandonar o posto de vocalista, ela seguiu um caminho distante do axé, mas carrega o ritmo no DNA e não vê a crise atual como a morte do gênero musical. — O axé sempre vai existir, faz parte da cultura baiana, vive nas ruas de Salvador, é um movimento consolidado. É eterno, é o jeito gostoso que faz parte do baiano. Isso é nosso. Hoje em dia, longe dos trios badalados dos circuitos Barra-Ondida e Campo Grande, Carla Visi se dedica à MPB, à cultura musical e demonstra uma inquietação em redescobrir ícones brasileiros como Clara Nunes e Gonzaguinha em novos projetos. Confira a entrevista completa nas próximas fotos! Texto e entrevista: Ana Paula de Freitas, do R7

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