Luxuoso e fiel ao desenho, Cinderela é o conto de fadas que todos estavam precisando

Tenha coragem e seja boa. Esse é o conselho que a mãe de Cinderela dá para a filha minutos antes de morrer. O conto de fadas ganhou versão live action da Disney, que traz um filme cheio de magia para as telonas. Num mundo em que a violência e a intolerância ganham espaço, é realmente uma experiência mágica entrar na sala de cinema e viver Cinderela por 104 minutos. Viver no sentido mais puro do verbo. 

Em Cinderela, o espectador é transportado para uma era de ouro. Do vestido da madrasta ao palácio, tudo resplandece e vibra. A Disney deu vida à aura dos contos de fada e (quase) faz com que você corra atrás da sua própria fada madrinha.

A Cinderela de Lily James é corajosa e boa, a epítome da princesa perfeita — e, como se trata de Disney, a atriz ainda canta! O príncipe de Richard Madden preenche o formulário de genro perfeito e filho cuidadoso, que se divide entre o dilema de se casar por amor ou por conveniência pelo bem do reino.

A versão live action é fiel à animação lançada nos anos 50, mas traz detalhes importantes que ficaram de fora na primeira edição.

Ao contrário do desenho, o filme dirigido por Kenneth Branagh conta a vida de Cinderela desde antes do apelido. Os pais de Ella são apresentados no início, sendo a influência da mãe determinante ao longo do filme, que explora, além do romance, a importância da família. O amor de Ella pelos pais é tocante, tanto que sua vida perde a cor com a morte dos dois.

Compare os atores de Cinderela com os personagens do desenho original

Outra cena exclusiva do filme é o primeiro encontro de Cinderela e Richard, antes do baile. Furiosa com as maldades da madrasta, ela sai em disparada para a floresta a cavalgadas e é “salva” por Richard. Seguindo a tendência das adaptações de contos de fada, Ella não assume o papel de “moça em risco” e se irrita com o príncipe por ele ter assustado seu cavalo. A reação dela intriga Richard, que se passa por um aprendiz para conquistá-la.

Apesar de o filme levar o nome de Cinderela, a personagem-destaque é Lady Tremaine, a temida madrasta ganhou classe na pele de Cate Blanchett. Austera e elegante, ela cativa o espectador com os vestidos esplendorosos e poses dignas de rainha — e em nada lembra a vilã do desenho. O jeito sutil com que transforma Ella em Cinderela mostra os meios ardilosos da madame para se manter superior qualquer que seja a situação.

As irmãs Drisella (Sophie McShera) e Anastásia (Holliday Grainger) são mais cômicas do que vilanescas. O papel das duas é incorporar a inveja e, claro, a burrice. Assim como na animação, as duas vestem roupas iguais com cores diferentes, levando a frivolidade ao extremo.

Com pitadas de humor, o texto de Cinderela é leve e conduz a história de um jeito encantador. Sem falar na estética, que se preocupa com cada detalhe visual do filme, transportando o espectador diretamente para uma terra mágica. E, por falar em mágica, a fada madrinha atrapalhada ganha uma repaginada glamorosa com a atriz Helena Bonham Carter — mas Bibbidi-Bobbidi-Boo continua sendo o feitiço mais poderoso. Ah, e os ratinhos Jaqueline, Bruno e Tata não ficaram de fora do remake.

Peça essencial para a história de Cinderela, o sapatinho de cristal é o protagonista do baile — até por que ele é assinado por ninguém menos que Christian Louboutin.

Em uma hora e 44 minutos, Cinderela conduz o espectador pela história que faz parte do imaginário infantil, mas ganha ares adultos no remake. Ele nos lembra que acreditar — não só em magia — em algo é essencial. Afinal, quem não precisa de um pouco de magia para sobreviver à rotina, não é verdade? Ao sair da sala, você voltará para a sua vida normal, sem fadas madrinhas e ratinhos ajudantes. Então, aproveite cada segundo dessa aventura mágica.