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Saiba o verdadeiro motivo que fez a Mona Lisa se tornar tão popular

História do roubo do quadro em 1911 não passou de jogada de marketing na França, segundo mestre em Cultura da Universidade de São Paulo

Pop|Eugenio Goussinsky, do R7


Mona Lisa ganhou fama a partir da notícia do roubo
Mona Lisa ganhou fama a partir da notícia do roubo

Até o século 20, nos corredores do Museu do Louvre, como dos museus na Europa, só entravam especialistas, autoridades e artistas.

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O local só se tornou aberto ao público nos primeiros anos do século passado. Neste novo contexto, suas galerias, amplas e atapetadas, de onde se avistava os telhados de Paris pelas janelas, passaram a ter um outro diálogo com a cidade.

De lá, surgiu uma nova visão do mundo e da Arte. Foi quando a Mona Lisa, quadro pintado por Leonardo da Vinci, entre 1503 e 1506, ganhou destaque. Um horizonte amplo e infinito, aberto para a contemplação humana, passou a ser oferecido por aquela imagem enigmática. Uma simples pintura a óleo sobre madeira de álamo marcou várias eras, a partir daquela época, véspera da Primeira Guerra Mundial.


Foram dias que se tornaram turbulentos para o museu, contrastando com o sorriso suave da protagonista. Antes considerado mais um dos quadros geniais expostos no local, a partir da notícia do seu roubo, em 21 de agosto de 1911, a pintura se tornou "o quadro."

Mona Lisa roubou a cena. Mas não foi roubada, conforme afirmou, nesta semana, o professor Fábio Maleronka, mestre em Estudos Culturais e doutorando em Sociologia da Cultura pela Universidade de São Paulo, em palestra na Unibes Cultural.


A famosa história do roubo cometido pelo vidraceiro italiano, Vincenzo Peruggia, que havia trabalhado no Louvre e colocado o retrato em vidro, não passou de um jogo de cena, segundo o professor.

"Chegou um momento em que, intencionalmente, se decidiu dar um sumiço na Mona Lisa. Sumiram com ela e falaram que foi roubada: dizia-se, só pode ter sido um italiano, isso ficou muito tempo pelo fato dela ser pequena e por isso ser vista como um tesouro, um bibelô. Quase dois anos depois, quando a Mona Lisa voltou para o seu lugar, todo mundo queria ver, então foi um golpe de marketing", afirmou o professor.


Anos de disputas

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Naqueles anos, a corrida por mercados (por causa da industrialização), a disputa por colônias na África, a perda de territórios em guerras anteriores (como a Alsácia e Lorena, conquistadas pela Alemanha da França), as desconfianças militares e o enfraquecimento de monarquias como o império Otomano e o Austro-Húngaro, exacerbaram ambições territoriais e o nacionalismo dos países.

"O que o Estado francês queria falar com isso? Que a França trata bem todo mundo: 'A Itália está aqui, todo mundo está aqui'. Claro que é um quadro de enorme valor artístico, com o olhar dela, os braços cruzados. Mas se trata de uma estratégia que faz com que uma obra tenha sua trajetória determinada por meio de uma operação", acrescenta Maleronka.

O quadro foi "recuperado" em 10 de dezembro de 2013. A história conhecida é a de a Mona Lisa permaneceu escondida em um apartamento decrépito na rue de l'Hôpital Saint-Louis, no 10º arrondissement. E que só foi descoberta quando o ladrão se traiu, tentando revendê-lo em 1913, sob o nome de Leonardi, a um antiquário florentino, pertencente a Alfredo Geri.

O caso movimentou o país e o mundo das artes. Criminologistas, como Alphonse Bertillon, perderam horas de trabalho, analisando uma impressão digital e a comparando com a de 257 funcionários do Louvre. O diretor do Louvre, Théophile Homolle, renunciou.

O poeta Guillaume Apollinaire, suspeito, chegou a ficar preso alguns dias. O pintor Pablo Picasso foi interrogado. Ambos eram inocentes. Mas, conforme afirma Maleronka, o roubo foi um jogo de cena.

O que não se sabe exatamente é se todas essas repercussões faziam parte da dita jogada de marketing. Entre revelações e mistérios, portanto, está o limite da ambiguidade humana. Tão indecifrável, até hoje, quanto o próprio sorriso da Mona Lisa.

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