Em filme, anti-herói brasileiro luta contra corrupção inspirado em HQs
"O Doutrinador" estreia nos cinemas somente após as eleições. Longa com inspiração nos quadrinhos chama atenção pela ação e fotografia
Refúgio Geek|Do R7
Há tempos um filme nacional não ganha a repercussão do Tropa de Elite. Nesse meio tempo, apenas comédias e dramas que não emplacaram. Arriscar em um filme nacional de ação é um caso raro. A trama não é complexa e se parece muito com a origem de outros heróis que já passaram pelo cinema. O Doutrinador se assemelha muito ao Justiceiro. Mas diverte e empolga como poucos filmes nacionais conseguiram fazer.
Miguel é um policial de um grupo de operações especiais, muito correto e que trabalha em uma operação para combater políticos corruptos. Ele sente que pelo caminho normal da justiça nenhum político ficará realmente preso, mas é uma tragédia pessoal que acende a chama no personagem, ele perde uma pessoa muito importante logo no ínicio do filme. E depois, durante uma manifestação ele coloca uma máscara de gás e briga com policiais militares, sem seguida vai para cima de um governador que sofre com acusações graves. Político, após político, o Doutrinador começa a derrubar a rede de corrupção que atinge o Brasil. Mas ele não trabalha sozinho, conta com a ajuda de uma hacker, a Nina, que consegue ser o alívio cômico do filme com piadas ácidas e muito engraçadas. A dupla funciona muito bem. Mas de novo, é algo parecido com o que acontece com Frank Castle e o Micro nas histórias do Justiceiro.
O Filme acerta nos efeitos especiais e no clima da cidade de São Paulo, iluminada com poucos focos de luz à noite e bastante destaque no personagem em cima dos prédios. A fotografia está muito bonita e chega a lembrar os filmes da DC Comics. As cenas de lutas são empolgantes e o ator Kiko Pissolato consegue ir bem durante a ação, mas faltou treinamento em artes marciais, os chutes são baixos e não passam realismo. Destaque para Tainá Medina, que vai muito bem no papel de Nina. Marília Gabriela, Samuel de Assis e Eduardo Moscovis também vão bem.
A trama como um todo funciona muito bem e o filme consegue prender atenção de quem assiste. A trilha sonora, um rock pesado, combina com o Doutrinador, que sempre veste preto e usa uma máscara. O filme vai para os cinemas apenas no dia 1 de novembro, na semana seguinte as eleições. O Doutrinador retrata o sentimento de muitos brasileiros revoltados com toda a corrupção no país e pode acender uma chama desnecessárias em eleitores que já estão a flor da pele. A decisão da estreia após a eleição é acertada.
O filme conta com direção de Gustavo Bonafé e codireção de Fábio Mendonça, o personagem foi criado nos quadrinhos por Luciano Cunha e Gabriel Wainer, que também participaram do roteiro do longa.
Os quadrinhos do Doutrinador
Para quem tem a curiosidade de conhecer o personagem nos quadrinhos é possível acessar todo o conteúdo no site Social Comics, que funciona como uma Netflix para Hqs.