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A persistência de PMC

Até onde sei|Octavio Tostes

Rubem Penz, cronista, músico e publicitário, me convida a escrever para o blog da Santa Sede, oficina de crônicas que mantém desde 2010 em um bar de Porto Alegre. O tema deste ano é “A persistência do Amor”, inspirado na obra do cronista e poeta mineiro radicado no Rio, Paulo Mendes Campos. Devo contar a influência de PMC em minhas crônicas, ou no gosto pelo gênero, e apontar uma crônica inesquecível. 

Li quase nada de Paulo Mendes Campos. Muito menos que o pouco de Drummond e Rubem Braga. Dele, Paulinho como o chamavam os mais próximos, sabia mais da vida do que da obra. Amigo dos também escritores e mineiros Hélio Pellegrino, Fernando Sabino e Otto Lara Resende, com quem formava um quarteto fraterno e literário autoproclamado “cavaleiros do Apocalipse”. Era casado com Joan, inglesa, e teve dois filhos, Daniel e Gabriela.

Guardei de PMC uma imagem esmaecida. Já não sei se foto ou cena de TV, era um rosto tímido, tenso e no instante do registro, alterado. Frágil. Depois a leitura de sua crônica “Carta de separação à garrafa de uísque” me deixou compadecido. Esta lembrança tornou ainda mais grata a surpresa de reencontrá-lo na antologia “Elenco de Cronistas Modernos”, presente de um amigo que permaneceu trinta anos sem ser lido.

Paulo Mendes Campos está ali em dez crônicas que a gente lê como se o ouvisse. Era um craque em, respeitando as normas da língua escrita, escrever no tom em que se fala. Música. De “Menino da Cidade” (seria o Daniel?) e “Meu Reino por um Pente” (desventuras de um pai em busca dos utensílios perdidos) a “O Homem que Odiava Ilhas” (fantástica) e a antológica “Ser Brotinho”. Louvação da adolescência feminina, que parece ter nascido da observação da filha, lemos ali “úmida camélia” para a moça chegando em casa “ensopada de chuva”. E no vaivém do humor, ideias e da alma das adolescentes, PMC vislumbrou que ser brotinho “é manter o ritmo nas esquinas dissonantes”.


Poeta. Em verso e prosa, como destacam no blog da Santa Sede os escritores Alexandre Brandão e Mariana Ianelli, chamados por Rubem a falar sobre o autor. E também editores, jornalistas e amigos de PMC em depoimentos por ocasião do relançamento de sua obra pela editora Companhia das Letras, iniciado há quatro anos.

Neste passeio sobre Paulo Mendes Campos que você fez a gentileza de acompanhar, o cronista de uma de nossas melhores prosas poéticas, se não foi um dos autores que me influenciou, nos deixa como alguém que será sempre bom ler e contemplar - para aprender a descobrir, escrever e revelar, que é a essência da poesia.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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