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Seja bonzinho com zumbis 

Até onde sei|Carmen Farão

Sem Glamour

Eles também são pessoas. Pense bem: na sociedade monstruosa, são os que mais sofreram os efeitos dos raios gama sobre as margaridas do campo. Digamos que são a base da pirâmide de Karl Marx. Aos pedaços, não descansam nunca (um salve para os jornalistas, publicitários e comunicólogos), não estão mortos, não são vivos, e não foram agraciados com a beleza e sedução da nobreza articulista do Conde Drácula, o melhor exemplo de atração fatal humana, seduz o povo carente (com o que qualquer um poderia fazer, mas tinha que ser um vampiro, vá lá) , promete, bole, bulina e... pá! Pega a vítima de surpresa e sem rubricas pudicas de roteiro, vai direto no pescoço, onde acontece aquilo que depois dos 12 anos não são mais arrepios. Cá entre nós, ainda tenho minhas dúvidas se as noivas do Bela Lugosi viviam tão mal assim naqueles caixões almofadados de seda brilhante, todas produzidas e preparadas. Cabelões pré-Gaga, roupas livres, leves e soltas, confortáveis, femininas. Naquele tempo elas arregalavam os olhos e mostravam os caninos. E daí? Tem muito cachorro que faz isso e a gente adora. E, tadinhas, como todas as mulheres, eram as primeiras a serem abatidas no bom combate à caça do mal feitor. Depois eu falo sobre o que acho da adaga no coração.

Com Glamour

O final dos anos 70 e a partir dos 80 e meio, tentaram igualar a nobreza sedutora dos Vampiros à monstros feios, sujos e malvados com seus efeitos especiais e espetaculares. Mas sempre, antes da transformação, eles eram limpinhos, bonitinhos, dourados e cheirosos. Zumbis? Nunca tiveram essa oportunidade social. Shhhhhh... fale baixo! Possivelmente cotas serão criadas para que a classe zumbística possa ascender dessa situação precária na cadeia hereditária monstruosa. Não quis ser engraçada. Apenas seguindo a lógica vigente no país. Não me diga que algum deputado aí pode não vir com uma lei dessas. Não acredito. Estamos no ponto do tudo é possível, impossível, incrível, factível e factoide.


De Volta ao Nada

Voltemos. Zumbis não têm direito nem à terra que queriam ver dividida. Acéfalos, querem o quê? O que? Cérebros! Isso mesmo. Nos primórdios, Zumbis comiam apenas cérebros. Agora, com a escassez de suprimentos, vai braço, perna, fígado e entranhas responsáveis pelos efeitos mais nojentos que se pode ver numa ficção (isso é tema para outro post, em outro lugar). Zumbis são os destruidores. Não pensam. São a praga de gafanhotos que destrói a plantação dos agricultores japoneses no início do século. Existem(?) para destruir. E não estão nem aí se vão levar tiro, lambada, facada, bucha de canhão. Eles não pensam.


Lobisomens, coitados, são involuntariamente infectados com uma maldição. Têm data certa para se transformar, e homens bonzinhos que são, se trancam, acorrentam, para que a bestialidade existente em cada ser humano (síntese da criação de monstros, na minha modesta. Cada um com sua configuração holística) não suplantem a sua imensa força de vontade humana. E mesmo assim, um levantar de sobrancelha traz àquele meio lobo, meio homem, um arrependimento e vergonha por ter se transformado em monstro. Um pequeno levantar de sobrancelhas que diz: “ah, se eu pudesse, lhe encheria de beijos, não de mordidas...!”

O Retrato de Dorian Gray


Zumbis? Não. Zumbi é bicho ruim mesmo. É acordado depois de desfigurado e sequer sabe onde está. Mas tem fome, atávico. Quer cérebros. Como se comer todos os cérebros do mundo jamais trouxessem um pingo sequer de consciência. Talvez seja isso. Talvez queiram consciência. Talvez Zumbis busquem saber quem são, como os replicantes de Blade Runner. Menos modernos, infinitamente menos bonitos, menos completos, menos tudo. Zumbi é menos. Zumbi é menos zero. Zumbi, como deveriam ser os replicantes do Harrison Ford, foram inventados para obedecer sem qualquer questionamento, pestanejar é proibido. Vá e faça. Zumbi foi criado para ser execrado de todas as formas. Zumbi é alguma coisa como a revelação do Retrato de Dorian Gray.

Zumbi, amigos, existem.

A figuração mais impactante de qualquer filme de terror ou pegadinha de malandros. Só é personagens em grupo. Quanto mais, melhor. Delícia para criação de maquiadores de efeitos especiais, figurinistas e efeitos visuais.

Zumbis existem? Bom, tenho cá minhas dúvidas se a crakcolândia não é a inspiração de “The Walking Dead” e outros filmes do gênero. Praça da Sé aqui em São Paulo, no meio da tarde, renega a definição de que zumbis só saem à noite.

A noite não é mais exclusividade de monstros, de qualquer natureza. Vivos ou mortos. Ficção ou realidade. Tudo acontece a qualquer hora. Que tenhamos sorte!

Não estou defendendo Zumbi nenhum. Só me atentei às inúmeras semelhanças com comportamentos cotidianos de seres que sabem que estão vivos. E vivem como se não. Eu não sou Zumbi. Porque sozinha, não sou personagem. Em grupo, não comeria cérebros. Argh! Mas que inventividade, heim?! Quem traz as lendas tribais e histórias da humanidade para os roteiros de ficção são muito bons. E vêm com ramificações, e novas histórias, humanização dos super heróis invencíveis.

Zumbi, não.

Percebam que até eles, acéfalos, perdidos, podres e aos pedaços, unidos formam uma força quase invencível.

Imaginem se tivessem cérebros?

Creio que a primeira coisa a fazer seria dar um tapa no visual. Não muito forte, porque alguma parte do corpo poderia cair.

Aguardem: Entrevista com o Zumbi.

Economize tempo, já procurei. Está no Wikipedia:

Zumbi ou zombie é uma criatura cujo estereótipo define-se, nos livros e na cultura popular, tipicamente como uma pessoa morta reanimada usualmente de hábitos noturnos, que vive a perambular e a agir de forma estranha e instintiva; um morto-vivo, um ser privado de vontade própria, sem personalidade. Histórias de zumbis têm origem no sistema de crenças espirituais e nos rituais do vodu haitiano: segundo crenças populares, o vodu faz com que uma pessoa morta volte à vida à procura de vingança com aquelas pessoas que lhe teriam feito mal. 

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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