Jimmy Cliff teve relação intensa com o Brasil e seu legado ecoa na história do reggae
Lendário cantor tinha 81 anos e estava internado após sofrer uma convulsão

Jimmy Cliff, um dos grandes precursores do reggae, faleceu aos 81 anos. O anúncio foi realizado pela sua esposa, Latifa, na conta oficial do artista no Instagram nesta segunda-feira (24).
“Seu apoio foi sua força ao longo de toda a carreira. Ele apreciava profundamente cada fã”, escreveu Latifa na rede social, além de agradecer à equipe médica que cuidou de Jimmy Cliff, que faleceu em decorrência de uma convulsão seguida de pneumonia.
Jimmy Cliff nasceu em St. James, quando a Jamaica ainda era uma colônia britânica. Suas primeiras composições surgiram ainda quando criança, mas tudo mudou quando ele completou 14 anos e seu pai o levou para a Kingston.
Lá surgiram seus primeiros sucessos locais: King of Kings, Dearest Beverley, Miss Jamaica e Pride and Passion que podem ser considerados os pontos de partida para a grande escalada que a carreira artística de Jimmy Cliff aguardava, até que em meados de 1960 ele assina com a lendária Island Records, de Chris Blackwell, gravadora situada em Londres com foco no reggae.
Em 1967, Cliff lança seu primeiro disco orientado para o público internacional: Hard Road To Travel, que foi amplamente aclamado pela crítica especializada. Depois vieram duas canções marcantes do artista: Wonderful World, Beautiful People (1969) e Vietnam (1970).
Aliás, Vietnam recebeu elogios de Bob Dylan, que a considerou a melhor canção de protesto que ele já tinha ouvido.
Jimmy Cliff viu movimentos musicais como o rocksteady e o ska dominarem as rádios jamaicanas na década de 1960, através de hits como Miss Jamaica, Hurricane Hatty e One Eyed Jacks, que sob a observação do artista não refletia a essência de seu povo: “A música na época era o ska, que expressava o espírito das pessoas, que estavam animadas. Tipo ‘olha, somos independentes’. Depois daquilo a música ficou mais lenta, o rocksteady. Era assim ‘que independência é essa?. Não somos independentes! Nada melhorou’”, disse em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.
Quando o reggae entrou em definitivo na Jamaica, Cliff realizou a primeira audição de Bob Marley em um estúdio: “Começamos a buscar algo que nos tornasse independentes. Olhamos para a África E aí veio o reggae, uma música entre o rocksteady e o ska. E junto veio o rastafari, o qual é da cultura indígena jamaicana”, completou.
O sucesso de Jimmy Cliff estava em uma crescente, até que em 1976 ele foi convidado para se apresentar na primeira temporada do Saturday Night Live, da NBC.
Em 1985, o roqueiro Bruce Springsteen lançou uma versão ao vivo de Trapped, de Cliff, que era uma canção pouco conhecida do jamaicano. O sucesso foi enorme, ainda mais por ser parte integrante do badalado álbum We Are The World.
A relação de Jimmy Cliff com o Brasil
Sua relação com o Brasil foi intensa: em 1968, Jimmy Cliff gravou o álbum Jimmy Cliff in Brazil, que incluía uma versão de Andança, sucesso na voz da também saudosa Beth Carvalho, intitulada The Lonely Walker. O disco conta com áudio extraído da performance do cantor no Festival Internacional da Canção. Já em 1991, ele se apresentou na segunda edição do festival Rock In Rio.
O cantor deixa clássicos como Many Rivers To Cross, The Harder They Come, I Can See Cleary Now, Rebel In Me e Reggae Night e um legado que sempre norteará os caminhos do reggae.
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