Por projeção ambiciosa, indústria musical terá que se reinventar até 2032
Relatório da MIDiA Research revela projeção de US$ 110 bilhões nos próximos 7 anos, mas modelos de negócios deverão se repensados

Prestes a entrar em uma nova era de expansão, a indústria musical como conhecemos hoje terá que rever seus modelos de negócios.
Segundo o relatório anual da consultoria MIDiA Research, publicado recentemente, o mercado global de música gravada deverá atingir US$ 110,8 bilhões em receita até 2032. Essa projeção representa um salto significativo em relação aos números atuais e reflete uma transformação profunda nas dinâmicas de consumo, distribuição e monetização da música.
Chamado de Recalibration, este relatório observou que a indústria da música está passando por um momento de oscilação.
Isso implica em dois fatores: o streaming, que já entrou em sua maturação, teve uma alta expansão em 2023 mas seu ritmo entrou desaceleração no ano passado e os formatos físicos, que também apresentou queda de receita globalmente.
A MIDiA destaca que o futuro da indústria dependerá de uma recalibração estratégica, com foco em novas fontes de receita e maior diversificação geográfica. A era de crescimento linear e previsível parece ter ficado para trás, dando lugar a um cenário mais complexo e dinâmico, com novos modelos de negócios.
Algo bastante interessante que é observado nesta pesquisa da MIDiA Research é o protagonismo dos mercados não ocidentais, que estão em plena ascensão. Para se ter uma ideia, cerca de 80% do crescimento de assinantes de plataformas de música veio de países fora do eixo tradicional, com destaque para a China, que se tornou o 4º maior mercado de música gravada do mundo.
Essa mudança está impulsionando uma corrida por catálogos e artistas locais, com grandes gravadoras investindo em repertórios do chamado Sul Global. E esse fenômeno não quer dizer apenas sobre dinheiro: está havendo um avanço da conectividade e o uso massivo de smartphones, que facilitam o acesso à música digital.
Com isso, para o alcance da superlativa projeção de US$ 110 bilhões será necessário um novo mercado musical, que não deverá mais focar apenas em receitas tradicionais, como streaming, downloads pagos, vendas de formatos físicos, sincronização e direitos de execução.
Os novos atores na mudança destes modelos de negócio ganharam palco: streaming fora das plataformas tradicionais, como TikTok e Kwai, além da criação de outras redes sociais, direitos expandidos, que vão englobar a participação das gravadoras em shows, merchandising e parcerias de marca, licenciamento audiovisual, com obras musicais sendo utilizadas em documentários, filmes e séries, música de produção para trilhas sonoras e conteúdo comercial e, sim, os artistas e selos independentes, que representam uma fatia importante e crescente do ecossistema da indústria da música.
Ou seja: essa nova abordagem amplia o escopo da indústria e reconhece que o valor da música vai muito além das plataformas de streaming.
O relatório da MIDiA aponta que só a receita dos selos musicais deve alcançar US$ 51,2 bilhões até 2032. Isso mostra que, embora o mercado esteja crescendo, os modelos tradicionais precisam se adaptar para manter relevância e competitividade.
Quanto às gravadoras, que antes dependiam exclusivamente da venda de álbuns e contratos de distribuição, agora precisam atuar como gestoras de marcas, explorando múltiplos canais de monetização e investindo em tecnologia, dados e parcerias estratégicas.
Apesar das projeções otimistas, o relatório alerta para os desafios que acompanham esse crescimento: a desaceleração do streaming, a saturação de alguns mercados e a necessidade de regulamentações mais claras sobre direitos autorais e uso de inteligência artificial são pontos que exigem atenção.
Por outro lado, a expansão da música independente, o fortalecimento de comunidades locais e o uso de plataformas alternativas oferecem oportunidades para inovação e inclusão. A indústria está se tornando mais plural, com espaço para diferentes vozes, estilos e modelos de negócio.
Com esta projeção financeira para os próximos sete anos, o setor se prepara para uma nova fase marcada por diversificação, globalização e reinvenção.
Para artistas, gravadoras e plataformas, o desafio será acompanhar esse ritmo de mudança sem perder a essência que torna a música uma das formas de arte mais universais e emocionantes do planeta.
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