Logo R7.com
RecordPlus
Cine R7

‘Eddington’ mostra o horror da pandemia em faroeste que gera incômodo

Quarto filme da carreira do diretor Ari Aster estreou no Brasil na semana passada

Cine R7|Gabriel Ferreira*

  • Google News
Joaquim Phoenix e Pedro Pascal são rivais em 'Eddington' Divulgação

Responsável por filmes como Hereditário e Midsommar - O Mal não Espera a Noite, o diretor e roteirista Ari Aster, de 39 anos, é um dos grandes nomes do terror no cinema contemporâneo. Em seu quarto filme, Eddington, ele mistura o gênero com faroeste, drama de tons cômicos e thriller com muitos tiros e sangue.

Eddington, que estreou no Brasil na semana passada, se apresenta como um faroeste em 2020, ano de pandemia, em uma cidade pacata no Novo México, nos Estados Unidos. No meio do deserto, a história gira em torno do xerife Joe Cross (Joaquin Phoenix), um conservador imerso em suas paranoias e inseguranças, que se recusa a usar máscara de proteção.


Veja também

O terror, no longa, está exatamente nos traumas que acabamos de viver na pandemia. O roteiro toca sem delicadeza nesta ferida que ainda está aberta no âmago dos espectadores. Parece impossível não se identificar com as situações incômodas exploradas no filme. O público já viveu aquilo; ele conhece uma pessoa que age como os personagens.

Em Eddington, o conflito parece ser do xerife contra o resto da cidade. Joaquin Phoenix, com planos fechados e obcecados por ele, consegue expressar a agonia que Joe Cross sente ao ser constantemente repreendido por estar sem máscara. Parece que o mundo todo enlouqueceu em torno de um vírus que pode nem sequer existir, e ele é o porta-voz da sensatez.


Até que Ted Garcia (Pedro Pascal) é apresentado como prefeito. Um homem sério, sem conflitos internos; uma antítese a Joe Cross. Dessa forma, o filme começa a explorar o atrito entre os dois. Este conflito vai escalonando até o terceiro ato, quando Eddington se transforma em outra coisa.

Aquele drama paranoico e cômico que acontece quase totalmente à luz do dia de repente se torna um thriller noturno sanguinário. O longa então abre espaço para o bangue-bangue que se espera de um filme de faroeste. Joe Cross, que desde o início se mostrava uma bomba prestes a explodir, entra em combustão. As paranoias que construíram o filme até ali se concretizam.


O xerife Joe Cross, que se candidatou a prefeito da cidade de Eddington, utiliza-se de diversas teorias conspiratórias na construção de sua campanha. Entre elas, as acusações de um suposto movimento Antifa que pratica terrorismo.

São estes personagens que surgem fortemente armados e começam a queimar a cidade e matar os residentes enquanto proferem palavras de ordem antirracistas e anticonservadoras.


É neste momento em que a história ganha mais foco. Mesmo assim, as quase três horas de filme parecem não ser suficientes para que Ari Aster consiga tratar de todos os temas que deseja.

O problema nesse grande volume de assuntos talvez seja a intenção. O longa trabalha muito com os excessos de uma sociedade imersa em reproduções imagéticas e vazias do mundo.

As telas, o excesso de informações, as poluições das falas principais por sons secundários e a presença de tantos assuntos inacabados podem ter sido pensados para expressar caos. Mas esses elementos tornam boa parte do filme maçante e confusa.

Eddington cumpre o seu papel de gerar incômodo. E o estímulo destas sensações ruins ao assistir ao filme ganha muita potência pela conjuntura da história. Dessa forma, Eddington não é um filme para ser inteiramente entendido, tampouco sintetizado a lições de moral. É para quem gosta de ficar à deriva nas possibilidades.

*Sob supervisão de Lello Lopes

✅Para saber tudo do mundo dos famosos,siga o canal de entretenimento do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

Últimas


    Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.