Filho descobre novo lado de Mauricio de Sousa ao interpretar pai: ‘Tinha tudo para dar errado’

Um dos nomes mais amados da cultura brasileira, o escritor Mauricio de Sousa agora tem sua história contada no cinema. Dirigido por Pedro Vasconcelos, Mauricio de Sousa: O Filme, que estreou na última quinta-feira (23), faz um retrato afetuoso do criador da Turma da Mônica.

No elenco, o ator Diego Laumar interpreta Mauricio na infância, enquanto o filho do quadrinista, Mauro Sousa, vive o pai na juventude.

Em entrevista ao Portal R7, Pedro Vasconcelos e Mauro Sousa falaram sobre o processo de criação do longa, os bastidores das filmagens e a emoção de revisitar a trajetória de um homem que marcou gerações com seus personagens.

Para Mauro, o desafio de interpretar o cartunista foi encontrar o equilíbrio entre emoção e verdade.

“Desde o começo eu sabia que não era a ideia fazer uma imitação, uma caricatura”, explica. “Meu objetivo era contar essa história com verdade. Eu tive que entrar em contato profundo com o meu pai dentro de mim, com as minhas memórias e o que o meu pai representava para mim. Foi um processo muito louco, mas muito gratificante.”

Contar a história do homem que deu vida a Mônica, Cebolinha, Magali, Cascão e tantos outros personagens queridos foi, para Pedro Vasconcelos, mais do que um desafio, mas uma missão.

“O que me motivou principalmente foi o fato de que o Brasil não conhecia a história do cara que mais contou histórias pra gente”, afirma o diretor. “Quem era esse cara? Como ele criou esses personagens? Quais desafios enfrentou até se tornar o Mauricio de Sousa? Eu queria descobrir mais sobre a história dele, mas principalmente queria que o Brasil soubesse mais sobre ela. É uma lição de vida para todos nós e uma obrigação do cinema brasileiro contar essa história.”

A presença de Mauricio durante a produção foi essencial para garantir autenticidade.

“Ele foi a grande base do roteiro”, revela Pedro. “O Mauricio me deu livros, entrevistas e uma série de materiais sobre a família dele. Mas a memória do Mauricio é muito vibrante sobre todas as passagens da vida dele. A gente conversou muito. Ele ia me contando, eu ia construindo as cenas, mostrava pra ele, depois ele se lembrava de mais alguma coisa. Eu queria que ele fosse o grande mestre por trás da realização desse filme.”

Mauro lembra que o pai acompanhou de perto todas as etapas:

“Eu falava com ele praticamente todos os dias durante as gravações. Ele me contava as histórias da maneira mais maravilhosa do mundo. Era como se fosse o maestro dessa orquestra que era a produção do filme.”

Ao revisitar a trajetória do pai, Mauro descobriu novas dimensões de sua personalidade.

“Eu já sabia que ele era muito otimista, mas fui percebendo foi muito mais persistente e resiliente do que eu imaginava. Os tantos “nãos” que ele recebeu na vida, ele tinha tudo pra seguir outro caminho. Quando eu achava que eu o enxergava já como um ídolo, eu percebi que ele é ainda mais. Coloquei meu pai num patamar ainda acima do que eu já colocava.”

Com estreia cercada de expectativa, o longa promete emocionar públicos de todas as idades.

“Eu espero que as pessoas se sintam acolhidas, naquele lugar gostoso da família, da infância. Quero que sintam uma sensação de abraço de vó, lembrando de uma época tão gostosa da vida, quando estavam absorvidas lendo os gibis”, diz Pedro.

Mauro completa: “Espero que as pessoas saiam da sala de cinema ainda mais admiradas pelo meu pai, com um carinho ainda maior. Ele fez tanto pelos brasileiros, de uma forma tão positiva, que merece esse reconhecimento ainda maior.”

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